Nossas Homilias
Leia aqui as palavras dos padres do Verbo Divino sobre as leituras dominicais
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (Jr 20,7-9)
2ª Leitura (Rm 12, 1-2)
Evangelho (Mt 16, 21-27)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Uma ou outra vez na vida, nós nos sentimos abandonados por Deus, em quem confiamos. Doença, sofrimento, solidão, desemprego, perseguição e morte na família, às vezes, causam em nós sentimento de abandono por parte de Deus. Muitas vezes, queixamos ou murmuramos contra Deus. Na primeira leitura de hoje, encontramos o profeta Jeremias numa situação semelhante. Ele foi preso e julgado por causa da Palavra de Deus. Apesar de ser absolvido das acusações contra si, sente-se abandonado por Deus, que o chamou. Sente-se cansado, sozinho e desanimado. O profeta Jeremias apresenta a sua queixa a Deus e quer desistir da missão porque não aguenta mais o sofrimento e a perseguição. “Tornei-me alvo de irrisão o dia inteiro, todos zombam de mim (…) A Palavra do Senhor tornou-se para mim fonte de vergonha e de chacota o dia inteiro (…) Não quero mais lembrar-me disso nem falar mais em nome dEle”. O profeta Jeremias não quer aceitar a experiência de cruz na própria vida.
No evangelho, encontramos Pedro manifestando a sua dificuldade de aceitar a cruz. Jesus anuncia a sua morte aos seus discípulos. Disse “a seus discípulos que devia ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos mestres da Lei, e que devia ser morto e ressuscitar no terceiro dia.” A reação do Pedro é de não aceitar a cruz. Pedro disse a Jesus: “Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isso nunca te aconteça!” Os discípulos, juntamente com Pedro, esperavam um messias glorioso e poderoso, que libertaria o povo de Israel dos inimigos. O anúncio da morte de Jesus na cruz não era o que eles esperavam. O discípulo a quem Jesus chamou de pedra e sobre qual ia construir a igreja tornou-se pedra de tropeço.
Jesus chamou Pedro de satanás não somente por ele não aceitar a cruz, mas também por ser um obstáculo no caminho de Jesus. O seguimento de Jesus passa pelo caminho da cruz. Vejam os exemplos de Jeremias e Pedro, que, apesar da dificuldade em aceitar a cruz, continuaram na missão. Assim também nós devemos perseverar no seguimento e na missão, confiando em Deus que caminha conosco.
Na sua instrução, Jesus coloca duas condições para aquele que quer segui-Lo: renunciar a si mesmo e tomar a sua cruz. Renunciar a si mesmo significa renunciar ao egoísmo e à autossuficiência, para fazer da vida um dom a Deus e aos outros. O cristão deve fazer da sua vida um dom generoso a Deus e aos irmãos. A cruz é a expressão do amor total, radical, que se dá até à morte. Significa a entrega da própria vida por amor. Tomar a sua cruz não é apenas suportar com paciência as cruzes da vida – dores, doenças, desgraças –, mas também é dar a nossa vida para os mesmos ideais de Jesus. É abraçar a “lógica da cruz.” Jesus dá três razões pelas quais os discípulos devem abraçar a “lógica da cruz”. Primeira: quem doa a vida não a perde, mas a ganha. Quem é capaz de dar a vida a Deus e aos irmãos não fracassou; mas ganhou a vida eterna, a vida verdadeira que Deus oferece a quem vive de acordo com as suas propostas. Segunda: a vida desse mundo é passageira. Não devemos preocupar-nos em preservar a vida a qualquer custo, devemos procurar encontrar, já nesta Terra, a vida definitiva, que passa pelo amor total e pelo dom a Deus e aos outros. Terceira: a recompensa final é a única coisa que nos restará. No encontro final com Deus, receberemos a recompensa pelas opções que fizemos.
Na segunda leitura de hoje Paulo nos exorta, “Não vos conformeis com o mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e de julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, isto é, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito.” Busquemos perseverar no seguimento de Jesus. Não desistamos jamais de tomar a própria cruz. Nas dificuldades, confiemos em Deus, que é fiel a nós. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (Ap 11, 19a; 12,1-6a.10ab)
2ª Leitura (1 Cor 15, 20-27a),
Evangelho (Lc 1, 39-56)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
O mundo é um campo de batalha no qual se encontram as forças da vida e as forças da morte. Percebemos que, muitas vezes, as forças da morte levam vantagem. São pontos que favorecem a morte: o ódio, a solidão, o abandono, as doenças, a violência, as injustiças sociais e econômicas. A morte manifesta-se com todos os seus poderes quando ela dá fim aos nossos dias aqui na terra. Perante a realidade da morte, nós no perguntamos: onde está o Deus da vida? O que faz o Deus que nos criou?
A resposta encontramos na liturgia da Palavra de hoje. A Primeira Leitura de hoje, do Livro do Apocalipse, apresenta-nos três personagens: o dragão, uma mulher indefesa e um menino frágil, o recém-nascido. O dragão, pavoroso, representa todas as forças da morte e, numa batalha, está pronto para devorar o menino frágil. Nessa batalha incomparável, a vitória é da mulher indefesa e do menino recém-nascido. A leitura diz que o menino foi levado para o céu e a mulher para o deserto. O vidente, no Livro do Apocalipse, apresenta o cenário da ressurreição de Jesus e a intervenção salvadora de Deus. A morte de Jesus na cruz não é o fim, pois Ele ressuscita. A mulher indefesa, muitas vezes interpretada como Maria, é o povo de Israel, do qual nasceu Jesus, o Messias.
Nesse sentindo, Maria representa a comunidade, a imagem da Igreja. Jesus venceu a nossa batalha sobre a morte e todas as suas forças. Portanto, a comunidade crê em Cristo, autor da vida, e segue o exemplo de Maria, acolhedora da Palavra de Deus e modelo para todos os discípulos missionários de Jesus. Na Segunda Leitura de hoje, Paulo apresenta-nos o autor da vida: Jesus Cristo, que, progressivamente, vence todos os inimigos da vida. Celebramos, hoje, a dogma da Igreja sobre a Assunção de Maria. Ela é elevada ao céu em corpo e alma. Em Cristo todos nós ressuscitaremos. A morte foi derrotada por Cristo. Na segunda parte do Evangelho, Maria canta as ações salvadoras de Deus em favor dela e do povo. São os sete verbos falam das maravilhas de Deus na história da humanidade. “O Poderoso fez por mim maravilhas e Santo é o seu nome! Seu amor, de geração em geração, chega a todos que o respeitam. Demonstrou o poder de seu braço, dispersou os orgulhosos. Derrubou os poderosos de seus tronos e os humildes exaltou. De bens saciou os famintos despediu, sem nada, os ricos. Acolheu Israel, seu servidor, fiel ao seu amor, como havia prometido aos nossos pais, em favor de Abraão e de seus filhos, para sempre”. (Lc 1:49-56)
Na primeira parte do Evangelho de hoje, Maria vai visitar a sua prima Isabel. Ela não foi sozinha, mas levou Jesus no seu ventre. Esse encontro de Maria com Isabel também é o encontro do Salvador com João Batista, que representa todos os profetas do antigo testamento. A razão da alegria de João Batista é a presença de Jesus, o autor da vida e o messias esperado por todos. A razão da alegria dos cristãos é a presença de Cristo. Devemos sempre levar Jesus conosco e transmitir a todos a alegria de pertencer a Cristo. Ela é chamada bem-aventurada ou feliz porque ela acreditou! Acreditemos na Palavra de Deus e na Sua presença salvadora na nossa vida. Maria, assunta ao céu, interceda por nós e pelas nossas famílias para que, após o término de nossa vida terrena, possamos gozar a vida eterna. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (1 Rs 19, 9a.11-13a)
2ª Leitura (Rm 9, 1-5)
Evangelho (Mt 14, 22-33)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Todos nós cremos em Deus e O conhecemos. Se perguntarmos quem nos falou de Deus primeiro ou de onde O conhecemos, responderemos que nossos pais nos ensinaram. De fato, eles são nossos primeiros catequistas. E, hoje, celebramos o dia de nossos primeiros catequistas, o Dia dos Pais, oportunidade em que também iniciamos a semana nacional da família.
Agradeçamos a Deus pelos nossos pais e pelas nossas famílias. Os nossos pais, assim como nossos antepassados, não conheceram Deus por acaso ou não O inventaram. Deus se revelou a eles. As leituras de hoje têm dois episódios que mostram como Deus se revela. Na Primeira Leitura, Deus se revela a Elias na brisa suave. Cansado e perseguido de morte por Jesabel, Elias foge para o deserto, a caminho do Monte Horeb. Lá, Elias O esperava no vento, no terremoto, no fogo, mas Ele não estava lá. Deus vai ao seu encontro “no sopro suave de uma brisa…” Deus geralmente se manifesta na humildade, na simplicidade, na interioridade. Por isso, é preciso fazer calar o ruído excessivo, moderar a atividade desenfreada, encontrar tempo para consultar o coração, para interrogar a Palavra de Deus, para perceber a sua presença e as suas indicações nos sinais, quase sempre discretos, que Ele deixa na história e em nossa vida. Na igreja, sempre devemos buscar manter o silêncio. Falar somente o necessário!
No Evangelho, Deus se revela na tempestade. Jesus vai ao encontro dos discípulos que enfrentam um mar agitado com vento contrário, “caminhando sobre o mar”. Eles O confundem: “É um fantasma…” E Jesus se identifica: “Coragem, sou eu, não tenham medo”. Na época havia uma crença de que do mar saíam os demônios e a forças do mal. Jesus caminhando sobre o mar e o acalmando Se revela como Filho de Deus. Todos se prostram em adoração diante de Jesus, dizendo: “Verdadeiramente Tu és o Filho de Deus”. E, nas dificuldades ou tempestades, os discípulos sempre podem contar com sua presença. Nós também enfrentamos, muitas vezes, os ventos contrários em nossa vida. Às vezes, desconfiamos, como Pedro, da presença salvadora de Jesus. Confiemos em Deus! Ele sempre está presente para nos socorrer. Tenhamos sempre a humildade de fazer a súplica “Senhor, salva-me” nos momentos difíceis de nossa vida. Deus é fiel e sempre estenderá a Sua mão para nos salvar.
Como indivíduos e comunidade, estamos caminhando à “outra margem”. A caminhada não é um caminho fácil. A barca dos discípulos deve abrir caminho através de um mar de dificuldades por causa da hostilidade dos adversários do Reino e da recusa do mundo em acolher os projetos de Jesus. Os discípulos devem estar conscientes da presença de Jesus. As crises de fé são superadas, quando aceitamos a presença de Deus em nossa vida pessoal e comunitária. Ele continua a garantir: “Coragem! Sou Eu. Não tenhais medo”. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (Dn 7, 9-10.13- 14)
2ª Leitura (2Pd 1,16-19)
Evangelho (Mc 17, 1-9)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Nós cremos em Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. “O acontecimento único e absolutamente singular da Encarnação do Filho de Deus não significa que Jesus Cristo seja em parte Deus e em parte homem, nem que seja o resultado de uma mistura confusa do divino com o humano. Ele fez-Se verdadeiro homem, permanecendo verdadeiro Deus. Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem.” Os discípulos conheciam a natureza humana de Jesus. Enxergavam nEle um messias poderoso que os libertaria da opressão dos romanos. No caminho para Jerusalém, Jesus fez o primeiro anúncio da sua paixão, morte e ressurreição. A ideia de um messias sofredor abalou profundamente a fé dos apóstolos e desmoronou os seus planos de glória e de poder. Para reforçar a fé profundamente abalada dos apóstolos efazê-los compreender a sua paixão e morte anunciadas, Cristo tomou Pedro, Tiago e João, subiu o monte Tabor e “TRANSFIGUROU-SE…” Mostrou-lhes uma antecipação da glória da ressurreição, também predita. Os discípulos também conhecem a natureza divina de Jesus.
Na Transfiguração de Jesus, a proposta de Pedro é de permanecer no monte Tabor, no paraíso, o que revela a vontade de não ir a Jerusalém, de não aceitar a paixão e morte de Jesus. Ele disse: “É bom estar aqui! Vamos fazer três tendas…” Nós também, muitas vezes, queremos ficar só adorando Jesus na capela e na igreja. É preciso acolher a proposta de Deus: “Este é o meu Filho amado, ESCUTAI-O!”. É preciso descer do monte Tabor e fazer o caminho dacruz para chegar à glória. Precisamos sair da igreja e chegar às nossas casas, aos nossos locais de trabalho e à nossa sociedade como cristãos, como testemunhas de Cristo, que é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Na Segunda Leitura de hoje, Pedro dá o seu testemunho sobre a transfiguração de Jesus.
Na Primeira Leitura, temos a visão de Daniel: um ancião, com vestes brancas como a neve, está sentado num trono. Alguém, semelhante a um filho do homem, aparece sobre as nuvens. E o ancião lhe confere poder, honra e realeza. Essa passagem de Daniel costuma ser aplicada ao Messias. O Messias, que é Filho de Deus e Filho do homem, estabelecerá o seu reino, que é diferente dos reinos dos babilônios, assírios e de outros povos que foram reapresentados pelos monstros que saíram do mar, na visão de Daniel, pois o reino e Jesus Cristo é de justiça e de paz.
A Transfiguração de Jesus também é uma catequese, que revela aos discípulos e a nós quem é Jesus. Ele é o filho amado de Deus. Segundo o evangelista Mateus, é um novo Moisés que dá ao seu povo uma nova Lei e por meio do qual Deus propõe aos homens uma nova aliança. As figuras de Elias e Moisés ressaltam que a lei e as profecias são realizadas plenamente em Jesus.
Nós, como povo da nova aliança, devemos sempre ter a atitude de escuta da Palavra de Deus, subir a montanha para encontrar o verdadeiro Deus e verdadeiro homem e ser testemunha de Cristo em nossa vida. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (Rs 3,5.7-12)
2ª Leitura (Rm 8,28-30)
Evangelho (Mt 13,44-52)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
No evangelho de hoje, Jesus continua o discurso do reino. São as últimas três parábolas das sete que compõem o discurso de Jesus sobre o reino dos céus. Nos últimos dois domingos, ouvimos estas quatro parábolas: a semente e o semeador, o joio e o trigo, a semente de mostarda e o fermento na farinha.
Neste domingo, ouvimos as outras três. Na primeira parte do evangelho deste domingo, Jesus compara o reino de Deus a um tesouro escondido, que um homem encontra por acaso e vende todos os seus bens e o compra. Jesus compara o reino de Deus também a um homem que procura pérolas. Quando encontra uma de grande valor, vende tudo o que possui e compra a pérola preciosa. São dois homens: um não faz esforço algum para achar o tesouro, mas o outro se empenha para achar a pérola valiosa. O reino de Deus é algo muito valioso. É um dom de Deus. A fé, os sacramentos, a Palavra são sinais da presença do reino de Deus. Apesar de o termos recebido gratuitamente, devemos nos empenhar para encontrá-lo e nosso dia a dia. O amor, a justiça e a paz são os valores do reino. Colocar Deus em primeiro lugar em nossa vida, ou seja, buscar promover o amor, a justiça e a paz nos aproxima do reino. Por exemplo, o que escolhemos entre um jogo de futebol e a missa no mesmo horário? O que fazemos quando o vizinho nos visita ou pede socorro na hora da novela a que assistimos? Vejam o exemplo do rei Salomão na primeira leitura de hoje. Ele escolheu a sabedoria para governar o povo com justiça e não longos anos de vida, riqueza ou prestígio político.
As perguntas que fazemos muitas vezes são: se o reino de Deus é tão precioso, por que muitos não o escolhem? Por que existem pessoas que praticam o mal junto com as que praticam o bem? Será que, no final, todos teremos a mesma sorte? Jesus nos responde comparando o reino de Deus a uma rede lançada ao mar que recebe todo tipo de peixe. Vejam como Deus é paciente! Ele acolhe todos: os bons e os maus. Todos terão a oportunidade de se converterem. Só no final haverá o julgamento em que os justos brilharão como sol.
Os dois homens das duas parábolas do evangelho de hoje tiveram três atitudes que todos nós devemos também ter. A primeira é a renúncia. Todo aquele que encontra o reino de Deus renuncia todas as outras coisas. A segunda é a urgência. As coisas de Deus não podem ser deixadas para amanhã ou para ano que vem. É agora, hoje! E a terceira atitude é a alegria. Todos nós que encontramos o reino de Deus nos sacramentos, na Palavra e na comunidade devemos transmitir a alegria de pertencer ao reino. Como Salomão, peçamos a Deus sabedoria para sabermos escolher sempre o verdadeiro tesouro e entusiasmo para permanecermos sempre no seu reino com a prática do amor, da justiça e da paz. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (Sb 12,13.16-19)
2ª Leitura (Rm 8,26-27)
Evangelho (Mt 13,24-43)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Na homilia do domingo passado, eu lhes falava dos três discursos de Jesus que encontramos no evangelho de Mateus: o discurso ou sermão da montanha, o discurso missionário e o discurso do reino. Eu lhes disse também que o discurso do reino é um conjunto de sete parábolas de Jesus. No domingo passado, ouvimos uma delas, a parábola da semente e do semeador. Hoje acabamos de ouvir mais três parábolas do reino: a parábola do joio e do trigo, a parábola da semente de mostarda e a parábola do fermento na farinha.
A parábola do joio e do trigo nos mostra a paciência de Deus com aqueles que praticam o mal e nos faz conscientes da nossa impaciência com os nossos irmãos que praticam o mal. Geralmente dividimos as pessoas em dois grupos: bons e maus ou amigos e inimigos. Vemos que o bem e o mal caminham juntos. Às vezes, não compreendemos por que os maus prosperam e os bons não. O povo judeu, espalhado em várias regiões e em pequenos grupos, também faz essas perguntas ao perceber a prosperidade dos pagãos e o próprio sofrimento, apesar de ser um povo escolhido. Queria que Deus fizesse também coisas maravilhosas, como fez no passado. Assim também nós queremos sempre que Deus elimine o mal.
O autor do livro da sabedoria responde que Deus é indulgente e misericordioso para com os homens, mesmo quando eles praticam o mal. Vejam o que acontece na parábola do joio e do trigo. Os homens são impacientes. Querem logo eliminar o joio. “Senhor, queres que arranquemos o joio?” E a resposta do dono destaca a paciência de Deus com os que praticam o mal. Ele disse: “Deixai crescer junto até a colheita”. Deus não deseja a morte dos pecadores. Ele veio para salvar todos de todo mal e não para condenar. Vocês estão lembrados do bom ladrão? Não devemos nunca tirar a oportunidade de mudança de vida ou de conversão dos que praticam o mal.
Qual é a nossa missão diante do mal? Somos chamados a ser pacientes e misericordiosos como Deus Pai o é. Devemos ser a semente de mostarda. Apesar de serem poucos e pequenos, os nossos exemplos de fazer o bem podem transformar a sociedade. Devemos ser o fermento na sociedade que sofre de tanta violência. O joio e o trigo existem em toda parte. Sejamos conscientes do joio e do trigo em nossos corações e em nossa comunidade.
Busquemos ser pacientes e misericordiosos com as pessoas que praticam o mal. Quando nos depararmos com situações de violência e de guerra, abramos o nosso coração para a ação do Espirito Santo. Ele nos guie em nossas orações. Rezemos sempre pela conversão dos pecadores. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (Is 55, 10-11),
2ª Leitura (Rm 8, 18-23),
Evangelho (Mt 13, 1-23)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
No evangelho de Mateus, nós encontramos três sermões de Jesus: sermão da montanha, sermão missionário e sermão do reino. O sermão do reino é um conjunto de sete parábolas de Jesus. Hoje nós ouvimos uma delas, a parábola da semente e do semeador. Jesus conta essa parábola para ensinar sobre a importância da Palavra de Deus na vida dos seus discípulos. O semeador saiu para semear e a semente caiu em quatro tipo de terrenos. Uma parte caiu no caminho: os pássaros vieram e as comeram. Outra parte caiu em terreno pedregoso: brotou e logo secou. Outra parte caiu no meio dos espinhos: os espinhos cresceram e a sufocaram. Outra parte caiu em terra boa: produziu 30, 60 e 100 frutos por semente.
Jesus é o semeador e a sua Palavra é a semente. Nas multidões que seguiam Jesus, havia quatro tipo de pessoas: gente que não acreditava; gente que, embora simpatizasse com Jesus, logo desistia de segui-Lo; gente que via a mensagem de Jesus como ameaça: devia mudar de vida, afastar-se do poder, largar as riquezas e, por isso, hostilizava e tramava a morte do próprio Jesus; e gente que acreditava, mas tinha dúvidas. Assim, no fim estavam ficando com ele só alguns discípulos, mas até estes tinham as suas dúvidas. Será que a Palavra de Jesus estava se tornando ineficaz, sem força? Jesus responde com a parábola: apesar dos obstáculos, a semente não perde a sua força. Deus lança a semente em todas as direções, não a recusa nem aos pecadores endurecidos, nem às pessoas superficiais, nem às pessoas imersas nas preocupações do mundo. O homem pode fechar-se à Palavra de Deus, rejeitá-la, mas sempre haverá terrenos que produzirão fruto, uns mais, outros menos.
Diante da Palavra de Deus, havia quatro tipos de ouvintes naquele tempo, assim como continuam existindo hoje. Há aqueles que têm um coração duro como a terra pisada de uma estrada: não permitem que a semente da Palavra de Deus penetre em seu coração. Há aqueles que têm um coração inconstante, que se entusiasmam com facilidade, mas depois desanimam rapidamente diante das primeiras dificuldades. A Palavra de Jesus não pode criar aí raízes profundas. Há os que têm um coração materialista, que dão prioridade à riqueza e aos bens deste mundo. Essas preocupações são como espinheiros que sufocam a semente da Palavra. Às vezes até sufocam os corações dos outros que acolhem a Palavra. Há também os que têm um coração aberto e disponível. Neles, a Palavra de Jesus é acolhida e dá muito fruto. Somos nós a terra boa, que estamos aqui, e todos aqueles que permanecem em Cristo e na Sua Igreja. Produzimos frutos do Reino de Deus às vezes mais, outra vezes menos. Após meditar na parábola da semente e do semeador, devemos fazer três perguntas a nós mesmos: a primeira: que tipo de terreno somos nós? Busquemos ser sempre terra boa, que acolhe a Palavra e produz frutos; a segunda: que tipo de semeadores somos nós? A Palavra de Deus é a semente que devemos semear nos corações das pessoas sem fazer nenhuma distinção; a terceira: vale a pena semear? Na 1ª leitura, o profeta compara a Palavra de Deus à chuva e à neve que descem do céu para fecundar a terra. E ainda completa dizendo que a Palavra “Não voltará, sem ter cumprido a sua missão”. Assim será também a Palavra de Deus, que, uma vez semeada, sempre produzirá fruto. Somos a terra boa e somos chamados também a ser semeadores da Palavra. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (Zc 9,9-10),
2ª Leitura (Rm 8,9.11-13),
Evangelho (Mt 11,25-30)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
No antigo testamento, vários profetas falavam da vinda de um rei da casa de Davi, para libertar o povo de Israel das mãos dos opressores. Todos esperavam um rei poderoso, com seu exército, e glorioso, com muita riqueza. Aguardavam a sua entrada triunfal. Mas, o profeta Zacarias, na primeira leitura de hoje, fala da vinda do Messias como um rei diferente daquele que o povo esperava. Segundo o profeta, será um rei justo e humilde. A sua entrada será humilde e pacífica. Ele vem montando num jumento, trazendo a paz e a esperança a todas as nações. Esta profecia faz lembrar a entrada de Jesus em Jerusalém. O povo esperava um messias glorioso, mas Jesus veio sem luxo e sem a presença de um exército poderoso, montando um jumentinho e levando a paz a todos.
Quando o mundo busca o caminho do poder e da riqueza para mostrar a sua grandeza, o nosso Deus escolhe o caminho da humildade, a pobreza e a simplicidade. Ele chama as pessoas simples, para realizar o seu plano de salvação. Vejam, Deus escolhe Maria, uma humilde serva, como mãe de Jesus e José, um carpinteiro, como esposo de Maria. O filho de Deus nasce numa manjedoura, numa cidadezinha da periferia de Jerusalém. Jesus escolhe pessoas simples para serem seus discípulos: pescadores, cobradores de impostos, entre outros. No evangelho de hoje, Ele agradece ao Pai por ter revelado os mistérios do Reino aos pequeninos, que são os seus discípulos. “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos.” Os “sábios” e “entendidos” são os mestres da lei e os religiosos que conheciam os mandamentos da Lei de Deus. Eles não perceberam a presença do Reino de Deus e não acolheram a sua mensagem. Os pequenos, os pobres, os humildes, os marginalizados acolheram com entusiasmo a sua Palavra e o seu Reino. Deus revela o seu amor aos pequenos e humildes. Sejamos humildes e simples para acolher os mistérios do Reino de Deus.
Jesus faz um convite a todos nós, que estamos cansados e fatigados sob o peso dos nossos fardos. Na época de Jesus, muitos carregavam o peso da lei. Havia 613 mandamentos para cumprir. Os mestres da lei e os fariseus exigiam dos outros o pleno cumprimento da lei. Muitas vezes a lei tornava-se um peso difícil de carregar. Jesus oferece a todos o seu jugo, o seu mandamento de amor: “Amar a Deus sobre todas as coisas e amar o próximo como a si mesmo”. O seu jugo é suave e seu fardo é leve. Temos a certeza de que nEle encontraremos o descanso e a paz. Jesus é manso e humilde de coração. Somos chamados a aprender dele a mansidão e a humildade. Rezemos sempre a oração: “Jesus, manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao vosso”. Rezemos para que o coração de Jesus viva nos corações de todos. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 12, 1-11)
2ª Leitura (2 Tm 4, 6-8.17-18)
Evangelho (Mt 16, 13-19)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
A nossa Igreja é una, santa, católica, apostólica e romana. Apostólica porque recebemos a fé dos apóstolos. E hoje celebramos a festa solene destes dois apóstolos: São Pedro e São Paulo, que tiveram presença marcante na Igreja primitiva. Pedro foi escolhido por Jesus para conduzir a Igreja. Foi o primeiro Papa. Paulo foi o primeiro missionário a levar o Evangelho para outras nações e povos.
Pedro foi um pescador que trabalhava com seu pai, Jonas, e com seu irmão André. Começou a seguir Jesus logo que Ele o chamou. Chamava-se Simão, mas Jesus mudou seu nome para Pedro, a pedra sobre qual foi construída a Igreja de Cristo. “Pedro, és a Rocha (pedra) sobre a qual edificarei a minha Igreja”. A pedra é a fé de Simão Pedro e a fé dos apóstolos. Sobre a fé dos apóstolos é que Jesus edificou a sua Igreja e é esta fé que professamos até hoje. No evangelho de hoje, ouvimos que Jesus entregou as chaves do Reino dos céus. As chaves simbolizam a autoridade e o poder para governar, conduzir e servir a Igreja. Pedro e todos os 266 papas até agora são a voz do Bom Pastor, são a presença do próprio Cristo na Terra. Por meio dos pastores, o próprio Cristo governa e conduz a Igreja.
Hoje é o dia do Papa. Rezemos pelo nosso Papa Francisco, que Deus lhe dê a sabedoria e a força para conduzir a nossa Igreja. Na primeira leitura de hoje, Pedro está preso pelo seu testemunho, e a atitude da Igreja é de solidariedade e unidade. A comunidade reza por Pedro. E a presença de Deus, através do anjo, liberta Pedro da morte. Mais adiante, Pedro encontra-se em situação similar em Roma. É perseguido e crucificado. A tradição no diz que ele pediu para ser crucificado de cabeça para baixo por reverência ao seu Mestre! Esse é o mesmo homem que Jesus chamou de “pedra de tropeço” e que O negou três vezes! Com a presença do Ressuscitado, o discípulo de Jesus supera todas as suas fragilidades.
Paulo era um perseguidor dos cristãos e se chamava Saulo. Ele liderava a perseguição aos cristãos. Esteve presente no apedrejamento de Estevão. Encontrou o Ressuscitado no caminho a Damasco e se converte. Tornou-se Paulo e começou a pregar o evangelho para todo o mundo. Fez viagens longas e fundou comunidades cristãs em terras distantes. Sofreu perseguição e foi preso em Roma. Escreveu da prisão as belas epístolas que hoje temos na Bíblia. Também sofreu o martírio. Foi degolado. Antes de morrer, ele nos deixou um belo testamento da sua vida: “Estou pronto… chegou a minha hora… combati o bom combate… terminei a corrida… conservei a fé… E agora aguardo o prêmio dos justos. O Senhor esteve comigo… a ele glória”.
Qual será o meu e o seu testamento quando terminarmos a nossa vida terrena? Quem é Jesus para mim? Para Pedro, Jesus é o Messias, Filho de Deus vivo. A minha resposta deve ser da minha experiência pessoal com Jesus. Pedro e Paulo tiveram um encontro pessoal com Jesus e isso resultou em mudança de nomes e de vida. Um se tornou o primeiro Papa da Igreja católica e o outro o maior pregador do Evangelho. O meu encontro com Jesus na mesa da Palavra e da Eucaristia deve refletir na minha vida com mudanças de atitudes em favor do Evangelho. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (Jr 20,10-13)
2ª Leitura (Rm 5,12-15)
Evangelho (Mt 10, 26-33)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Somos todos corajosos e caminhamos sempre, apesar das muitas dificuldades que temos na vida, como os nossos medos, com os quais convivemos diariamente. Medo das enfermidades, medo da violência, medo dos conflitos ou das guerra, medo do desemprego, medo de perder alguém que nos ama, medo da morte, etc.
No evangelho de hoje, Jesus orienta os seus discípulos a vencerem os seus medos. Lembremo-nos da liturgia da Palavra do domingo passado, na qual Jesus chamou os doze e os enviou para a missão. Nesse contexto do chamado e do envio, os discípulos de Jesus manifestam três tipos de medo: o medo do fracasso, o medo pela sobrevivência e o medo da morte. Jesus disse-lhes três vezes: “Não tenhais medo” e garante que, apesar das provocações e dificuldades, a Sua mensagem se difundirá e transformará o mundo.
O que é decisivo na vida do discípulo não é a morte física, mas sim perder a vida definitiva. Ele convida Seus discípulos a terem confiança na providência de Deus e ilustra Seu amor e solicitude com duas imagens: os pássaros de que Deus cuida e os cabelos cujo número só Ele conhece. A mensagem é clara para nós, seguidores de Jesus. Deus cuida daqueles que Ele chama para a Sua missão. Nós valemos mais do que os pardais e Ele diz que nada lhes acontece sem o Seu consentimento. Ele nos conhece pelo nome. Conhece cada passo que damos na vida. Ele nos protege de todos os perigos, por isso nunca devemos ter medo, e de nada.
Muitas vezes o medo torna-se obstáculo no caminho de evangelizar. O medo e, às vezes, a vergonha impedem muitos cristãos de serem testemunhas de Cristo. Temos de ser destemidos para anunciar o evangelho. Nesse sentido, foi muito significativa uma foto, postada na internet, de um jogador brasileiro levantando a taça de um campeonato europeu e estampando, na faixa que prendia seus cabelos, a frase “100% JESUS”. Ainda, na parte inferior da foto, havia escrito o seguinte versículo do evangelho de hoje: “Todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus” (M t10,32). Reflitamos: quantas vezes deixamos de testemunhar Jesus por medo ou até por vergonha, quando nossos irmãos, em outros lugares do mundo, são perseguidos e mortos!
Na primeira leitura de hoje, temos o exemplo do Jeremias perseguido e preso por ser profeta de Deus. Sente-se abandonado por todos, até por seus familiares e amigos, mas não perde a confiança em Deus. “O Senhor está ao meu lado, como forte guerreiro” (Jr 20,11). Ele sabe que Deus nunca abandona aqueles que procuram testemunhar, no mundo, as suas propostas com coragem e verdade.
Sejamos corajosos e vençamos os nossos medos. Não sejamos medrosos quando se trata de anunciar o evangelho. Nunca tenhamos vergonha de sermos cristãos católicos. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (Êx 19,2-6ª)
2ª Leitura (Rm 5,6-11)
Evangelho (Mt 9,36-10,8)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Na liturgia da Palavra deste domingo, nós encontramos um Deus que chama e envia. Ele quer partilhar a sua missão conosco. A vontade de Deus é que nós participemos ativamente no trabalho do seu Reino. “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi pois ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!”
Na primeira leitura, Deus chama o povo de Israel para ser uma porção escolhida, um povo da aliança, um reino dos sacerdotes e uma nação santa. O chamado é para ser sinal da presença de Deus e de seu Reino no meio dos outros povos. No evangelho, Jesus chama os doze discípulos para serem apóstolos. O chamado é individual e comunitário. Jesus os chama pelo nome para serem mensageiros do seu Reino. Os doze apóstolos representam as doze tribos do povo de Israel. Nesse sentido, representam toda a Igreja. Jesus chama a Igreja para ser discípula e missionária, um sinal da sua presença entre as nações.
A palavra “discípulo” significa “aquele que aprende”. Os discípulos de Jesus são aqueles que aprenderam dele, especialmente, duas atitudes essenciais: a compaixão e a gratuidade, que são as únicas condições para serem apóstolos. Jesus compadeceu-se vendo as pessoas cansadas e abatidas. A morte de Jesus na cruz é a prova do amor gratuito de Deus por nós. Jesus disse aos doze: “…de graça recebestes e de garça deveis dar”.
A palavra “apóstolo” significa enviado ou mensageiro. Jesus chama os doze discípulos para serem mensageiros do Reino de Deus. A mensagem é sempre o Reino de Deus. Os destinatários da mensagem são as ovelhas perdidas da casa de Israel. “Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel! Em vosso caminho, anunciai: ‘O Reino dos Céus está próximo’.” A mensagem primeiramente é para aqueles que estão em nossas proximidades. São os nossos vizinhos, os colegas de nosso trabalho, os membros da nossa própria família e da nossa comunidade.
Eis o desafio da “nova evangelização”, que começará, antes de tudo, no interior da Igreja e de cada um dos cristãos. Evangelizar, em primeiro lugar, a nossa própria família, a nossa pastoral, ministério ou movimento e a nossa Igreja.
A segunda leitura nos anima em nossa missão de sermos Igreja discípula e missionária, em primeiro lugar, em nosso interior. “Pois bem, a prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores.”
Sabemos que Jesus caminha conosco sempre. Sejamos compassivos e gratuitos em nosso trabalho de anunciar o Reino de Deus e ser sinal da presença de Deus no mundo. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (Ex 34,4b-6;8-9)
2ª Leitura (2Cor 13,11-13)
Evangelho (Jo 3,16-18)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Hoje celebramos a solenidade da Santíssima Trindade. O mistério de um só Deus que se revela em três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. É a festa do nosso Deus Uno e Trino. A pergunta que faço a vocês é: quem é que nos falou que nosso Deus é trinitário? De onde e como nós sabemos que o Deus em que nós cremos é um Deus família? O próprio Jesus nos revela a vida íntima de Deus. O antigo testamento desconhecia a Trindade. O Deus do antigo testamento é um único Senhor. No novo testamento, nós encontramos a presença do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Jesus nos fala do seu Pai, de si mesmo como Filho e do Espírito Santo, o defensor que procede do Pai e do Filho. No envio dos apóstolos à missão, Jesus disse: “… ide e fazei com que todos os povos da Terra se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28:19).
A liturgia da festa de hoje não é um convite para decifrarmos o “Mistério” que se esconde por detrás de “um Deus em três pessoas”, mas uma oportunidade para mergulharmos no mistério de amor. A vida da Santíssima Trindade é vida de amor. Deus é amor e se revelou ao mundo e a nós por amor. Esse mistério é tão sublime que nunca poderemos compreendê-lo em plenitude, mas podemos e devemos crescer no seu conhecimento.
As leituras de hoje nos ajudam a compreender melhor o mistério da Santíssima Trindade. Na 1ª leitura, Deus se revela a Moisés como o Deus do amor e da misericórdia, o Deus próximo que vem ao encontro do homem. Deus é fiel, apesar da infidelidade de Israel. A 2a Leitura mostra que Deus é um Deus próximo, permanece sempre “conosco” e é para conosco graça, paz e comunhão. Paulo saúda os primeiros cristãos com uma fórmula trinitária, que repetimos ainda hoje no início das missas: “A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco”.
Para compreendermos melhor o mistério da Santissima Trindade, atribuímos a cada pessoa das três pessoas uma função. O PAI é o criador, aquele que nos criou e tomou a iniciativa de nos salvar, destinando-nos uma felicidade eterna na sua família. O FILHO é o redentor, aquele que realizou a obra de salvação com a sua vinda ao mundo e a sua fidelidade até a morte. O ESPÍRITO SANTO, o Amor que une o Pai com o Filho, é o santificador. É aquele que foi infundido no coração de todos os cristãos no Batismo e que nos capacita a crer e testemunhar. Atribuímos funções diferentes às três pessoas da Santíssima Trindade, mas sabemos que é um único Deus e cremos na sua unicidade.
Deus Uno e Trino, apesar da sua grandeza, escolheu habitar em nós para nos salvar. “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16).
Ter esse tesouro precioso, a Santíssima Trindade, dentro de nós é uma dignidade que deve provocar em nós três atitudes: adoração, amor e imitação. Como cristãos, adorar sempre o Deus Uno e Trino. Por exemplo, não ter vergonha de fazer sinal da cruz quando passamos em frente de uma igreja. Como cristãos, viver o mandamento do amor. Viver do amor, com amor e para amar. E, como cristãos, que cremos em Deus família, Deus comunidade, devemos imitar a Santíssima Trindade, vivendo o diálogo e a fraternidade e valorizando a vida em família e comunidade. A festa de hoje nos ajude viver as três atitudes: adoração, amor e imitação.
Sejamos reflexos da Santíssima Trindade, sinais de comunhão e partilha. Renovemos a nossa fé em Deus Uno e Trino. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 2,1-11)
2ª Leitura (1 Cor 12,3b-7.12- 13)
Evangelho (Jo 20,19-23)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje a solenidade de Pentecostes. É a festa da descida do Espírito Santo sobre os apóstolos. Quem é o Espírito Santo? Nós aprendemos na catequese que é a terceira pessoa da Santíssima Trindade. Nós cremos no Espírito Santo que procede do Pai e do Filho, com o Pai e o Filho é adorado e glorificado. O Deus em que nós acreditamos é o Deus Uno e Trino. Celebraremos este mistério da Santíssima Trindade no próximo domingo. A liturgia de hoje nos apresenta duas perspectivas diferentes do único mistério de Pentecostes. Na perspectiva do evangelista João, a descida do Espírito Santo sobre os discípulos acontece no mesmo dia da Páscoa. E, na perspectiva do evangelista Lucas, a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos acontece depois de 50 dias da Páscoa. É o mesmo mistério em diferentes perspectivas de apresentação.
No Evangelho, João situa a recepção do Espírito Santo na Galileia, ao anoitecer do dia da Páscoa. Ele disse-lhes três vezes: “A paz esteja convosco”. Jesus transmite aos discípulos que estavam com medo dos Judeus a serenidade, a segurança e a paz. Disse-lhes também: “Como o Pai me enviou assim também eu vos envio”. É o término da sua missão terrena de Jesus e o início da missão da Igreja. Na sua missão, a Igreja não estará sem a presença de Jesus. Os discípulos recebem o Espírito Santo. Jesus soprou sobre eles e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo”. O sopro de Jesus é o sopro da vida. No livro do Gênesis, Deus cria Adão e Eva do barro e sopra sobre eles. O ar é invisível, mas tem o poder de mover as coisas. O Espírito Santo é invisível, mas é real. Ele está presente na vida dos discípulos e da Igreja. Como cantamos na sequência, Ele tem o poder de dobrar o que é duro e aquecer o que é frio. Ele renova a face da Terra e move a Igreja em sua missão.
Na 1ª leitura, Lucas descreve a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos como um fato solene, acontecido em Jerusalém, na festa do Pentecostes. Era uma festa judaica muito antiga, celebrada 50 dias depois da Páscoa. Inicialmente era uma festa agrícola, mas depois passou a celebrar a chegada do povo de Israel ao Sinai, onde recebeu a Lei de Deus. Então, tornou-se a festa da Lei, da Aliança. Agora, Lucas quer afirmar que, no dia da festa da entrega da Lei a Moisés, recebemos a nova Lei de Cristo: o Espírito Santo.
Nós todos recebemos o Espírito Santo no Batismo e na Crisma. É o nosso Pentecostes! O Espírito Santo vem nos dar todos os seus sete dons: sabedoria, conselho, entendimento, ciência, fortaleza, temor de Deus e piedade. Pela ação do Espírito Santo, quando os acolhemos em nossos corações e em nossas vidas, produzimos os frutos do Espírito Santo, como está na Epístola aos Gálatas: “O fruto do espírito é a caridade, a alegria, a paz, a paciência, a longanimidade, a bondade, a benignidade, a mansidão, a fidelidade, a modéstia, a continência, a castidade” (Gl 5, 22-23). Sejamos a Igreja, o corpo de Cristo, que produz os frutos do Espírito Santo. Deixemos-nos mover pelo Espírito Santo. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 1, 1-11)
2ª Leitura (Ef 1, 17-23)
Evangelho (Mt 28, 16-20)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Estamos no tempo pascal em que celebramos o mistério da Páscoa do Senhor. É a passagem de Jesus da morte para a vida. Celebramos três solenidades durante o tempo pascal: Ressurreição do Senhor, Ascensão do Senhor e Pentecostes. São três momentos catequéticos de um único mistério de fé: a Páscoa do Senhor. Na Ressurreição, a liturgia destaca a Sua vitória sobre a morte; na Ascensão, a Sua exaltação como Senhor do céu e da terra; e no Pentecostes, a ação do Espírito Santo na Igreja. A morte de Jesus na cruz não é uma derrota, mas, sim, uma vitória. Sim, é o fim da Sua missão terrena, mas o início da missão salvadora da Igreja.
A liturgia da Palavra de hoje nos traz três mensagens. A primeira, a Ascensão de Cristo, reforça a esperança de nossa própria ascensão. A vitória de Jesus sobre a morte é a nossa vitória. Ressuscitaremos após o término da vida terrena. Seremos elevados ao céu por meio de Jesus Cristo. Vejam o que nós rezamos no prefácio da missa de hoje: “Ele ‘subiu’ para dar-nos a esperança de que um dia iremos ao Seu encontro, onde Ele nos precedeu…” Não só a vida eterna, mas também, como cristãos, vivemos a esperança de que amanhã será melhor. Há muitos sinais de morte no mundo em que vivemos: doenças, violência, conflitos, guerras, injustiça, pobreza, corrupção, imoralidade e crise política e econômica, mas não podemos perder a esperança. Jesus venceu para nós todas as forças de morte. Venceremos também nós.
A segunda mensagem é que a Ascensão do Senhor nos lembra de que somos enviados de Cristo para continuar e completar a sua obra. Não podemos ficar parados, olhando para o céu. Devemos ser discípulos e missionários no Reino de Deus. Não basta rezarmos, adorarmos o Santíssimo e participarmos das missas aos domingos. É preciso sermos missionários com o testemunho de vida. Sermos um povo alegre que vive a esperança em Cristo e a transmite aos outros. A nossa oração deve ser acompanhada sempre de ações e gestos concretos de fé, esperança e caridade.
E a terceira mensagem é que o trabalho missionário não dependerá apenas de nossas forças. Cristo nos garante a Sua presença: “Estarei convosco todos os dias, até ao fim dos tempos”. Jesus envia os apóstolos a Jerusalém para aguardar o Espírito Santo. Também, Cristo já tinha afirmado: “Sem mim nada podeis fazer.” Por isso, a Igreja não começa com a ação, mas com a oração. Jesus é a cabeça e nós somos o corpo, diz a segunda leitura de hoje. Busquemos ser discípulos missionários de Jesus que vivem a fé, a esperança e a caridade. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 8,5-8.14- 17)
2ª Leitura (1Pd 3,15-18)
Evangelho (Jo 14,15-21)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje o sexto domingo da Páscoa, e a liturgia da Palavra do dia nos prepara para duas grandes festas: ASCENSÃO e PENTECOSTES. O discurso da despedida de Jesus no evangelho de hoje nos lembra da subida de Jesus ao céu. O pentecostes samaritano, na primeira leitura, e a promessa do Espírito Santo no evangelho nos lembram da descida do Espírito Santo sobre os apóstolos.
No discurso da despedida, Jesus pede aos discípulos para permanecerem sempre unidos a Ele. Conta-lhes a parábola da videira e dos ramos. Ensina-lhes que, para permanecerem nEle, é preciso amar, assim como Ele os amou. Os discípulos estão tristes, com medo da separação, da perseguição e da ausência de Jesus. Estão com medo de caminhar sozinhos. Jesus os anima, declarando que não os deixará órfãos no mundo. Ele vai ao Pai, mas vai encontrar um modo de continuar presente e de acompanhar a caminhada dos seus discípulos. Promete-lhes que enviará o Defensor, o Espírito da Verdade. A palavra “paráclito” significa “aquele que está ao lado de quem está em dificuldade”.
Quem ama Jesus merece receber o Espírito Santo. “Se alguém me ama, guardará os meus mandamentos.” Amar a Jesus significa viver os seus mandamentos. Quais são os mandamentos de Jesus? Não são os 10 mandamentos do antigo testamento, porque Jesus resumiu a Lei e os Profetas a só dois: amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como Ele nos amou. Quem observa os mandamentos de Jesus não somente recebe o Espírito Santo, mas também é amado pelo Pai, torna-se capaz de perceber a manifestação de Cristo e, sobretudo, torna-se a morada de Deus.
Se guardarmos os mandamentos de Jesus, se colocarmos Deus em primeiro lugar em nossa vida e sobre todas as coisas e se vivermos o amor fraterno, Ele fará, em nossos corações, em nossas famílias e em nossa comunidade, a Sua morada. Por isso, meus irmãos e minhas irmãs, procuremos sempre observar os mandamentos de Jesus e preparemos para as festas da Ascensão e de Pentecostes. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 6,1-7)
2ª Leitura (1Pd 2,4-9)
Evangelho (Jo 14,1-12)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
No evangelho dos domingos anteriores, vimos a preocupação de Jesus em formar uma comunidade que continuasse a sua obra. Mas o que é mesmo uma comunidade cristã? As leituras bíblicas de hoje nos dão uma resposta.
Em primeiro lugar, a comunidade cristã é um povo organizado. É uma comunidade hierárquica em que as responsabilidades são partilhadas entre os seus membros. Na comunidade primitiva, quando os cristãos de origem grega se queixam que as suas viúvas não estão recebendo a mesma atenção que as viúvas judaicas, os apóstolos propõem a escolha de sete homens honrados, ficando eles mais livres para a oração e para o serviço da palavra.
Em segundo lugar, a comunidade é um povo peregrino. No evangelho de hoje, a Igreja aparece como um povo peregrino que caminha para Deus, guiado por Cristo, que é o Caminho, a Verdade e a Vida. Jesus é o Caminho porque é o único “Mediador” da salvação. Jesus é a Verdade porque é o “Revelador” do projeto de Deus. E Jesus é a Vida porque é o “Salvador” que nos dá a vida de Deus, que ele possui. Por isso, somente por meio de Jesus é que vamos chegar ao Pai. O mundo nos oferece muitos outros caminhos, mas sabemos que o caminho que nos leva para a vida em plenitude é Jesus. Ele é o Caminho que devemos percorrer com os irmãos. Ele é a Verdade que devemos proclamar ao mundo carente da luz divina. Ele é a Vida que devemos defender e cuidar.
Em terceiro lugar, na segunda leitura de hoje, a comunidade é comparada a um edifício espiritual, no qual somos as “pedras vivas” e Cristo é a “pedra angular”. Não somos uma comunidade parada, sem vida. Somos pedras vivas. Temos muitas pastorais, ministérios, movimentos e serviços em que podemos atuar. Jesus disse: “há muitas moradas na casa do Pai”. Todos podemos ter um lugar no céu. Assim também, aqui na Igreja e em nossa comunidade, todos podemos ter um lugar. Basta nos dispormos. Participemos ativamente da vida da Igreja!
Resumindo, somos um povo organizado para servir; um povo peregrino que caminha junto para o Pai por meio de Jesus; e um edifício espiritual em que somos pedras vivas e Cristo é a pedra angular. Rezemos pela nossa comunidade e por todas as pastorais, movimentos, ministérios e serviços, para que sejamos um povo organizado para o serviço e tenhamos sempre Cristo como o Caminho, a Verdade e a Vida. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 2,14a.36-41),
2ª Leitura (1Pd2,20b-25),
Evangelho (Jo 10,1-10)
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje o Domingo do Bom Pastor. A imagem do bom pastor é conhecida no antigo testamento, em que Deus chama os pastores para conduzirem o seu povo, como chamou Moisés e Davi. Os profetas falavam de o próprio Deus ser o pastor e conduzir o povo de Israel. No novo testamento, Jesus recebe o titulo do Bom Pastor. Na Igreja o Papa e os bispos, como líderes, representam o Pastor Jesus Cristo. Por isso, neste domingo, rezemos também pelos nossos pastores: o Papa, os bispos, os sacerdotes e os religiosos.
Com a imagem do Bom Pastor, o evangelho de hoje nos quer apresentar a missão de Jesus. Qual é essa missão? Um pastor de ovelhas tem a missão de cuidar das suas ovelhas, conduzindo-as para pastagens verdejantes e águas repousantes, que são símbolos da vida. Jesus, como Bom Pastor, tem a missão de conduzir todos à vida em plenitude. Ele disse: “Eu vim para que todos tenham a vida, e a tenham em abundância”. Ele conhece as suas ovelhas pelo nome e as ovelhas reconhecem a sua voz. Somos chamados a ouvir sempre a voz do nosso Pastor. Hoje temos outras vozes que nos atraem, por exemplo, a TV, as novelas, as redes sociais, os partidos políticos, as filosofias e as ideologias. Nós não podemos esquecer a voz do nosso Bom Pastor. Devemos estar sempre abertos à sua voz, para que Ele possa nos conduzir à vida em plenitude. Jesus disse: “Eu sou a porta”. A porta tem a função de abrir e fechar. Jesus é a porta pela qual devemos entrar para alcançar a plenitude da vida. É fútil buscar a plenitude da vida por meio das outras portas que mundo nos oferece.
A primeira e a segunda leituras, na liturgia de hoje, nos ensinam qual deve ser o nosso comportamento como ovelhas que ouvem a voz do seu pastor. Segundo a pregação de Pedro, na primeira leitura de hoje, somos chamados à conversão e ao batismo. Converter-se significa para nós, seguidores de Jesus, estar sempre em processo contínuo de mudança de vida voltada para Jesus. Somos batizados, e para nós receber o batismo significa receber o Espírito Santo e acolher os ensinamentos de Jesus. Como batizados, somos chamados também a suportar a injustiça e a violência com paciência e amor e a praticar sempre o bem diante do mal, seguindo os passos do Bom Pastor. Rezemos hoje pelas vocações sacerdotais e religiosas, para que tenhamos bons pastores em nossa Igreja. Rezemos também pelas lideranças das comunidades, pastorais, movimentos, ministérios e serviços, para que todos possam seguir os passos do Bom Pastor e sejam fiéis à missão de conduzir o rebanho para Jesus. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 2,14.22-33),
2ª Leitura (1Pd 1,17-21),
Evangelho (Lc 24,13-35).
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
A Liturgia deste domingo nos garante que Deus sempre caminha conosco, especialmente quando nós nos desanimamos devido a dificuldades e crises em nossa vida. O episódio dos discípulos de Emaús nos lembra também dos nossos momentos de desânimo, afastamento de Deus ou ruptura com Ele. No evangelho de hoje, os dois discípulos estão a caminho de Emaús.
É um caminho de fuga perante o medo da perseguição. É um caminho de ruptura com Jesus, o Mestre. Após a experiência de ver a morte de Jesus na cruz, sentem-se derrotados e decepcionados. Esperavam um Messias Glorioso para libertar o povo de Israel da opressão dos inimigos. Sentindo-se traídos, abandonam o projeto e a proposta de Jesus e o seu reino. O caminho de Emaús é a volta para a vida antiga.
Interessante que o evangelista diz o nome de um dos discípulos, Cléofas, mas o outro fica no anonimato. Este outro poderia ser eu, você; poderia ser a minha ou a sua família; poderia ser a nossa comunidade ou qualquer outra comunidade que crê em Jesus e está no seu seguimento.
Perante a dificuldade ou a crise, nós também nos desanimamos. Quantas vezes nós, como indivíduos ou famílias, rompemos com Deus porque nos sentimos decepcionados! Quantas vezes nós nos afastamos da comunidade por causa de um padre ou de um coordenador de pastoral por nos sentimos decepcionados! Mas Deus não nos abandona. Ele caminha conosco.
Vejam: no evangelho, Jesus caminha com os discípulos desanimados. Apesar de eles não o reconhecerem, Jesus continua caminhando com eles como peregrino, como intérprete da sagrada escritura e como amigo íntimo, que aceita ficar e sentar-se à mesa com eles. Ele somente é reconhecido ao partir o Pão. Cristo não abandona os seus discípulos nunca.
A santa missa é um lugar privilegiado da presença verdadeira e viva de Jesus Cristo. Ele se faz presente ao partir o pão na mesa da Eucaristia. Ele se faz presente na mesa da Palavra quando ouvimos a Sua Palavra e nela meditamos. Também se faz presente na comunidade reunida em seu nome. Os dois discípulos retornam à comunidade dos apóstolos após a experiência que tiveram de Cristo ter caminhado com eles, ter explicado a sagrada escritura e ter-se revelado a eles ao partir o pão. Permaneçamos sempre na comunidade e participemos da mesa da Palavra e da Eucaristia. Nos momentos de desânimo e dificuldades, tenhamos a certeza de que Ele caminha conosco e, com coragem, supliquemos sempre a Ele: “fica conosco Senhor”. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura – At 2,42-47
2ª Leitura – 1Pd 1,3-9
Evangelho – Jo 20,19-31
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
Na liturgia celebrada no primeiro domingo da Páscoa, nós conhecemos João como o “discípulo ideal”, aquele que Jesus amava. Um discípulo que esteve com Jesus nos momentos importantes da sua vida, como no Monte Tabor, na Monte das Oliveiras e aos pés da cruz no Monte Calvário. No evangelho do domingo passado, ele e Pedro corriam ao túmulo vazio e diz o evangelho que ele entrou nele, viu e acreditou. Ele é o outro discípulo referido no Evangelho de João, que poderia ser qualquer um de nós. Um discípulo que Jesus ama e que ama Jesus. E quem ama acredita!
Depois de conhecer o “discípulo ideal”, a liturgia, no evangelho de hoje, apresenta-nos uma “comunidade ideal”: a comunidade dos apóstolos. Ela está reunida em um lugar, a portas fechadas por medo dos judeus. E Jesus aparece no meio deles por duas vezes e sempre no primeiro dia da semana, quer dizer, no domingo. A “comunidade ideal” é uma comunidade que se reúne uma vez por semana, aos domingos, tendo Jesus Cristo no meio dela. Jesus Cristo é o centro, o ponto de referência e a razão da sua existência. Jesus soprou sobre a comunidade dos apóstolos e disse: “Recebei o Espírito Santo” e a enviou em missão. Disse duas vezes: “A paz esteja convosco”. A paz significa harmonia e serenidade para vencer o medo da perseguição e morte. A palavra “paz”, shalom em hebraico, quer dizer vida plena. A comunidade encontra a vida plena em Jesus Cristo, a razão do seu ser. É de extrema importância que a nossa comunidade, que também é Igreja, tenha sempre Jesus Cristo no centro. Ele é a videira e nós os seus ramos. Como comunidade, sempre nos alimentemos da Sua palavra e da Sua presença na Eucaristia.
A primeira leitura de hoje, por meio da vida da comunidade primitiva, ensina-nos a ser a Igreja de Cristo, a comunidade ideal, que, tendo Jesus Cristo no centro, reúne-se uma vez por semana para ouvir os ensinamentos dos apóstolos, partir o pão e fazer orações. Também, diz a leitura, que eles vendiam as suas propriedades e colocavam tudo em comum. São três pontos importantes para sermos comunidade, Igreja. Primeiro, ouvir os ensinamentos dos apóstolos, que é a catequese, é acolher a Palavra de Deus e os ensinamentos da Igreja. Segundo, partir o pão é a celebração litúrgica, a Eucaristia, da qual todos nós participamos. Terceiro, a partilha.
Não somos uma “comunidade ideal”, mas podemos ser uma comunidade que vive a partilha, como na participação no dízimo, nas oferta e nas campanhas da Igreja em prol da evangelização.
Ouvir a Palavra de Deus e os ensinamentos da Igreja é professar a nossa fé, como o fez Tomé, ao dizer “Meu Senhor e meu Deus!”.
Celebrar a Eucaristia ou a Missa é professar a nossa fé, como o fez Tomé, ao dizer “Meu Senhor e meu Deus!”.
Participar da partilha na comunidade é professar a nossa fé, como o fez Tomé, ao dizer “Meu Senhor e meu Deus!”.
E Jesus disse: “Bem-aventurados os que creram sem ter visto”. Somos felizes, meus irmãos e minhas irmãs, porque acreditamos em Jesus Cristo, o Ressuscitado, que se faz presente para nós na Palavra, na Eucaristia e na Partilha. Reunidos aos domingos, transmitamos aos Tomés do nosso tempo, aos ausentes da comunidade, a alegria de estarmos na presença do Ressuscitado. Rezemos para que eles também possam crer e dizer: “Meu Senhor e meu Deus!”. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 10, 34a. 37-43);
2ª Leitura (Cl 3, 1-4);
Evangelho (Jo 20, 1-9)
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje o Domingo da Páscoa. A palavra páscoa significa passagem. No antigo testamento, recordando-se o êxodo do povo de Israel, celebrava-se a Páscoa como passagem: a passagem do Egito para a terra permitida, da escravidão para a libertação. No novo testamento, celebramos na Páscoa a Ressurreição do Senhor, a vitória de Jesus sobre a morte, a passagem da morte para a vida eterna, a vida em plenitude. Celebrar a páscoa de Jesus como a ressurreição do Senhor é celebrar a ressurreição de cada um de nós, é a celebração da Páscoa de todos nós. A morte não tem mais o poder de nos destruir. Jesus venceu a morte por nós. Ele está vivo no meio de nós. A Páscoa de Jesus é a nossa Páscoa.
A liturgia de hoje nos convida a sermos testemunhas de Cristo ressuscitado. Assim, nossa Páscoa é fazer a passagem dos caminhos de morte para o caminho de vida. Vivemos em uma sociedade, seja em nosso país, seja no mundo, onde há muitos caminhos de morte, tais como: abortos, drogas, bebidas, tentativas de suicídio, violência, fome, doenças, analfabetismo, desemprego, crises políticas e econômicas, guerras, insegurança. Na vida pessoal, também temos situações pecadoras, as quais nos escravizam. Ser testemunhas de Cristo é fazer a passagem das situações de morte e da escravidão do pecado para a vida nova. É buscar a paz, a justiça, o amor. É renovar a esperança no Cristo ressuscitado e num mundo melhor.
As leituras de hoje nos trazem o exemplo dos discípulos de Jesus que foram testemunhas de Cristo ressuscitado. No evangelho, Maria Madalena, insegura, desamparada, que ainda não tina assimilado a morte de Jesus, vai procurá-Lo no túmulo vazio. Mas, diante do sepulcro vazio, descobre que a morte não venceu e que Jesus continua vivo. Maria Madalena representa todos nós quando ficamos inseguros e desamparados pelas situações de morte. Não busquemos a vida no túmulo vazio, mas confiemos no Cristo, nossa Páscoa.
João, aquele que Jesus amava, o “discípulo ideal”, que está em sintonia total com Jesus, que corre ao seu encontro de forma mais decidida, que compreende os sinais, pois “Entrou, viu e acreditou”, é um modelo para todos nós. Quem ama acredita. Amar Jesus é acreditar nEle e na sua presença verdadeira, pois está vivo em nosso meio. Pedro, o “discípulo obstinado”, para quem a morte significava fracasso, recusa-se a aceitar que a vida nova passa pela humilhação da Cruz. Mas, na primeira leitura, vemos Pedro corajoso, que se apresenta como testemunha de Cristo ressuscitado aos Judeus.
São Paulo, na segunda leitura de hoje, lembra-nos que, como testemunhas de Cristo ressuscitado, devemos sempre nos esforçar para alcançar as coisas do alto, as coisas celestes, e não as coisas terrestres. Com as nossas boas obras, busquemos viver a verdadeira Páscoa, que é a vida em Cristo. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura – (Is 50,4-7);
2ª Leitura – (Fl 2,6-11);
Evangelho – (Mt 26,14-27,66).
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
Iniciamos hoje a Semana Santa, na qual celebraremos o mistério pascal, mistério da nossa redenção. Há duas partes na liturgia de hoje.
A primeira é a entrada de Jesus na cidade de Jerusalém. É a acolhida de Jesus na cidade de Jerusalém. Num clima de alegria e cantando Hosana, participamos da procissão de Ramos. Somos chamados a acolher Jesus sempre em nossos corações, em nossas famílias e em nossa comunidade. Ele é o Rei da nossa vida. Os ramos bentos e usados na procissão de hoje são para guardar em nossas casas como sinal de acolhimento ao nosso Rei em nossas famílias. Não joguem os ramos no lixo. Tragam-nos, no ano que vem, antes da quaresma, para que sejam queimados e transformados em cinzas, as quais serão usadas na quarta-feira de cinzas. Hoje, acolher Jesus com os Ramos é uma expressão da nossa fé e do nosso compromisso com Ele e com a sua Igreja.
A segunda parte da liturgia é a narração da paixão do Senhor. Com a leitura da paixão do Senhor, na missa, relembramos o caminho do sofrimento e da Cruz. Jesus andou “fazendo o bem” e anunciando um mundo novo de vida, de liberdade, de paz e de amor para todos. A morte de Jesus na cruz é a consequência do anúncio do “Reino”, que provocou tensões e resistências entre os que dominavam o povo. É o resultado do anúncio da boa nova aos pobres e marginalizados e da denúncia da usurpação do poder político e religioso pelos ricos, fariseus, saduceus, mestres da Lei e sacerdotes.
Dois momentos distintos da vida de Jesus: Triunfo e Humilhação. Jesus se apresenta em Jerusalém propondo a paz, a justiça e o amor, mas recebe a violência, a injustiça e a rejeição. O que aconteceu com Jesus nos faz compreender o amor incondicional de Deus pela humanidade. Deus, por amor a todos nós, escolhe o caminho de humilhação e de rebaixamento. Esvazia-se para que todos nós tenhamos a vida plena. São Paulo compreendeu bem este mistério da nossa redenção. Na segunda leitura de hoje, o apóstolo nos explica que Jesus se despojou de sua condição divina e, tomando a forma de escravo, abaixou-se e foi obediente até a morte em uma cruz.
Nós, hoje, ao iniciarmos a Semana Santa, somos chamados a contemplar o “Servo Sofredor”. O profeta Isaías, na primeira leitura, caracteriza os exilados na Babilônia como o “Servo Sofredor”, amado por Deus, que assume o caminho da não violência e confia no socorro do Senhor. As primeiras comunidades cristãs veem em Jesus o “Servo Sofredor”, que escolheu o caminho de não violência, confiando totalmente no seu Pai, que o ressuscitou. Lembremo-nos de que, quando estamos diante de sofrimentos causados por injustiça ou quando somos perseguidos por sermos cristãos, o nosso mestre Jesus sofreu, morreu na cruz, mas também ressuscitou. Seja Ele a nossa força e esperança. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura – (Jr 31,31-34)
2ª Leitura – (Hb 5,7-9)
Evangelho – (Jo 12,20-33)
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
A liturgia deste domingo continua a Catequese Batismal da Quaresma. Depois de apresentar Cristo, ÁGUA para a nossa sede, no diálogo de Jesus com a samaritana, e LUZ para as nossas trevas, na cura do cego, hoje ela nos fala de Cristo, RESSURREIÇÃO para a nossa VIDA.
Na primeira leitura, o povo de Israel, exilado na Babilônia, desesperado e sem futuro, vivia uma situação de morte. E o profeta Ezequiel anuncia vida nova. O texto apresenta a famosa visão dos ossos secos que recebem pele e músculos e saem das sepulturas abertas por Deus. O Espírito do Senhor sopra sobre eles e eles ganham vida. Assim vai acontecer com o povo de Israel, diz o profeta Ezequiel. Deus vai transformar a morte em vida, o desespero em esperança, a escravidão em libertação.
No evangelho, Jesus se apresenta como o SENHOR DA VIDA, e o seu amigo Lázaro recebe a vida. Todos nós que conhecemos Jesus somos amigos dEle e O acolhemos nos sacramentos, na Palavra e em cada irmão e irmã. Acolhemos Jesus nas nossas famílias e nas nossas comunidades. Às vezes, fazemos a experiência da doença e da morte, como a família de Lázaro o fez. Mas, como amigos de Jesus, sabemos que Ele é a Ressurreição e a Vida e a dá aos seus em plenitude. A morte é apenas a passagem para a vida plena.
Na caminhada, como batizados, na família e na comunidade, vivemos um encontro, um diálogo e a profissão de fé, como aconteceu com a samaritana, com o cego de nascença e com os amigos de Jesus. A samaritana, no final do diálogo com Jesus, professou a sua fé, o cego de nascença também, assim como Marta, que disse: “Sim eu creio que tu és Cristo”. Jesus é o nosso amigo fiel. Não nos abandona nunca. Ele se comove com a nossa dor, chora conosco. É solidário na hora de nossas “mortes”, e não somente com simples afeto, mas com amor do SENHOR DA VIDA. Ele é a ressurreição e a vida. O Batismo é um morrer e ressuscitar com Cristo. O discípulo de Jesus, renascido para a Vida no Batismo, carrega em si o germe da verdadeira Vida. A segunda leitura de hoje nos lembra que a Ressurreição de Cristo é a garantia e a promessa de nossa Ressurreição. Por isso renovemos as nossas promessas batismais e façamos a profissão da nossa fé. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura – 1Sm 16,1b.6-7.10-13ª
2ª Leitura – Ef 5,8-14
Evangelho – Jo 9,1-41
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
Temos cinco domingos no tempo da quaresma. O sexto é o Domingo de Ramos que inicia a Semana Santa. A liturgia, nos primeiros dois domingos, ajudou-nos a refletir sobre as práticas quaresmais: penitência, oração e caridade. Também nos chamou a viver o perdão e a reconciliação neste tempo de conversão. No terceiro domingo, no diálogo de Jesus com a samaritana, meditamos sobre um dos símbolos do Batismo com a ÁGUA. A água é o símbolo da VIDA. Hoje, no quarto Domingo da Quaresma, na cura de um cego de nascença, a liturgia nos apresenta outro símbolo: a LUZ. E, no quinto Domingo, na Ressurreição de Lázaro, ouviremos sobre o símbolo da VIDA: a ressurreição é a vida nova com Cristo Ressuscitado. Por isso, podemos dizer que os últimos três domingos da quaresma trazem para nós a catequese batismal.
Lembremo-nos do dia do nosso batismo! Se isso não for possível, lembremos do batismo dos nossos filhos, nossos netos e nossos afilhados. Nesse dia, o padrinho ou a madrinha acendeu uma vela no Círio Pascal, levou-a acesa até a criança e disse: “Receba a luz de Cristo.” Ao recebermos a luz de Cristo, na Igreja, recebemos a FÉ por meio de nossos pais, padrinhos e familiares. Pelo batismo, nós nos tornamos filhos e filhas da Luz. Fomos iluminados por Cristo. O cristão ou o batizado é um “Iluminado”. Todos nós, batizados, somos pessoas iluminadas! O cego de nascença, no evangelho de hoje, foi curado. Ele se tornou uma pessoa “iluminada”. Tornou-se filho da Luz!
Na cura, para dar a “Luz” ao cego, Jesus usou um método estranho: com saliva fez “barro” na terra, ungiu com esse barro os olhos do cego e mandou-o lavar-se na piscina de Siloé (que quer dizer enviado). Isso faz parte da crença da época, de que na saliva ou no hálito havia força. No caso, é a força de Jesus, é o espírito de Jesus. Mas, a cura não é imediata: requer a cooperação do enfermo. A disponibilidade do cego sublinha a sua adesão à proposta de Jesus. O banho na piscina do “enviado” é uma alusão à “Água de Jesus”. Por isso, lembra também a água do BATISMO para quem quiser sair das trevas para viver na luz, como Filhos de Deus.
O cego de nascença, já curado, ao voltar à sua comunidade foi interrogado pelas autoridades sobre o acontecido. Nas suas respostas perante as autoridades, ele se apresentou como uma pessoa iluminada. E, como “pessoa iluminada”, mostra-se: livre (diz o que pensa…); corajoso (não se intimida); sincero (não renuncia à verdade); mantém-se sempre na posição de busca (quer conhecer a verdade: o homem que o curou); e suporta a violência (é expulso da sinagoga). No dia do nosso batismo, durante o rito da Luz, o sacerdote rezou dizendo: “Querida criança, você foi iluminada por Cristo para se tornar luz do mundo. Com a ajuda de seus pais e padrinhos, caminhe como filho(a) da Luz”. Caminhar como filhos e filhas da Luz é a vida de todos os batizados. É ser livre, corajoso, sincero, estar sempre na posição de busca e suportar os sofrimentos por causa do evangelho e de seus valores.
A pessoa “não iluminada”, diz a primeira leitura de hoje, julga as coisas e o mundo com os olhos humanos. Vejam o exemplo de Jessé de Belém. Ele queria que o seu filho primogênito, o mais forte, inteligente e bonito, fosse escolhido para ser rei. Mas Deus, por meio de Samuel, escolhe Davi, o filho mais novo e mais fraco. As pessoas “não iluminadas” não têm a capacidade de enxergar os desígnios de Deus, tornam-se cegas. No final do evangelho de hoje, o cego de nascença professou a sua fé no homem que o curou e disse: “eu creio, Senhor”. Os fariseus se tornaram cegos. Perderam a capacidade de enxergar o Messias. Não podemos ser cristãos se vivermos de cegueiras que nos impedem de ser filhos e filhas da Luz. A segunda leitura nos ensina a sermos cristãos, produzindo o fruto da luz, que se chama bondade, justiça e verdade. Que a nossa celebração eucarística nos ajude a discernir o que agrada a Deus. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Primeiro Livro dos Reis 19, 16b.19-21; Salmo responsorial 15; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Gálatas 5, 1.13-18; Evangelho: Lucas 9, 51-62.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
A “liberdade” hoje é um dos valores fundamentais em nossa sociedade. Lutamos sempre pelos nossos direitos e às vezes até negando aos outros os seus direitos. É uma perspectiva egoísta deste valor fundamental. A liturgia da Palavra de hoje nos propõe a verdadeira liberdade. São Paulo na segunda leitura nos convida à verdadeira liberdade.
Ele avisa aos Gálatas que foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Em que consiste a liberdade para o cristão? O que é ser livre? Trata-se da faculdade de escolher entre duas coisas distintas e opostas? Não. Trata-se de uma espécie de independência ético-moral, em virtude da qual cada um pode fazer o que quiser? Também não. Para Paulo, a verdadeira liberdade consiste em viver no amor. O que nos escraviza é o egoísmo, o orgulho, o isolamento e a autossuficiência. A verdadeira liberdade é a capacidade de amar, de dar a vida. É livre quem se libertou de si próprio e vive para se dar aos outros.
De onde vem essa “liberdade” em nós? Ela nasce da vida que Cristo nos dá. Aderir a Jesus Cristo e à sua proposta de vida gera dentro de nós a capacidade de amar, de superar o egoísmo, o orgulho, a autossuficiência e de viver em liberdade. Viver na escravidão é continuar uma vida centrada em si próprio, ser escravo de si próprio. Segundo São Paulo, a escravidão é viver segundo a carne. Viver na liberdade é viver segundo o Espírito, sair de si e fazer da sua vida um dom, uma partilha.
Seguir Cristo é nascer para a vida nova da Liberdade. No Evangelho, Jesus chama todos para a liberdade. É um convite para amar. É um convite para se doar. Jesus ensina aos seus discípulos as três atitudes ou exigências do seguimento. A primeira é a atitude de renúncia. O primeiro seguidor disse a Jesus: “Eu te seguirei para onde quer que fores”. Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. O seguidor de Jesus deve renunciar totalmente às preocupações materiais e não esperar ter uma vida de conforto. Renunciar às seguranças humanas.
A segunda é a atitude de priorizar. Jesus disse a outro: “Segue-me”. Este respondeu: “Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai”. Jesus respondeu: “Deixe que os mortos enterrem os seus mortos; mas tu vai anunciar o Reino de Deus”. A prioridade do seguidor de Jesus é o Reino de Deus. Os deveres e as obrigações pessoais não devem ser obstáculos em nossa escolha de seguir Jesus.
A terceira é a atitude de perseverar. Um outro ainda lhe disse: “Eu te seguirei, Senhor, mas deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares”. Jesus, porém, respondeu-lhe: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus”. A decisão de seguir Jesus não pode ser parcial. O seguidor não pode voltar atrás!
Deus hoje também nos chama. Podemos rejeitar ou acolher Jesus e sua proposta de vida. O seguimento de Jesus é uma escolha livre. A rejeição não nos exclui do amor de Deus. O Deus revelado por Jesus não é um Deus vingativo. Ele é um Deus misericordioso. Os samaritanos que não acolheram Jesus não foram condenados! Como comunidade de fé, o SIM dado ao chamado de Jesus traz consequências, que são as exigências do seguimento. A nossa escolha de seguir Jesus exige de nós o desapego das coisas materiais, a priorização do reino de Deus e a perseverança perante as hostilidades e a rejeição. Busquemos viver as exigências do seguimento de Jesus. Tenhamos coragem de dizer SIM, como no exemplo de Elizeu, que, apesar dos seus apegos, teve a coragem e a generosidade de viver o seu SIM ao chamado de Deus. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Livro de Zacarias 12, 10-11;13,1; Salmo responsorial 62; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Gálatas 3, 26-29; Evangelho: Lucas 9, 18-24.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
A liturgia da Palavra de hoje nos leva a responder a três perguntas. Duas delas estão no Evangelho de hoje. A primeira pergunta é a de Jesus aos seus discípulos, “Quem diz o povo que eu sou?” ou “Quem sou eu no dizer do povo?” E os discípulos responderam, “Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que é algum dos antigos profetas que ressuscitou”. O povo que só ouvia falar de Jesus e de seus milagres reconhece em Jesus um homem extraordinário, um grande mestre, um operador de milagres, etc. Sabemos que, ainda hoje, há muitos que reconhecem em Jesus apenas um homem extraordinário, um grande líder, um revolucionário, etc.
A segunda pergunta também é de Jesus, e novamente, aos seus discípulos. “E vós, quem dizeis que eu sou?” Os discípulos, representados por Pedro, responderam: “O Cristo de Deus”. Os discípulos que conviviam com Jesus e o seguiam sempre reconhecem em Jesus o Messias, o Salvador. Aqui podemos fazer a nós a mesma pergunta. E como será a nossa resposta? Não deve ser somente aquela que aprendemos de forma decorada, mas, sim, dada com a coragem e a convicção da nossa experiência de fé vivida na comunidade e na igreja.
Não tenhamos medo de dizer aos outros que Jesus é o centro da nossa vida como Igreja e que estar com Jesus é essencial para nós.
Logo após a resposta de Pedro, diz o evangelista que Jesus proibiu-lhes que contassem isso a alguém. Daí surge a terceira pergunta, que eu gostaria de fazer-lhes: Por que Jesus proíbe os seus discípulos de contarem aos outros que Ele é o Messias? Qual é a razão desse sigilo que Jesus impõe aos seus discípulos?
O próprio Evangelho de hoje tem a resposta a essa pergunta. A resposta de Pedro de que Jesus era “O Cristo de Deus” era exata, mas não na sua concepção de quem era o Messias. Ele e os outros discípulos reconheciam em Jesus um Messias político, poderoso e vitorioso. Por causa dessa concepção mal compreendida, Jesus os proíbe de contar a alguém que Ele é o Messias. Na verdade, Jesus se lhes apresenta como o Messias sofredor, dizendo: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”, assim como na primeira leitura, em que o Messias será um homem justo e inocente “transpassado”, um servo sofredor, que desperta, na casa de Davi, uma atitude de conversão e de volta a Deus. Então, essa é a verdadeira identidade de Jesus, que, logo após a sua morte e ressurreição, será proclamada a todos.
Irmãos e irmãs, o caminho do Messias é o caminho da Cruz, o caminho da humildade e o caminho da doação, totalmente contrário ao que os discípulos e o povo esperavam. Os discípulos também terão de seguir o mesmo caminho: terão de passar pela cruz, de ser humildes e se doarem pelo Reino de Deus. Ele disse: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz de cada dia, e siga-me”. Renunciar a si mesmo significa desfazer-se das seguranças e dos prazeres do mundo para estar disponível a seguir Jesus. Tomar a cruz de cada dia é não só aceitar os sofrimentos, as doenças e os desafios da vida, mas também todas as consequências de ser seguidor de Jesus. Saibamos que só quem se libertou do egoísmo e do apego à vida pode seguir Jesus no caminho do amor, da verdade e da Justiça.
Perseverar até o fim no seguimento de Jesus é ser discípulo do Messias sofredor. Somos cristãos e cremos no Jesus Cristo, Crucificado e Ressuscitado. É este Jesus Cristo que somos convidados a reconhecer no irmão necessitado e sofredor, de modo especial no migrante. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Primeiro Livro dos Reis 2, 1-118, 41-43; Salmo responsorial 116; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Gálatas 1, 1-2.6- 10; Evangelho: Lucas 7, 1-10.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
No domingo passado, nós meditamos, na liturgia da Palavra, na Santíssima Trindade, no Deus que nós cremos, Deus uno e trino. Pergunto-lhes: Onde mora este Deus? Ele mora no céu, na terra, nas nossas casas, na nossa Igreja e, principalmente, nos nossos corações. No antigo Testamento, para o povo de Israel, Ele morava na Arca da Aliança que caminhava com eles. Mais tarde, o rei Salomão construiu o templo de Jerusalém como morada de Deus. Na inauguração do templo, o rei Salomão faz uma bela oração, que é a primeira leitura de hoje. Ele pede que Deus escute e a tenda todos os pedidos dos estrangeiros. O Deus Javé é o Senhor de todos os povos!
No Evangelho de hoje, em Cristo, o novo Templo de Deus, a bela oração do rei Salomão é plenamente ouvida. Jesus atende ao pedido de um estrangeiro. O oficial romano, segundo o Evangelho, era um homem bom e humilde. Cuidava bem dos seus escravos e empregados. Era amigo dos judeus e até construiu uma sinagoga para eles. Sempre respeitou os costumes dos judeus. Por isso não quis que Jesus entrasse na sua casa e nem foi encontrar com Jesus pessoalmente. “Senhor, não te incomodes, pois não sou digno de que entres em minha casa. Nem mesmo me achei digno de ir pessoalmente ao teu encontro. Mas ordena com a tua palavra, e o meu empregado ficará curado”. Jesus elogia a fé do estrangeiro, dizendo: “Eu vos declaro que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé”. Jesus é o Salvador de todos os povos. Ele não é exclusividade só de nós, cristãos! A sua Palavra e seu poder não tem fronteiras!
Por isso, nós, como Igreja, somos chamados a não excluir as pessoas do nosso meio por causa da religião, cultura, cor ou raça. Como Igreja, não devemos ter medo de reconhecer o bem que outras religiões fazem à humanidade. É preciso buscar dialogar em vez de condenar e criticar os outros. Diálogo inter-religioso seja um dos caminhos para construirmos um mundo de justiça, paz e amor. Respeitando as diferenças, sim, possamos proclamar o Evangelho a todos. Aprendamos a respeitar os que não têm a mesma fé que a nossa no lugar do nosso trabalho e, às vezes, nas nossas próprias famílias. Ao sofrer intolerância e violência por causa da nossa religião, não percamos a fé, mas, sim, amemo-nos uns aos outros como Ele nos amou. Rezemos sempre pela unidade entre os cristãos e pela paz entre as nações, para que todas as nações possam glorificar o Senhor. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Livro dos Provérbios 8, 22-31; Salmo responsorial 8; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Romanos 5, 1-5; Evangelho: João 16, 12-15.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Todos nós aqui cremos em Deus. No mundo, há muitos que creem em Deus e também há alguns que não creem. Os que creem em Deus são divididos em diferentes religiões, tais como; a cristã, a judia, a muçulmana, a hindu, etc.
Nós somos cristãos e católicos. Pergunto-lhes: O que nos distingue dos outros? Qual é a nossa identidade? Em que Deus nós cremos? Cremos em Deus uno e trino. É o mistério de um só Deus em três pessoas, cuja festa hoje celebramos.
Na natureza, existem muitos mistérios que hoje não conhecemos, mas um dia poderão ser desvendados. Em Deus, o mistério nunca poderá ser totalmente compreendido pela grandeza. Deus se revela na criação, pelos profetas e, mais claramente, na pessoa de Jesus. Podemos e devemos crescer no conhecimento desse mistério, com o auxílio da Bíblia e dos ensinamentos da Igreja.
A Santíssima Trindade e a Boa Nova
O novo Testamento nos ajuda a compreender melhor o mistério da Santíssima Trindade. Lembremo-nos do batismo de Jesus no rio Jordão. Aí a presença da Trindade é evidente (Lc 3,15-16.21- 22). Lembremo-nos, também da passagem de Jesus enviando os discípulos à missão: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mc 28,19-20).
Em outra passagem, Jesus ensinou os seus discípulos a chamar Deus de Pai e lhes prometeu o defensor, o Paráclito. A unidade, principalmente, no Evangelho de João, entre Pai e Filho e Espírito Santo fica mais clara. Deus, como nos ensina São João, é Amor. E o amor é, ao mesmo tempo, três em um: aquele que ama, aquele que é amado e o amor entre os dois. Ao “Amor amante”, nós chamamos de Pai; ao “Amor amado”, de Filho; ao “Amor que circula entre os dois e os abre para o mundo e a humanidade”, Espírito Santo. É uma comunidade de amor vivida pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo.
Em três leituras, as três faces da Trindade
A três leituras de hoje nos ajudam a compreender melhor esse mistério profundo da nossa fé. A Primeira Leitura nos fala do Deus Pai criador. Deus cria o universo com sabedoria e amor. A Segunda Leitura nos fala do Filho redentor. Por meio de Jesus recebemos a paz, a esperança, o seu amor infinito e a vida em plenitude. E o Evangelho nos fala do Espírito Santo. Jesus esclarece aos seus discípulos a missão do Espírito Santo: de nos recordar os seus ensinamentos e nos conduzir à plena verdade.
A festa da Santíssima Trindade é a festa da comunidade, é a festa da família e é a festa do nosso batismo. Somos chamados a contemplar Deus uno e trino no contexto da nossa vivência do amor na família, na comunidade e na Igreja. Por isso, um gesto nosso de amor, comunhão, partilha e serviço, por meio das nossas pastorais, ministérios, movimentos e serviços, é o sinal da nossa fé no Deus uno e trino. As obras de misericórdia que empenhamos em realizar neste ano Santo da Misericórdia são sinais da nossa fé na Santíssima Trindade.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre, Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Atos dos Apóstolos 2, 1-11; Salmo responsorial 103; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Romanos 8, 8-17; Evangelho: João 14, 15-16,23b- 26.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje a festa de Pentecostes. É a festa da descida do Espírito Santo, defensor que Jesus havia prometido, sobre os discípulos. No antigo testamento, o povo de Israel celebrava o Pentecostes. Inicialmente, era uma festa de colheitas. Mais tarde, tornou-se a festa da lei, recebida por Moises cinquenta dias depois da páscoa. São Lucas ao apresentar a descida do Espírito Santo, 50 dias após a Páscoa, quer ensinar a comunidade cristã que a nova lei dos cristãos é o Espírito Santo. Ele que movimenta e renova a Igreja de Cristo.
Os símbolos presentes na primeira leitura de hoje são o vento e as chamas de fogo. O vento é o sinal do movimento. Como a Igreja, guiada pelo Espírito Santo, é chamada a se movimentar. Estar sempre na ativa. Agir em prol do reino de Deus e seus valores. É a missão da Igreja. Por isso, é preciso dizer não a atitudes de indiferença, comodismo e passividade. O fogo transforma e renova. O Espírito Santo transforma os medrosos apóstolos em ardorosos anunciadores das maravilhas de Deus. A nova lei, o Espírito Santo, renova a Igreja transformando os corações dos fiéis para uma vida em Cristo. É necessário que abramos os nossos corações a ação do Espírito Santo, que nos ensina e recorda tudo o que Jesus nos ensinou.
Se o nosso Batismo é a nossa Páscoa, a Crisma é o nosso Pentecostes. Pelo Batismo somos filhos e filhas de Deus e nos tornamos membros da Igreja. E pela Crisma nos tornamos membros atuantes e responsáveis pela Igreja. Ser membros atuantes significa produzir o fruto do Espírito Santo. “O fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” (Gl 5, 22). É sermos testemunhas de Cristo. É sermos pedras vivas da Igreja. Os sete dons que recebemos do Espírito Santo no Pentecostes são para nos auxiliar nesta missão de ser cristãos atuantes e jamais para competir ou nos desunir. Que o Espírito Santo ilumine a nossa vida no caminho da Unidade, do Bem e da Verdade. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Atos dos Apóstolos 1, 1-11; Salmo responsorial 46; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Efésios 1,17-23; Evangelho: Lucas 24,46-53.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje a festa da Ascensão do Senhor. Estamos no tempo pascal e a Ascenção faz parte do mistério pascal. Contemplemos a Ascensão de Jesus no contexto do tempo pascal. Não esqueçamos a paixão, morte e ressureição de Jesus. Lembremo-nos que daqui a uma semana celebraremos o Pentecostes.
O que é a Ascensão de Jesus? É a subida de Jesus ao céu. A volta Dele ao Pai. A liturgia da palavra de hoje nos apresenta este fato. Com certeza não é uma viagem de um astronauta ao universo. O céu não é um lugar acima das nossas cabeças, mas é estar com Deus. Jesus veio do Pai e volta ao Pai. Jesus é o enviado do Pai com a missão de nos redimir e, ao terminar a sua missão, retornar ao Pai. Por isso, a Ascensão de Jesus é o término da sua missão terrena e o início da missão da Igreja.
Vestir os nus e suportar os sofrimentos
Com a missão entregue a Igreja, não podemos ficar parados olhando para o céu. A Missão é de ser testemunhas de Cristo “até os confins do mundo”. A igreja tem a missão de continuar o que Jesus começou. Sua missão é a nossa missão. Teremos sempre o auxílio do Espírito Santo, o Defensor.
No ano Santo da Misericórdia, o Papa Fanscisco nos convida à prática de obras da misericórdia corporais e espirituais. Escolhemos, neste mês de maio, uma obra corporal: vestir os nus e outra espiritual: suportar com paciência os sofrimentos do próximo. Ser testemunhas de Cristo é também praticar as obras da misericórdia. Ouçamos um testemunho do gesto concreto da equipe de costura da nossa comunidade. Amém.
Testemunho da Pastoral da Costura – Regina
“Boa noite a todos; Sou Regina aqui representando a Pastoral da Costura desta Paróquia. Dedicamo-nos a costurar para pessoas carentes desde 1998 (18 anos). Mães Marista, ainda com filhos na Pré-escola, – hoje todos formados e trabalhando – decidiram reunir-se uma vez por semana na casa de uma de nós, para fazermos roupas para crianças necessitadas.
Aquelas de nós, que não tinham habilidade com a máquina de costura, faziam os serviços de passar elásticos, pregar botões ou desmanchar alguma costura que saiu fora do prumo… A costura tornou-se itinerante e, de tempos em tempos, tínhamos uma das casas à disposição para realizarmos o que nos dava tanto prazer, tanta satisfação. Aos poucos, mais amigas foram chegando e hoje somos um grupo de Treze “Coroinhas da Costura” – forma a qual nos tratamos depois de iniciarmos os trabalhos nesta paróquia, no outono de 2011 (5 anos).
Reunimo-nos todas as quartas-feiras, no período da tarde ou a qualquer momento que se faça necessário para atender demandas ou alavancar a produção das peças. A dinâmica do grupo obedece de forma natural ao movimento de um Ateliê de Costura, apesar da simplicidade, pois todas se empenham em costurar, dar o melhor de si, mas nenhuma de nós é costureira profissional. Priorizamos, por opção, o vestuário infantil, tanto para meninos quanto para meninas.
Costuramos roupas de algodão, flanela e tactel, confeccionando pijamas; bermudas; vestidinhos; calças compridas; camisolas; blusinhas; entre outros. O destino da produção sempre é uma comunidade carente. Já há alguns anos assistimos o Asilo Santa Mônica, em Formosa, que ampara mulheres portadoras de distúrbios mentais.
Para estas, confeccionamos camisolas e casacos de flanela. Disponibilizamos também as roupinhas para os Vicentinos desta Paróquia e também da Paróquia Pai Nosso, que, respectivamente, auxiliam as comunidades carentes do Paranoá e Trecho 7, do Lago Norte. Atendemos, ainda, entidades necessitadas que chegam até nós com seus pedidos.
Agradecemos à Paróquia do Verbo Divino, aos Padres Denzil e Waldir, a disponibilização da Sala para que possamos realizar essa obra, que pouco a pouco, vai atendendo comunidades carentes e mais do que a nossa oferta é a satisfação de ver as peças prontas, resultado do trabalho voluntário do grupo. São momentos especiais que nos enchem de Graça e quem sabe, podemos, humildemente, pensar que estamos atendendo ao chamado de Jesus Cristo: Eu estava nu e me vestistes … (Mateus 25;36). Obrigada!!!!”
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (Is 55, 10-11),
2ª Leitura (Rm 8, 18-23),
Evangelho (Mt 13, 1-23)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
No evangelho de Mateus, nós encontramos três sermões de Jesus: sermão da montanha, sermão missionário e sermão do reino. O sermão do reino é um conjunto de sete parábolas de Jesus. Hoje nós ouvimos uma delas, a parábola da semente e do semeador. Jesus conta essa parábola para ensinar sobre a importância da Palavra de Deus na vida dos seus discípulos. O semeador saiu para semear e a semente caiu em quatro tipo de terrenos. Uma parte caiu no caminho: os pássaros vieram e as comeram. Outra parte caiu em terreno pedregoso: brotou e logo secou. Outra parte caiu no meio dos espinhos: os espinhos cresceram e a sufocaram. Outra parte caiu em terra boa: produziu 30, 60 e 100 frutos por semente.
Jesus é o semeador e a sua Palavra é a semente. Nas multidões que seguiam Jesus, havia quatro tipo de pessoas: gente que não acreditava; gente que, embora simpatizasse com Jesus, logo desistia de segui-Lo; gente que via a mensagem de Jesus como ameaça: devia mudar de vida, afastar-se do poder, largar as riquezas e, por isso, hostilizava e tramava a morte do próprio Jesus; e gente que acreditava, mas tinha dúvidas. Assim, no fim estavam ficando com ele só alguns discípulos, mas até estes tinham as suas dúvidas. Será que a Palavra de Jesus estava se tornando ineficaz, sem força? Jesus responde com a parábola: apesar dos obstáculos, a semente não perde a sua força. Deus lança a semente em todas as direções, não a recusa nem aos pecadores endurecidos, nem às pessoas superficiais, nem às pessoas imersas nas preocupações do mundo. O homem pode fechar-se à Palavra de Deus, rejeitá-la, mas sempre haverá terrenos que produzirão fruto, uns mais, outros menos.
Diante da Palavra de Deus, havia quatro tipos de ouvintes naquele tempo, assim como continuam existindo hoje. Há aqueles que têm um coração duro como a terra pisada de uma estrada: não permitem que a semente da Palavra de Deus penetre em seu coração. Há aqueles que têm um coração inconstante, que se entusiasmam com facilidade, mas depois desanimam rapidamente diante das primeiras dificuldades. A Palavra de Jesus não pode criar aí raízes profundas. Há os que têm um coração materialista, que dão prioridade à riqueza e aos bens deste mundo. Essas preocupações são como espinheiros que sufocam a semente da Palavra. Às vezes até sufocam os corações dos outros que acolhem a Palavra. Há também os que têm um coração aberto e disponível. Neles, a Palavra de Jesus é acolhida e dá muito fruto. Somos nós a terra boa, que estamos aqui, e todos aqueles que permanecem em Cristo e na Sua Igreja. Produzimos frutos do Reino de Deus às vezes mais, outra vezes menos. Após meditar na parábola da semente e do semeador, devemos fazer três perguntas a nós mesmos: a primeira: que tipo de terreno somos nós? Busquemos ser sempre terra boa, que acolhe a Palavra e produz frutos; a segunda: que tipo de semeadores somos nós? A Palavra de Deus é a semente que devemos semear nos corações das pessoas sem fazer nenhuma distinção; a terceira: vale a pena semear? Na 1ª leitura, o profeta compara a Palavra de Deus à chuva e à neve que descem do céu para fecundar a terra. E ainda completa dizendo que a Palavra “Não voltará, sem ter cumprido a sua missão”. Assim será também a Palavra de Deus, que, uma vez semeada, sempre produzirá fruto. Somos a terra boa e somos chamados também a ser semeadores da Palavra. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (Zc 9,9-10),
2ª Leitura (Rm 8,9.11-13),
Evangelho (Mt 11,25-30)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
No antigo testamento, vários profetas falavam da vinda de um rei da casa de Davi, para libertar o povo de Israel das mãos dos opressores. Todos esperavam um rei poderoso, com seu exército, e glorioso, com muita riqueza. Aguardavam a sua entrada triunfal. Mas, o profeta Zacarias, na primeira leitura de hoje, fala da vinda do Messias como um rei diferente daquele que o povo esperava. Segundo o profeta, será um rei justo e humilde. A sua entrada será humilde e pacífica. Ele vem montando num jumento, trazendo a paz e a esperança a todas as nações. Esta profecia faz lembrar a entrada de Jesus em Jerusalém. O povo esperava um messias glorioso, mas Jesus veio sem luxo e sem a presença de um exército poderoso, montando um jumentinho e levando a paz a todos.
Quando o mundo busca o caminho do poder e da riqueza para mostrar a sua grandeza, o nosso Deus escolhe o caminho da humildade, a pobreza e a simplicidade. Ele chama as pessoas simples, para realizar o seu plano de salvação. Vejam, Deus escolhe Maria, uma humilde serva, como mãe de Jesus e José, um carpinteiro, como esposo de Maria. O filho de Deus nasce numa manjedoura, numa cidadezinha da periferia de Jerusalém. Jesus escolhe pessoas simples para serem seus discípulos: pescadores, cobradores de impostos, entre outros. No evangelho de hoje, Ele agradece ao Pai por ter revelado os mistérios do Reino aos pequeninos, que são os seus discípulos. “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos.” Os “sábios” e “entendidos” são os mestres da lei e os religiosos que conheciam os mandamentos da Lei de Deus. Eles não perceberam a presença do Reino de Deus e não acolheram a sua mensagem. Os pequenos, os pobres, os humildes, os marginalizados acolheram com entusiasmo a sua Palavra e o seu Reino. Deus revela o seu amor aos pequenos e humildes. Sejamos humildes e simples para acolher os mistérios do Reino de Deus.
Jesus faz um convite a todos nós, que estamos cansados e fatigados sob o peso dos nossos fardos. Na época de Jesus, muitos carregavam o peso da lei. Havia 613 mandamentos para cumprir. Os mestres da lei e os fariseus exigiam dos outros o pleno cumprimento da lei. Muitas vezes a lei tornava-se um peso difícil de carregar. Jesus oferece a todos o seu jugo, o seu mandamento de amor: “Amar a Deus sobre todas as coisas e amar o próximo como a si mesmo”. O seu jugo é suave e seu fardo é leve. Temos a certeza de que nEle encontraremos o descanso e a paz. Jesus é manso e humilde de coração. Somos chamados a aprender dele a mansidão e a humildade. Rezemos sempre a oração: “Jesus, manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao vosso”. Rezemos para que o coração de Jesus viva nos corações de todos. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 12, 1-11)
2ª Leitura (2 Tm 4, 6-8.17-18)
Evangelho (Mt 16, 13-19)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
A nossa Igreja é una, santa, católica, apostólica e romana. Apostólica porque recebemos a fé dos apóstolos. E hoje celebramos a festa solene destes dois apóstolos: São Pedro e São Paulo, que tiveram presença marcante na Igreja primitiva. Pedro foi escolhido por Jesus para conduzir a Igreja. Foi o primeiro Papa. Paulo foi o primeiro missionário a levar o Evangelho para outras nações e povos.
Pedro foi um pescador que trabalhava com seu pai, Jonas, e com seu irmão André. Começou a seguir Jesus logo que Ele o chamou. Chamava-se Simão, mas Jesus mudou seu nome para Pedro, a pedra sobre qual foi construída a Igreja de Cristo. “Pedro, és a Rocha (pedra) sobre a qual edificarei a minha Igreja”. A pedra é a fé de Simão Pedro e a fé dos apóstolos. Sobre a fé dos apóstolos é que Jesus edificou a sua Igreja e é esta fé que professamos até hoje. No evangelho de hoje, ouvimos que Jesus entregou as chaves do Reino dos céus. As chaves simbolizam a autoridade e o poder para governar, conduzir e servir a Igreja. Pedro e todos os 266 papas até agora são a voz do Bom Pastor, são a presença do próprio Cristo na Terra. Por meio dos pastores, o próprio Cristo governa e conduz a Igreja.
Hoje é o dia do Papa. Rezemos pelo nosso Papa Francisco, que Deus lhe dê a sabedoria e a força para conduzir a nossa Igreja. Na primeira leitura de hoje, Pedro está preso pelo seu testemunho, e a atitude da Igreja é de solidariedade e unidade. A comunidade reza por Pedro. E a presença de Deus, através do anjo, liberta Pedro da morte. Mais adiante, Pedro encontra-se em situação similar em Roma. É perseguido e crucificado. A tradição no diz que ele pediu para ser crucificado de cabeça para baixo por reverência ao seu Mestre! Esse é o mesmo homem que Jesus chamou de “pedra de tropeço” e que O negou três vezes! Com a presença do Ressuscitado, o discípulo de Jesus supera todas as suas fragilidades.
Paulo era um perseguidor dos cristãos e se chamava Saulo. Ele liderava a perseguição aos cristãos. Esteve presente no apedrejamento de Estevão. Encontrou o Ressuscitado no caminho a Damasco e se converte. Tornou-se Paulo e começou a pregar o evangelho para todo o mundo. Fez viagens longas e fundou comunidades cristãs em terras distantes. Sofreu perseguição e foi preso em Roma. Escreveu da prisão as belas epístolas que hoje temos na Bíblia. Também sofreu o martírio. Foi degolado. Antes de morrer, ele nos deixou um belo testamento da sua vida: “Estou pronto… chegou a minha hora… combati o bom combate… terminei a corrida… conservei a fé… E agora aguardo o prêmio dos justos. O Senhor esteve comigo… a ele glória”.
Qual será o meu e o seu testamento quando terminarmos a nossa vida terrena? Quem é Jesus para mim? Para Pedro, Jesus é o Messias, Filho de Deus vivo. A minha resposta deve ser da minha experiência pessoal com Jesus. Pedro e Paulo tiveram um encontro pessoal com Jesus e isso resultou em mudança de nomes e de vida. Um se tornou o primeiro Papa da Igreja católica e o outro o maior pregador do Evangelho. O meu encontro com Jesus na mesa da Palavra e da Eucaristia deve refletir na minha vida com mudanças de atitudes em favor do Evangelho. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (Jr 20,10-13)
2ª Leitura (Rm 5,12-15)
Evangelho (Mt 10, 26-33)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Somos todos corajosos e caminhamos sempre, apesar das muitas dificuldades que temos na vida, como os nossos medos, com os quais convivemos diariamente. Medo das enfermidades, medo da violência, medo dos conflitos ou das guerra, medo do desemprego, medo de perder alguém que nos ama, medo da morte, etc.
No evangelho de hoje, Jesus orienta os seus discípulos a vencerem os seus medos. Lembremo-nos da liturgia da Palavra do domingo passado, na qual Jesus chamou os doze e os enviou para a missão. Nesse contexto do chamado e do envio, os discípulos de Jesus manifestam três tipos de medo: o medo do fracasso, o medo pela sobrevivência e o medo da morte. Jesus disse-lhes três vezes: “Não tenhais medo” e garante que, apesar das provocações e dificuldades, a Sua mensagem se difundirá e transformará o mundo.
O que é decisivo na vida do discípulo não é a morte física, mas sim perder a vida definitiva. Ele convida Seus discípulos a terem confiança na providência de Deus e ilustra Seu amor e solicitude com duas imagens: os pássaros de que Deus cuida e os cabelos cujo número só Ele conhece. A mensagem é clara para nós, seguidores de Jesus. Deus cuida daqueles que Ele chama para a Sua missão. Nós valemos mais do que os pardais e Ele diz que nada lhes acontece sem o Seu consentimento. Ele nos conhece pelo nome. Conhece cada passo que damos na vida. Ele nos protege de todos os perigos, por isso nunca devemos ter medo, e de nada.
Muitas vezes o medo torna-se obstáculo no caminho de evangelizar. O medo e, às vezes, a vergonha impedem muitos cristãos de serem testemunhas de Cristo. Temos de ser destemidos para anunciar o evangelho. Nesse sentido, foi muito significativa uma foto, postada na internet, de um jogador brasileiro levantando a taça de um campeonato europeu e estampando, na faixa que prendia seus cabelos, a frase “100% JESUS”. Ainda, na parte inferior da foto, havia escrito o seguinte versículo do evangelho de hoje: “Todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus” (M t10,32). Reflitamos: quantas vezes deixamos de testemunhar Jesus por medo ou até por vergonha, quando nossos irmãos, em outros lugares do mundo, são perseguidos e mortos!
Na primeira leitura de hoje, temos o exemplo do Jeremias perseguido e preso por ser profeta de Deus. Sente-se abandonado por todos, até por seus familiares e amigos, mas não perde a confiança em Deus. “O Senhor está ao meu lado, como forte guerreiro” (Jr 20,11). Ele sabe que Deus nunca abandona aqueles que procuram testemunhar, no mundo, as suas propostas com coragem e verdade.
Sejamos corajosos e vençamos os nossos medos. Não sejamos medrosos quando se trata de anunciar o evangelho. Nunca tenhamos vergonha de sermos cristãos católicos. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (Êx 19,2-6ª)
2ª Leitura (Rm 5,6-11)
Evangelho (Mt 9,36-10,8)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Na liturgia da Palavra deste domingo, nós encontramos um Deus que chama e envia. Ele quer partilhar a sua missão conosco. A vontade de Deus é que nós participemos ativamente no trabalho do seu Reino. “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi pois ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!”
Na primeira leitura, Deus chama o povo de Israel para ser uma porção escolhida, um povo da aliança, um reino dos sacerdotes e uma nação santa. O chamado é para ser sinal da presença de Deus e de seu Reino no meio dos outros povos. No evangelho, Jesus chama os doze discípulos para serem apóstolos. O chamado é individual e comunitário. Jesus os chama pelo nome para serem mensageiros do seu Reino. Os doze apóstolos representam as doze tribos do povo de Israel. Nesse sentido, representam toda a Igreja. Jesus chama a Igreja para ser discípula e missionária, um sinal da sua presença entre as nações.
A palavra “discípulo” significa “aquele que aprende”. Os discípulos de Jesus são aqueles que aprenderam dele, especialmente, duas atitudes essenciais: a compaixão e a gratuidade, que são as únicas condições para serem apóstolos. Jesus compadeceu-se vendo as pessoas cansadas e abatidas. A morte de Jesus na cruz é a prova do amor gratuito de Deus por nós. Jesus disse aos doze: “…de graça recebestes e de garça deveis dar”.
A palavra “apóstolo” significa enviado ou mensageiro. Jesus chama os doze discípulos para serem mensageiros do Reino de Deus. A mensagem é sempre o Reino de Deus. Os destinatários da mensagem são as ovelhas perdidas da casa de Israel. “Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel! Em vosso caminho, anunciai: ‘O Reino dos Céus está próximo’.” A mensagem primeiramente é para aqueles que estão em nossas proximidades. São os nossos vizinhos, os colegas de nosso trabalho, os membros da nossa própria família e da nossa comunidade.
Eis o desafio da “nova evangelização”, que começará, antes de tudo, no interior da Igreja e de cada um dos cristãos. Evangelizar, em primeiro lugar, a nossa própria família, a nossa pastoral, ministério ou movimento e a nossa Igreja.
A segunda leitura nos anima em nossa missão de sermos Igreja discípula e missionária, em primeiro lugar, em nosso interior. “Pois bem, a prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores.”
Sabemos que Jesus caminha conosco sempre. Sejamos compassivos e gratuitos em nosso trabalho de anunciar o Reino de Deus e ser sinal da presença de Deus no mundo. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (Ex 34,4b-6;8-9)
2ª Leitura (2Cor 13,11-13)
Evangelho (Jo 3,16-18)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Hoje celebramos a solenidade da Santíssima Trindade. O mistério de um só Deus que se revela em três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. É a festa do nosso Deus Uno e Trino. A pergunta que faço a vocês é: quem é que nos falou que nosso Deus é trinitário? De onde e como nós sabemos que o Deus em que nós cremos é um Deus família? O próprio Jesus nos revela a vida íntima de Deus. O antigo testamento desconhecia a Trindade. O Deus do antigo testamento é um único Senhor. No novo testamento, nós encontramos a presença do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Jesus nos fala do seu Pai, de si mesmo como Filho e do Espírito Santo, o defensor que procede do Pai e do Filho. No envio dos apóstolos à missão, Jesus disse: “… ide e fazei com que todos os povos da Terra se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28:19).
A liturgia da festa de hoje não é um convite para decifrarmos o “Mistério” que se esconde por detrás de “um Deus em três pessoas”, mas uma oportunidade para mergulharmos no mistério de amor. A vida da Santíssima Trindade é vida de amor. Deus é amor e se revelou ao mundo e a nós por amor. Esse mistério é tão sublime que nunca poderemos compreendê-lo em plenitude, mas podemos e devemos crescer no seu conhecimento.
As leituras de hoje nos ajudam a compreender melhor o mistério da Santíssima Trindade. Na 1ª leitura, Deus se revela a Moisés como o Deus do amor e da misericórdia, o Deus próximo que vem ao encontro do homem. Deus é fiel, apesar da infidelidade de Israel. A 2a Leitura mostra que Deus é um Deus próximo, permanece sempre “conosco” e é para conosco graça, paz e comunhão. Paulo saúda os primeiros cristãos com uma fórmula trinitária, que repetimos ainda hoje no início das missas: “A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco”.
Para compreendermos melhor o mistério da Santissima Trindade, atribuímos a cada pessoa das três pessoas uma função. O PAI é o criador, aquele que nos criou e tomou a iniciativa de nos salvar, destinando-nos uma felicidade eterna na sua família. O FILHO é o redentor, aquele que realizou a obra de salvação com a sua vinda ao mundo e a sua fidelidade até a morte. O ESPÍRITO SANTO, o Amor que une o Pai com o Filho, é o santificador. É aquele que foi infundido no coração de todos os cristãos no Batismo e que nos capacita a crer e testemunhar. Atribuímos funções diferentes às três pessoas da Santíssima Trindade, mas sabemos que é um único Deus e cremos na sua unicidade.
Deus Uno e Trino, apesar da sua grandeza, escolheu habitar em nós para nos salvar. “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16).
Ter esse tesouro precioso, a Santíssima Trindade, dentro de nós é uma dignidade que deve provocar em nós três atitudes: adoração, amor e imitação. Como cristãos, adorar sempre o Deus Uno e Trino. Por exemplo, não ter vergonha de fazer sinal da cruz quando passamos em frente de uma igreja. Como cristãos, viver o mandamento do amor. Viver do amor, com amor e para amar. E, como cristãos, que cremos em Deus família, Deus comunidade, devemos imitar a Santíssima Trindade, vivendo o diálogo e a fraternidade e valorizando a vida em família e comunidade. A festa de hoje nos ajude viver as três atitudes: adoração, amor e imitação.
Sejamos reflexos da Santíssima Trindade, sinais de comunhão e partilha. Renovemos a nossa fé em Deus Uno e Trino. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 2,1-11)
2ª Leitura (1 Cor 12,3b-7.12- 13)
Evangelho (Jo 20,19-23)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje a solenidade de Pentecostes. É a festa da descida do Espírito Santo sobre os apóstolos. Quem é o Espírito Santo? Nós aprendemos na catequese que é a terceira pessoa da Santíssima Trindade. Nós cremos no Espírito Santo que procede do Pai e do Filho, com o Pai e o Filho é adorado e glorificado. O Deus em que nós acreditamos é o Deus Uno e Trino. Celebraremos este mistério da Santíssima Trindade no próximo domingo. A liturgia de hoje nos apresenta duas perspectivas diferentes do único mistério de Pentecostes. Na perspectiva do evangelista João, a descida do Espírito Santo sobre os discípulos acontece no mesmo dia da Páscoa. E, na perspectiva do evangelista Lucas, a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos acontece depois de 50 dias da Páscoa. É o mesmo mistério em diferentes perspectivas de apresentação.
No Evangelho, João situa a recepção do Espírito Santo na Galileia, ao anoitecer do dia da Páscoa. Ele disse-lhes três vezes: “A paz esteja convosco”. Jesus transmite aos discípulos que estavam com medo dos Judeus a serenidade, a segurança e a paz. Disse-lhes também: “Como o Pai me enviou assim também eu vos envio”. É o término da sua missão terrena de Jesus e o início da missão da Igreja. Na sua missão, a Igreja não estará sem a presença de Jesus. Os discípulos recebem o Espírito Santo. Jesus soprou sobre eles e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo”. O sopro de Jesus é o sopro da vida. No livro do Gênesis, Deus cria Adão e Eva do barro e sopra sobre eles. O ar é invisível, mas tem o poder de mover as coisas. O Espírito Santo é invisível, mas é real. Ele está presente na vida dos discípulos e da Igreja. Como cantamos na sequência, Ele tem o poder de dobrar o que é duro e aquecer o que é frio. Ele renova a face da Terra e move a Igreja em sua missão.
Na 1ª leitura, Lucas descreve a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos como um fato solene, acontecido em Jerusalém, na festa do Pentecostes. Era uma festa judaica muito antiga, celebrada 50 dias depois da Páscoa. Inicialmente era uma festa agrícola, mas depois passou a celebrar a chegada do povo de Israel ao Sinai, onde recebeu a Lei de Deus. Então, tornou-se a festa da Lei, da Aliança. Agora, Lucas quer afirmar que, no dia da festa da entrega da Lei a Moisés, recebemos a nova Lei de Cristo: o Espírito Santo.
Nós todos recebemos o Espírito Santo no Batismo e na Crisma. É o nosso Pentecostes! O Espírito Santo vem nos dar todos os seus sete dons: sabedoria, conselho, entendimento, ciência, fortaleza, temor de Deus e piedade. Pela ação do Espírito Santo, quando os acolhemos em nossos corações e em nossas vidas, produzimos os frutos do Espírito Santo, como está na Epístola aos Gálatas: “O fruto do espírito é a caridade, a alegria, a paz, a paciência, a longanimidade, a bondade, a benignidade, a mansidão, a fidelidade, a modéstia, a continência, a castidade” (Gl 5, 22-23). Sejamos a Igreja, o corpo de Cristo, que produz os frutos do Espírito Santo. Deixemos-nos mover pelo Espírito Santo. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 1, 1-11)
2ª Leitura (Ef 1, 17-23)
Evangelho (Mt 28, 16-20)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Estamos no tempo pascal em que celebramos o mistério da Páscoa do Senhor. É a passagem de Jesus da morte para a vida. Celebramos três solenidades durante o tempo pascal: Ressurreição do Senhor, Ascensão do Senhor e Pentecostes. São três momentos catequéticos de um único mistério de fé: a Páscoa do Senhor. Na Ressurreição, a liturgia destaca a Sua vitória sobre a morte; na Ascensão, a Sua exaltação como Senhor do céu e da terra; e no Pentecostes, a ação do Espírito Santo na Igreja. A morte de Jesus na cruz não é uma derrota, mas, sim, uma vitória. Sim, é o fim da Sua missão terrena, mas o início da missão salvadora da Igreja.
A liturgia da Palavra de hoje nos traz três mensagens. A primeira, a Ascensão de Cristo, reforça a esperança de nossa própria ascensão. A vitória de Jesus sobre a morte é a nossa vitória. Ressuscitaremos após o término da vida terrena. Seremos elevados ao céu por meio de Jesus Cristo. Vejam o que nós rezamos no prefácio da missa de hoje: “Ele ‘subiu’ para dar-nos a esperança de que um dia iremos ao Seu encontro, onde Ele nos precedeu…” Não só a vida eterna, mas também, como cristãos, vivemos a esperança de que amanhã será melhor. Há muitos sinais de morte no mundo em que vivemos: doenças, violência, conflitos, guerras, injustiça, pobreza, corrupção, imoralidade e crise política e econômica, mas não podemos perder a esperança. Jesus venceu para nós todas as forças de morte. Venceremos também nós.
A segunda mensagem é que a Ascensão do Senhor nos lembra de que somos enviados de Cristo para continuar e completar a sua obra. Não podemos ficar parados, olhando para o céu. Devemos ser discípulos e missionários no Reino de Deus. Não basta rezarmos, adorarmos o Santíssimo e participarmos das missas aos domingos. É preciso sermos missionários com o testemunho de vida. Sermos um povo alegre que vive a esperança em Cristo e a transmite aos outros. A nossa oração deve ser acompanhada sempre de ações e gestos concretos de fé, esperança e caridade.
E a terceira mensagem é que o trabalho missionário não dependerá apenas de nossas forças. Cristo nos garante a Sua presença: “Estarei convosco todos os dias, até ao fim dos tempos”. Jesus envia os apóstolos a Jerusalém para aguardar o Espírito Santo. Também, Cristo já tinha afirmado: “Sem mim nada podeis fazer.” Por isso, a Igreja não começa com a ação, mas com a oração. Jesus é a cabeça e nós somos o corpo, diz a segunda leitura de hoje. Busquemos ser discípulos missionários de Jesus que vivem a fé, a esperança e a caridade. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 8,5-8.14- 17)
2ª Leitura (1Pd 3,15-18)
Evangelho (Jo 14,15-21)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje o sexto domingo da Páscoa, e a liturgia da Palavra do dia nos prepara para duas grandes festas: ASCENSÃO e PENTECOSTES. O discurso da despedida de Jesus no evangelho de hoje nos lembra da subida de Jesus ao céu. O pentecostes samaritano, na primeira leitura, e a promessa do Espírito Santo no evangelho nos lembram da descida do Espírito Santo sobre os apóstolos.
No discurso da despedida, Jesus pede aos discípulos para permanecerem sempre unidos a Ele. Conta-lhes a parábola da videira e dos ramos. Ensina-lhes que, para permanecerem nEle, é preciso amar, assim como Ele os amou. Os discípulos estão tristes, com medo da separação, da perseguição e da ausência de Jesus. Estão com medo de caminhar sozinhos. Jesus os anima, declarando que não os deixará órfãos no mundo. Ele vai ao Pai, mas vai encontrar um modo de continuar presente e de acompanhar a caminhada dos seus discípulos. Promete-lhes que enviará o Defensor, o Espírito da Verdade. A palavra “paráclito” significa “aquele que está ao lado de quem está em dificuldade”.
Quem ama Jesus merece receber o Espírito Santo. “Se alguém me ama, guardará os meus mandamentos.” Amar a Jesus significa viver os seus mandamentos. Quais são os mandamentos de Jesus? Não são os 10 mandamentos do antigo testamento, porque Jesus resumiu a Lei e os Profetas a só dois: amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como Ele nos amou. Quem observa os mandamentos de Jesus não somente recebe o Espírito Santo, mas também é amado pelo Pai, torna-se capaz de perceber a manifestação de Cristo e, sobretudo, torna-se a morada de Deus.
Se guardarmos os mandamentos de Jesus, se colocarmos Deus em primeiro lugar em nossa vida e sobre todas as coisas e se vivermos o amor fraterno, Ele fará, em nossos corações, em nossas famílias e em nossa comunidade, a Sua morada. Por isso, meus irmãos e minhas irmãs, procuremos sempre observar os mandamentos de Jesus e preparemos para as festas da Ascensão e de Pentecostes. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 6,1-7)
2ª Leitura (1Pd 2,4-9)
Evangelho (Jo 14,1-12)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
No evangelho dos domingos anteriores, vimos a preocupação de Jesus em formar uma comunidade que continuasse a sua obra. Mas o que é mesmo uma comunidade cristã? As leituras bíblicas de hoje nos dão uma resposta.
Em primeiro lugar, a comunidade cristã é um povo organizado. É uma comunidade hierárquica em que as responsabilidades são partilhadas entre os seus membros. Na comunidade primitiva, quando os cristãos de origem grega se queixam que as suas viúvas não estão recebendo a mesma atenção que as viúvas judaicas, os apóstolos propõem a escolha de sete homens honrados, ficando eles mais livres para a oração e para o serviço da palavra.
Em segundo lugar, a comunidade é um povo peregrino. No evangelho de hoje, a Igreja aparece como um povo peregrino que caminha para Deus, guiado por Cristo, que é o Caminho, a Verdade e a Vida. Jesus é o Caminho porque é o único “Mediador” da salvação. Jesus é a Verdade porque é o “Revelador” do projeto de Deus. E Jesus é a Vida porque é o “Salvador” que nos dá a vida de Deus, que ele possui. Por isso, somente por meio de Jesus é que vamos chegar ao Pai. O mundo nos oferece muitos outros caminhos, mas sabemos que o caminho que nos leva para a vida em plenitude é Jesus. Ele é o Caminho que devemos percorrer com os irmãos. Ele é a Verdade que devemos proclamar ao mundo carente da luz divina. Ele é a Vida que devemos defender e cuidar.
Em terceiro lugar, na segunda leitura de hoje, a comunidade é comparada a um edifício espiritual, no qual somos as “pedras vivas” e Cristo é a “pedra angular”. Não somos uma comunidade parada, sem vida. Somos pedras vivas. Temos muitas pastorais, ministérios, movimentos e serviços em que podemos atuar. Jesus disse: “há muitas moradas na casa do Pai”. Todos podemos ter um lugar no céu. Assim também, aqui na Igreja e em nossa comunidade, todos podemos ter um lugar. Basta nos dispormos. Participemos ativamente da vida da Igreja!
Resumindo, somos um povo organizado para servir; um povo peregrino que caminha junto para o Pai por meio de Jesus; e um edifício espiritual em que somos pedras vivas e Cristo é a pedra angular. Rezemos pela nossa comunidade e por todas as pastorais, movimentos, ministérios e serviços, para que sejamos um povo organizado para o serviço e tenhamos sempre Cristo como o Caminho, a Verdade e a Vida. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 2,14a.36-41),
2ª Leitura (1Pd2,20b-25),
Evangelho (Jo 10,1-10)
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje o Domingo do Bom Pastor. A imagem do bom pastor é conhecida no antigo testamento, em que Deus chama os pastores para conduzirem o seu povo, como chamou Moisés e Davi. Os profetas falavam de o próprio Deus ser o pastor e conduzir o povo de Israel. No novo testamento, Jesus recebe o titulo do Bom Pastor. Na Igreja o Papa e os bispos, como líderes, representam o Pastor Jesus Cristo. Por isso, neste domingo, rezemos também pelos nossos pastores: o Papa, os bispos, os sacerdotes e os religiosos.
Com a imagem do Bom Pastor, o evangelho de hoje nos quer apresentar a missão de Jesus. Qual é essa missão? Um pastor de ovelhas tem a missão de cuidar das suas ovelhas, conduzindo-as para pastagens verdejantes e águas repousantes, que são símbolos da vida. Jesus, como Bom Pastor, tem a missão de conduzir todos à vida em plenitude. Ele disse: “Eu vim para que todos tenham a vida, e a tenham em abundância”. Ele conhece as suas ovelhas pelo nome e as ovelhas reconhecem a sua voz. Somos chamados a ouvir sempre a voz do nosso Pastor. Hoje temos outras vozes que nos atraem, por exemplo, a TV, as novelas, as redes sociais, os partidos políticos, as filosofias e as ideologias. Nós não podemos esquecer a voz do nosso Bom Pastor. Devemos estar sempre abertos à sua voz, para que Ele possa nos conduzir à vida em plenitude. Jesus disse: “Eu sou a porta”. A porta tem a função de abrir e fechar. Jesus é a porta pela qual devemos entrar para alcançar a plenitude da vida. É fútil buscar a plenitude da vida por meio das outras portas que mundo nos oferece.
A primeira e a segunda leituras, na liturgia de hoje, nos ensinam qual deve ser o nosso comportamento como ovelhas que ouvem a voz do seu pastor. Segundo a pregação de Pedro, na primeira leitura de hoje, somos chamados à conversão e ao batismo. Converter-se significa para nós, seguidores de Jesus, estar sempre em processo contínuo de mudança de vida voltada para Jesus. Somos batizados, e para nós receber o batismo significa receber o Espírito Santo e acolher os ensinamentos de Jesus. Como batizados, somos chamados também a suportar a injustiça e a violência com paciência e amor e a praticar sempre o bem diante do mal, seguindo os passos do Bom Pastor. Rezemos hoje pelas vocações sacerdotais e religiosas, para que tenhamos bons pastores em nossa Igreja. Rezemos também pelas lideranças das comunidades, pastorais, movimentos, ministérios e serviços, para que todos possam seguir os passos do Bom Pastor e sejam fiéis à missão de conduzir o rebanho para Jesus. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 2,14.22-33),
2ª Leitura (1Pd 1,17-21),
Evangelho (Lc 24,13-35).
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
A Liturgia deste domingo nos garante que Deus sempre caminha conosco, especialmente quando nós nos desanimamos devido a dificuldades e crises em nossa vida. O episódio dos discípulos de Emaús nos lembra também dos nossos momentos de desânimo, afastamento de Deus ou ruptura com Ele. No evangelho de hoje, os dois discípulos estão a caminho de Emaús.
É um caminho de fuga perante o medo da perseguição. É um caminho de ruptura com Jesus, o Mestre. Após a experiência de ver a morte de Jesus na cruz, sentem-se derrotados e decepcionados. Esperavam um Messias Glorioso para libertar o povo de Israel da opressão dos inimigos. Sentindo-se traídos, abandonam o projeto e a proposta de Jesus e o seu reino. O caminho de Emaús é a volta para a vida antiga.
Interessante que o evangelista diz o nome de um dos discípulos, Cléofas, mas o outro fica no anonimato. Este outro poderia ser eu, você; poderia ser a minha ou a sua família; poderia ser a nossa comunidade ou qualquer outra comunidade que crê em Jesus e está no seu seguimento.
Perante a dificuldade ou a crise, nós também nos desanimamos. Quantas vezes nós, como indivíduos ou famílias, rompemos com Deus porque nos sentimos decepcionados! Quantas vezes nós nos afastamos da comunidade por causa de um padre ou de um coordenador de pastoral por nos sentimos decepcionados! Mas Deus não nos abandona. Ele caminha conosco.
Vejam: no evangelho, Jesus caminha com os discípulos desanimados. Apesar de eles não o reconhecerem, Jesus continua caminhando com eles como peregrino, como intérprete da sagrada escritura e como amigo íntimo, que aceita ficar e sentar-se à mesa com eles. Ele somente é reconhecido ao partir o Pão. Cristo não abandona os seus discípulos nunca.
A santa missa é um lugar privilegiado da presença verdadeira e viva de Jesus Cristo. Ele se faz presente ao partir o pão na mesa da Eucaristia. Ele se faz presente na mesa da Palavra quando ouvimos a Sua Palavra e nela meditamos. Também se faz presente na comunidade reunida em seu nome. Os dois discípulos retornam à comunidade dos apóstolos após a experiência que tiveram de Cristo ter caminhado com eles, ter explicado a sagrada escritura e ter-se revelado a eles ao partir o pão. Permaneçamos sempre na comunidade e participemos da mesa da Palavra e da Eucaristia. Nos momentos de desânimo e dificuldades, tenhamos a certeza de que Ele caminha conosco e, com coragem, supliquemos sempre a Ele: “fica conosco Senhor”. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura – At 2,42-47
2ª Leitura – 1Pd 1,3-9
Evangelho – Jo 20,19-31
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
Na liturgia celebrada no primeiro domingo da Páscoa, nós conhecemos João como o “discípulo ideal”, aquele que Jesus amava. Um discípulo que esteve com Jesus nos momentos importantes da sua vida, como no Monte Tabor, na Monte das Oliveiras e aos pés da cruz no Monte Calvário. No evangelho do domingo passado, ele e Pedro corriam ao túmulo vazio e diz o evangelho que ele entrou nele, viu e acreditou. Ele é o outro discípulo referido no Evangelho de João, que poderia ser qualquer um de nós. Um discípulo que Jesus ama e que ama Jesus. E quem ama acredita!
Depois de conhecer o “discípulo ideal”, a liturgia, no evangelho de hoje, apresenta-nos uma “comunidade ideal”: a comunidade dos apóstolos. Ela está reunida em um lugar, a portas fechadas por medo dos judeus. E Jesus aparece no meio deles por duas vezes e sempre no primeiro dia da semana, quer dizer, no domingo. A “comunidade ideal” é uma comunidade que se reúne uma vez por semana, aos domingos, tendo Jesus Cristo no meio dela. Jesus Cristo é o centro, o ponto de referência e a razão da sua existência. Jesus soprou sobre a comunidade dos apóstolos e disse: “Recebei o Espírito Santo” e a enviou em missão. Disse duas vezes: “A paz esteja convosco”. A paz significa harmonia e serenidade para vencer o medo da perseguição e morte. A palavra “paz”, shalom em hebraico, quer dizer vida plena. A comunidade encontra a vida plena em Jesus Cristo, a razão do seu ser. É de extrema importância que a nossa comunidade, que também é Igreja, tenha sempre Jesus Cristo no centro. Ele é a videira e nós os seus ramos. Como comunidade, sempre nos alimentemos da Sua palavra e da Sua presença na Eucaristia.
A primeira leitura de hoje, por meio da vida da comunidade primitiva, ensina-nos a ser a Igreja de Cristo, a comunidade ideal, que, tendo Jesus Cristo no centro, reúne-se uma vez por semana para ouvir os ensinamentos dos apóstolos, partir o pão e fazer orações. Também, diz a leitura, que eles vendiam as suas propriedades e colocavam tudo em comum. São três pontos importantes para sermos comunidade, Igreja. Primeiro, ouvir os ensinamentos dos apóstolos, que é a catequese, é acolher a Palavra de Deus e os ensinamentos da Igreja. Segundo, partir o pão é a celebração litúrgica, a Eucaristia, da qual todos nós participamos. Terceiro, a partilha.
Não somos uma “comunidade ideal”, mas podemos ser uma comunidade que vive a partilha, como na participação no dízimo, nas oferta e nas campanhas da Igreja em prol da evangelização.
Ouvir a Palavra de Deus e os ensinamentos da Igreja é professar a nossa fé, como o fez Tomé, ao dizer “Meu Senhor e meu Deus!”.
Celebrar a Eucaristia ou a Missa é professar a nossa fé, como o fez Tomé, ao dizer “Meu Senhor e meu Deus!”.
Participar da partilha na comunidade é professar a nossa fé, como o fez Tomé, ao dizer “Meu Senhor e meu Deus!”.
E Jesus disse: “Bem-aventurados os que creram sem ter visto”. Somos felizes, meus irmãos e minhas irmãs, porque acreditamos em Jesus Cristo, o Ressuscitado, que se faz presente para nós na Palavra, na Eucaristia e na Partilha. Reunidos aos domingos, transmitamos aos Tomés do nosso tempo, aos ausentes da comunidade, a alegria de estarmos na presença do Ressuscitado. Rezemos para que eles também possam crer e dizer: “Meu Senhor e meu Deus!”. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 10, 34a. 37-43);
2ª Leitura (Cl 3, 1-4);
Evangelho (Jo 20, 1-9)
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje o Domingo da Páscoa. A palavra páscoa significa passagem. No antigo testamento, recordando-se o êxodo do povo de Israel, celebrava-se a Páscoa como passagem: a passagem do Egito para a terra permitida, da escravidão para a libertação. No novo testamento, celebramos na Páscoa a Ressurreição do Senhor, a vitória de Jesus sobre a morte, a passagem da morte para a vida eterna, a vida em plenitude. Celebrar a páscoa de Jesus como a ressurreição do Senhor é celebrar a ressurreição de cada um de nós, é a celebração da Páscoa de todos nós. A morte não tem mais o poder de nos destruir. Jesus venceu a morte por nós. Ele está vivo no meio de nós. A Páscoa de Jesus é a nossa Páscoa.
A liturgia de hoje nos convida a sermos testemunhas de Cristo ressuscitado. Assim, nossa Páscoa é fazer a passagem dos caminhos de morte para o caminho de vida. Vivemos em uma sociedade, seja em nosso país, seja no mundo, onde há muitos caminhos de morte, tais como: abortos, drogas, bebidas, tentativas de suicídio, violência, fome, doenças, analfabetismo, desemprego, crises políticas e econômicas, guerras, insegurança. Na vida pessoal, também temos situações pecadoras, as quais nos escravizam. Ser testemunhas de Cristo é fazer a passagem das situações de morte e da escravidão do pecado para a vida nova. É buscar a paz, a justiça, o amor. É renovar a esperança no Cristo ressuscitado e num mundo melhor.
As leituras de hoje nos trazem o exemplo dos discípulos de Jesus que foram testemunhas de Cristo ressuscitado. No evangelho, Maria Madalena, insegura, desamparada, que ainda não tina assimilado a morte de Jesus, vai procurá-Lo no túmulo vazio. Mas, diante do sepulcro vazio, descobre que a morte não venceu e que Jesus continua vivo. Maria Madalena representa todos nós quando ficamos inseguros e desamparados pelas situações de morte. Não busquemos a vida no túmulo vazio, mas confiemos no Cristo, nossa Páscoa.
João, aquele que Jesus amava, o “discípulo ideal”, que está em sintonia total com Jesus, que corre ao seu encontro de forma mais decidida, que compreende os sinais, pois “Entrou, viu e acreditou”, é um modelo para todos nós. Quem ama acredita. Amar Jesus é acreditar nEle e na sua presença verdadeira, pois está vivo em nosso meio. Pedro, o “discípulo obstinado”, para quem a morte significava fracasso, recusa-se a aceitar que a vida nova passa pela humilhação da Cruz. Mas, na primeira leitura, vemos Pedro corajoso, que se apresenta como testemunha de Cristo ressuscitado aos Judeus.
São Paulo, na segunda leitura de hoje, lembra-nos que, como testemunhas de Cristo ressuscitado, devemos sempre nos esforçar para alcançar as coisas do alto, as coisas celestes, e não as coisas terrestres. Com as nossas boas obras, busquemos viver a verdadeira Páscoa, que é a vida em Cristo. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura – (Is 50,4-7);
2ª Leitura – (Fl 2,6-11);
Evangelho – (Mt 26,14-27,66).
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
Iniciamos hoje a Semana Santa, na qual celebraremos o mistério pascal, mistério da nossa redenção. Há duas partes na liturgia de hoje.
A primeira é a entrada de Jesus na cidade de Jerusalém. É a acolhida de Jesus na cidade de Jerusalém. Num clima de alegria e cantando Hosana, participamos da procissão de Ramos. Somos chamados a acolher Jesus sempre em nossos corações, em nossas famílias e em nossa comunidade. Ele é o Rei da nossa vida. Os ramos bentos e usados na procissão de hoje são para guardar em nossas casas como sinal de acolhimento ao nosso Rei em nossas famílias. Não joguem os ramos no lixo. Tragam-nos, no ano que vem, antes da quaresma, para que sejam queimados e transformados em cinzas, as quais serão usadas na quarta-feira de cinzas. Hoje, acolher Jesus com os Ramos é uma expressão da nossa fé e do nosso compromisso com Ele e com a sua Igreja.
A segunda parte da liturgia é a narração da paixão do Senhor. Com a leitura da paixão do Senhor, na missa, relembramos o caminho do sofrimento e da Cruz. Jesus andou “fazendo o bem” e anunciando um mundo novo de vida, de liberdade, de paz e de amor para todos. A morte de Jesus na cruz é a consequência do anúncio do “Reino”, que provocou tensões e resistências entre os que dominavam o povo. É o resultado do anúncio da boa nova aos pobres e marginalizados e da denúncia da usurpação do poder político e religioso pelos ricos, fariseus, saduceus, mestres da Lei e sacerdotes.
Dois momentos distintos da vida de Jesus: Triunfo e Humilhação. Jesus se apresenta em Jerusalém propondo a paz, a justiça e o amor, mas recebe a violência, a injustiça e a rejeição. O que aconteceu com Jesus nos faz compreender o amor incondicional de Deus pela humanidade. Deus, por amor a todos nós, escolhe o caminho de humilhação e de rebaixamento. Esvazia-se para que todos nós tenhamos a vida plena. São Paulo compreendeu bem este mistério da nossa redenção. Na segunda leitura de hoje, o apóstolo nos explica que Jesus se despojou de sua condição divina e, tomando a forma de escravo, abaixou-se e foi obediente até a morte em uma cruz.
Nós, hoje, ao iniciarmos a Semana Santa, somos chamados a contemplar o “Servo Sofredor”. O profeta Isaías, na primeira leitura, caracteriza os exilados na Babilônia como o “Servo Sofredor”, amado por Deus, que assume o caminho da não violência e confia no socorro do Senhor. As primeiras comunidades cristãs veem em Jesus o “Servo Sofredor”, que escolheu o caminho de não violência, confiando totalmente no seu Pai, que o ressuscitou. Lembremo-nos de que, quando estamos diante de sofrimentos causados por injustiça ou quando somos perseguidos por sermos cristãos, o nosso mestre Jesus sofreu, morreu na cruz, mas também ressuscitou. Seja Ele a nossa força e esperança. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura – (Jr 31,31-34)
2ª Leitura – (Hb 5,7-9)
Evangelho – (Jo 12,20-33)
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
A liturgia deste domingo continua a Catequese Batismal da Quaresma. Depois de apresentar Cristo, ÁGUA para a nossa sede, no diálogo de Jesus com a samaritana, e LUZ para as nossas trevas, na cura do cego, hoje ela nos fala de Cristo, RESSURREIÇÃO para a nossa VIDA.
Na primeira leitura, o povo de Israel, exilado na Babilônia, desesperado e sem futuro, vivia uma situação de morte. E o profeta Ezequiel anuncia vida nova. O texto apresenta a famosa visão dos ossos secos que recebem pele e músculos e saem das sepulturas abertas por Deus. O Espírito do Senhor sopra sobre eles e eles ganham vida. Assim vai acontecer com o povo de Israel, diz o profeta Ezequiel. Deus vai transformar a morte em vida, o desespero em esperança, a escravidão em libertação.
No evangelho, Jesus se apresenta como o SENHOR DA VIDA, e o seu amigo Lázaro recebe a vida. Todos nós que conhecemos Jesus somos amigos dEle e O acolhemos nos sacramentos, na Palavra e em cada irmão e irmã. Acolhemos Jesus nas nossas famílias e nas nossas comunidades. Às vezes, fazemos a experiência da doença e da morte, como a família de Lázaro o fez. Mas, como amigos de Jesus, sabemos que Ele é a Ressurreição e a Vida e a dá aos seus em plenitude. A morte é apenas a passagem para a vida plena.
Na caminhada, como batizados, na família e na comunidade, vivemos um encontro, um diálogo e a profissão de fé, como aconteceu com a samaritana, com o cego de nascença e com os amigos de Jesus. A samaritana, no final do diálogo com Jesus, professou a sua fé, o cego de nascença também, assim como Marta, que disse: “Sim eu creio que tu és Cristo”. Jesus é o nosso amigo fiel. Não nos abandona nunca. Ele se comove com a nossa dor, chora conosco. É solidário na hora de nossas “mortes”, e não somente com simples afeto, mas com amor do SENHOR DA VIDA. Ele é a ressurreição e a vida. O Batismo é um morrer e ressuscitar com Cristo. O discípulo de Jesus, renascido para a Vida no Batismo, carrega em si o germe da verdadeira Vida. A segunda leitura de hoje nos lembra que a Ressurreição de Cristo é a garantia e a promessa de nossa Ressurreição. Por isso renovemos as nossas promessas batismais e façamos a profissão da nossa fé. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura – 1Sm 16,1b.6-7.10-13ª
2ª Leitura – Ef 5,8-14
Evangelho – Jo 9,1-41
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
Temos cinco domingos no tempo da quaresma. O sexto é o Domingo de Ramos que inicia a Semana Santa. A liturgia, nos primeiros dois domingos, ajudou-nos a refletir sobre as práticas quaresmais: penitência, oração e caridade. Também nos chamou a viver o perdão e a reconciliação neste tempo de conversão. No terceiro domingo, no diálogo de Jesus com a samaritana, meditamos sobre um dos símbolos do Batismo com a ÁGUA. A água é o símbolo da VIDA. Hoje, no quarto Domingo da Quaresma, na cura de um cego de nascença, a liturgia nos apresenta outro símbolo: a LUZ. E, no quinto Domingo, na Ressurreição de Lázaro, ouviremos sobre o símbolo da VIDA: a ressurreição é a vida nova com Cristo Ressuscitado. Por isso, podemos dizer que os últimos três domingos da quaresma trazem para nós a catequese batismal.
Lembremo-nos do dia do nosso batismo! Se isso não for possível, lembremos do batismo dos nossos filhos, nossos netos e nossos afilhados. Nesse dia, o padrinho ou a madrinha acendeu uma vela no Círio Pascal, levou-a acesa até a criança e disse: “Receba a luz de Cristo.” Ao recebermos a luz de Cristo, na Igreja, recebemos a FÉ por meio de nossos pais, padrinhos e familiares. Pelo batismo, nós nos tornamos filhos e filhas da Luz. Fomos iluminados por Cristo. O cristão ou o batizado é um “Iluminado”. Todos nós, batizados, somos pessoas iluminadas! O cego de nascença, no evangelho de hoje, foi curado. Ele se tornou uma pessoa “iluminada”. Tornou-se filho da Luz!
Na cura, para dar a “Luz” ao cego, Jesus usou um método estranho: com saliva fez “barro” na terra, ungiu com esse barro os olhos do cego e mandou-o lavar-se na piscina de Siloé (que quer dizer enviado). Isso faz parte da crença da época, de que na saliva ou no hálito havia força. No caso, é a força de Jesus, é o espírito de Jesus. Mas, a cura não é imediata: requer a cooperação do enfermo. A disponibilidade do cego sublinha a sua adesão à proposta de Jesus. O banho na piscina do “enviado” é uma alusão à “Água de Jesus”. Por isso, lembra também a água do BATISMO para quem quiser sair das trevas para viver na luz, como Filhos de Deus.
O cego de nascença, já curado, ao voltar à sua comunidade foi interrogado pelas autoridades sobre o acontecido. Nas suas respostas perante as autoridades, ele se apresentou como uma pessoa iluminada. E, como “pessoa iluminada”, mostra-se: livre (diz o que pensa…); corajoso (não se intimida); sincero (não renuncia à verdade); mantém-se sempre na posição de busca (quer conhecer a verdade: o homem que o curou); e suporta a violência (é expulso da sinagoga). No dia do nosso batismo, durante o rito da Luz, o sacerdote rezou dizendo: “Querida criança, você foi iluminada por Cristo para se tornar luz do mundo. Com a ajuda de seus pais e padrinhos, caminhe como filho(a) da Luz”. Caminhar como filhos e filhas da Luz é a vida de todos os batizados. É ser livre, corajoso, sincero, estar sempre na posição de busca e suportar os sofrimentos por causa do evangelho e de seus valores.
A pessoa “não iluminada”, diz a primeira leitura de hoje, julga as coisas e o mundo com os olhos humanos. Vejam o exemplo de Jessé de Belém. Ele queria que o seu filho primogênito, o mais forte, inteligente e bonito, fosse escolhido para ser rei. Mas Deus, por meio de Samuel, escolhe Davi, o filho mais novo e mais fraco. As pessoas “não iluminadas” não têm a capacidade de enxergar os desígnios de Deus, tornam-se cegas. No final do evangelho de hoje, o cego de nascença professou a sua fé no homem que o curou e disse: “eu creio, Senhor”. Os fariseus se tornaram cegos. Perderam a capacidade de enxergar o Messias. Não podemos ser cristãos se vivermos de cegueiras que nos impedem de ser filhos e filhas da Luz. A segunda leitura nos ensina a sermos cristãos, produzindo o fruto da luz, que se chama bondade, justiça e verdade. Que a nossa celebração eucarística nos ajude a discernir o que agrada a Deus. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Primeiro Livro dos Reis 19, 16b.19-21; Salmo responsorial 15; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Gálatas 5, 1.13-18; Evangelho: Lucas 9, 51-62.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
A “liberdade” hoje é um dos valores fundamentais em nossa sociedade. Lutamos sempre pelos nossos direitos e às vezes até negando aos outros os seus direitos. É uma perspectiva egoísta deste valor fundamental. A liturgia da Palavra de hoje nos propõe a verdadeira liberdade. São Paulo na segunda leitura nos convida à verdadeira liberdade.
Ele avisa aos Gálatas que foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Em que consiste a liberdade para o cristão? O que é ser livre? Trata-se da faculdade de escolher entre duas coisas distintas e opostas? Não. Trata-se de uma espécie de independência ético-moral, em virtude da qual cada um pode fazer o que quiser? Também não. Para Paulo, a verdadeira liberdade consiste em viver no amor. O que nos escraviza é o egoísmo, o orgulho, o isolamento e a autossuficiência. A verdadeira liberdade é a capacidade de amar, de dar a vida. É livre quem se libertou de si próprio e vive para se dar aos outros.
De onde vem essa “liberdade” em nós? Ela nasce da vida que Cristo nos dá. Aderir a Jesus Cristo e à sua proposta de vida gera dentro de nós a capacidade de amar, de superar o egoísmo, o orgulho, a autossuficiência e de viver em liberdade. Viver na escravidão é continuar uma vida centrada em si próprio, ser escravo de si próprio. Segundo São Paulo, a escravidão é viver segundo a carne. Viver na liberdade é viver segundo o Espírito, sair de si e fazer da sua vida um dom, uma partilha.
Seguir Cristo é nascer para a vida nova da Liberdade. No Evangelho, Jesus chama todos para a liberdade. É um convite para amar. É um convite para se doar. Jesus ensina aos seus discípulos as três atitudes ou exigências do seguimento. A primeira é a atitude de renúncia. O primeiro seguidor disse a Jesus: “Eu te seguirei para onde quer que fores”. Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. O seguidor de Jesus deve renunciar totalmente às preocupações materiais e não esperar ter uma vida de conforto. Renunciar às seguranças humanas.
A segunda é a atitude de priorizar. Jesus disse a outro: “Segue-me”. Este respondeu: “Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai”. Jesus respondeu: “Deixe que os mortos enterrem os seus mortos; mas tu vai anunciar o Reino de Deus”. A prioridade do seguidor de Jesus é o Reino de Deus. Os deveres e as obrigações pessoais não devem ser obstáculos em nossa escolha de seguir Jesus.
A terceira é a atitude de perseverar. Um outro ainda lhe disse: “Eu te seguirei, Senhor, mas deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares”. Jesus, porém, respondeu-lhe: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus”. A decisão de seguir Jesus não pode ser parcial. O seguidor não pode voltar atrás!
Deus hoje também nos chama. Podemos rejeitar ou acolher Jesus e sua proposta de vida. O seguimento de Jesus é uma escolha livre. A rejeição não nos exclui do amor de Deus. O Deus revelado por Jesus não é um Deus vingativo. Ele é um Deus misericordioso. Os samaritanos que não acolheram Jesus não foram condenados! Como comunidade de fé, o SIM dado ao chamado de Jesus traz consequências, que são as exigências do seguimento. A nossa escolha de seguir Jesus exige de nós o desapego das coisas materiais, a priorização do reino de Deus e a perseverança perante as hostilidades e a rejeição. Busquemos viver as exigências do seguimento de Jesus. Tenhamos coragem de dizer SIM, como no exemplo de Elizeu, que, apesar dos seus apegos, teve a coragem e a generosidade de viver o seu SIM ao chamado de Deus. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Livro de Zacarias 12, 10-11;13,1; Salmo responsorial 62; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Gálatas 3, 26-29; Evangelho: Lucas 9, 18-24.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
A liturgia da Palavra de hoje nos leva a responder a três perguntas. Duas delas estão no Evangelho de hoje. A primeira pergunta é a de Jesus aos seus discípulos, “Quem diz o povo que eu sou?” ou “Quem sou eu no dizer do povo?” E os discípulos responderam, “Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que é algum dos antigos profetas que ressuscitou”. O povo que só ouvia falar de Jesus e de seus milagres reconhece em Jesus um homem extraordinário, um grande mestre, um operador de milagres, etc. Sabemos que, ainda hoje, há muitos que reconhecem em Jesus apenas um homem extraordinário, um grande líder, um revolucionário, etc.
A segunda pergunta também é de Jesus, e novamente, aos seus discípulos. “E vós, quem dizeis que eu sou?” Os discípulos, representados por Pedro, responderam: “O Cristo de Deus”. Os discípulos que conviviam com Jesus e o seguiam sempre reconhecem em Jesus o Messias, o Salvador. Aqui podemos fazer a nós a mesma pergunta. E como será a nossa resposta? Não deve ser somente aquela que aprendemos de forma decorada, mas, sim, dada com a coragem e a convicção da nossa experiência de fé vivida na comunidade e na igreja.
Não tenhamos medo de dizer aos outros que Jesus é o centro da nossa vida como Igreja e que estar com Jesus é essencial para nós.
Logo após a resposta de Pedro, diz o evangelista que Jesus proibiu-lhes que contassem isso a alguém. Daí surge a terceira pergunta, que eu gostaria de fazer-lhes: Por que Jesus proíbe os seus discípulos de contarem aos outros que Ele é o Messias? Qual é a razão desse sigilo que Jesus impõe aos seus discípulos?
O próprio Evangelho de hoje tem a resposta a essa pergunta. A resposta de Pedro de que Jesus era “O Cristo de Deus” era exata, mas não na sua concepção de quem era o Messias. Ele e os outros discípulos reconheciam em Jesus um Messias político, poderoso e vitorioso. Por causa dessa concepção mal compreendida, Jesus os proíbe de contar a alguém que Ele é o Messias. Na verdade, Jesus se lhes apresenta como o Messias sofredor, dizendo: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”, assim como na primeira leitura, em que o Messias será um homem justo e inocente “transpassado”, um servo sofredor, que desperta, na casa de Davi, uma atitude de conversão e de volta a Deus. Então, essa é a verdadeira identidade de Jesus, que, logo após a sua morte e ressurreição, será proclamada a todos.
Irmãos e irmãs, o caminho do Messias é o caminho da Cruz, o caminho da humildade e o caminho da doação, totalmente contrário ao que os discípulos e o povo esperavam. Os discípulos também terão de seguir o mesmo caminho: terão de passar pela cruz, de ser humildes e se doarem pelo Reino de Deus. Ele disse: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz de cada dia, e siga-me”. Renunciar a si mesmo significa desfazer-se das seguranças e dos prazeres do mundo para estar disponível a seguir Jesus. Tomar a cruz de cada dia é não só aceitar os sofrimentos, as doenças e os desafios da vida, mas também todas as consequências de ser seguidor de Jesus. Saibamos que só quem se libertou do egoísmo e do apego à vida pode seguir Jesus no caminho do amor, da verdade e da Justiça.
Perseverar até o fim no seguimento de Jesus é ser discípulo do Messias sofredor. Somos cristãos e cremos no Jesus Cristo, Crucificado e Ressuscitado. É este Jesus Cristo que somos convidados a reconhecer no irmão necessitado e sofredor, de modo especial no migrante. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Primeiro Livro dos Reis 2, 1-118, 41-43; Salmo responsorial 116; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Gálatas 1, 1-2.6- 10; Evangelho: Lucas 7, 1-10.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
No domingo passado, nós meditamos, na liturgia da Palavra, na Santíssima Trindade, no Deus que nós cremos, Deus uno e trino. Pergunto-lhes: Onde mora este Deus? Ele mora no céu, na terra, nas nossas casas, na nossa Igreja e, principalmente, nos nossos corações. No antigo Testamento, para o povo de Israel, Ele morava na Arca da Aliança que caminhava com eles. Mais tarde, o rei Salomão construiu o templo de Jerusalém como morada de Deus. Na inauguração do templo, o rei Salomão faz uma bela oração, que é a primeira leitura de hoje. Ele pede que Deus escute e a tenda todos os pedidos dos estrangeiros. O Deus Javé é o Senhor de todos os povos!
No Evangelho de hoje, em Cristo, o novo Templo de Deus, a bela oração do rei Salomão é plenamente ouvida. Jesus atende ao pedido de um estrangeiro. O oficial romano, segundo o Evangelho, era um homem bom e humilde. Cuidava bem dos seus escravos e empregados. Era amigo dos judeus e até construiu uma sinagoga para eles. Sempre respeitou os costumes dos judeus. Por isso não quis que Jesus entrasse na sua casa e nem foi encontrar com Jesus pessoalmente. “Senhor, não te incomodes, pois não sou digno de que entres em minha casa. Nem mesmo me achei digno de ir pessoalmente ao teu encontro. Mas ordena com a tua palavra, e o meu empregado ficará curado”. Jesus elogia a fé do estrangeiro, dizendo: “Eu vos declaro que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé”. Jesus é o Salvador de todos os povos. Ele não é exclusividade só de nós, cristãos! A sua Palavra e seu poder não tem fronteiras!
Por isso, nós, como Igreja, somos chamados a não excluir as pessoas do nosso meio por causa da religião, cultura, cor ou raça. Como Igreja, não devemos ter medo de reconhecer o bem que outras religiões fazem à humanidade. É preciso buscar dialogar em vez de condenar e criticar os outros. Diálogo inter-religioso seja um dos caminhos para construirmos um mundo de justiça, paz e amor. Respeitando as diferenças, sim, possamos proclamar o Evangelho a todos. Aprendamos a respeitar os que não têm a mesma fé que a nossa no lugar do nosso trabalho e, às vezes, nas nossas próprias famílias. Ao sofrer intolerância e violência por causa da nossa religião, não percamos a fé, mas, sim, amemo-nos uns aos outros como Ele nos amou. Rezemos sempre pela unidade entre os cristãos e pela paz entre as nações, para que todas as nações possam glorificar o Senhor. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Livro dos Provérbios 8, 22-31; Salmo responsorial 8; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Romanos 5, 1-5; Evangelho: João 16, 12-15.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Todos nós aqui cremos em Deus. No mundo, há muitos que creem em Deus e também há alguns que não creem. Os que creem em Deus são divididos em diferentes religiões, tais como; a cristã, a judia, a muçulmana, a hindu, etc.
Nós somos cristãos e católicos. Pergunto-lhes: O que nos distingue dos outros? Qual é a nossa identidade? Em que Deus nós cremos? Cremos em Deus uno e trino. É o mistério de um só Deus em três pessoas, cuja festa hoje celebramos.
Na natureza, existem muitos mistérios que hoje não conhecemos, mas um dia poderão ser desvendados. Em Deus, o mistério nunca poderá ser totalmente compreendido pela grandeza. Deus se revela na criação, pelos profetas e, mais claramente, na pessoa de Jesus. Podemos e devemos crescer no conhecimento desse mistério, com o auxílio da Bíblia e dos ensinamentos da Igreja.
A Santíssima Trindade e a Boa Nova
O novo Testamento nos ajuda a compreender melhor o mistério da Santíssima Trindade. Lembremo-nos do batismo de Jesus no rio Jordão. Aí a presença da Trindade é evidente (Lc 3,15-16.21- 22). Lembremo-nos, também da passagem de Jesus enviando os discípulos à missão: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mc 28,19-20).
Em outra passagem, Jesus ensinou os seus discípulos a chamar Deus de Pai e lhes prometeu o defensor, o Paráclito. A unidade, principalmente, no Evangelho de João, entre Pai e Filho e Espírito Santo fica mais clara. Deus, como nos ensina São João, é Amor. E o amor é, ao mesmo tempo, três em um: aquele que ama, aquele que é amado e o amor entre os dois. Ao “Amor amante”, nós chamamos de Pai; ao “Amor amado”, de Filho; ao “Amor que circula entre os dois e os abre para o mundo e a humanidade”, Espírito Santo. É uma comunidade de amor vivida pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo.
Em três leituras, as três faces da Trindade
A três leituras de hoje nos ajudam a compreender melhor esse mistério profundo da nossa fé. A Primeira Leitura nos fala do Deus Pai criador. Deus cria o universo com sabedoria e amor. A Segunda Leitura nos fala do Filho redentor. Por meio de Jesus recebemos a paz, a esperança, o seu amor infinito e a vida em plenitude. E o Evangelho nos fala do Espírito Santo. Jesus esclarece aos seus discípulos a missão do Espírito Santo: de nos recordar os seus ensinamentos e nos conduzir à plena verdade.
A festa da Santíssima Trindade é a festa da comunidade, é a festa da família e é a festa do nosso batismo. Somos chamados a contemplar Deus uno e trino no contexto da nossa vivência do amor na família, na comunidade e na Igreja. Por isso, um gesto nosso de amor, comunhão, partilha e serviço, por meio das nossas pastorais, ministérios, movimentos e serviços, é o sinal da nossa fé no Deus uno e trino. As obras de misericórdia que empenhamos em realizar neste ano Santo da Misericórdia são sinais da nossa fé na Santíssima Trindade.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre, Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Atos dos Apóstolos 2, 1-11; Salmo responsorial 103; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Romanos 8, 8-17; Evangelho: João 14, 15-16,23b- 26.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje a festa de Pentecostes. É a festa da descida do Espírito Santo, defensor que Jesus havia prometido, sobre os discípulos. No antigo testamento, o povo de Israel celebrava o Pentecostes. Inicialmente, era uma festa de colheitas. Mais tarde, tornou-se a festa da lei, recebida por Moises cinquenta dias depois da páscoa. São Lucas ao apresentar a descida do Espírito Santo, 50 dias após a Páscoa, quer ensinar a comunidade cristã que a nova lei dos cristãos é o Espírito Santo. Ele que movimenta e renova a Igreja de Cristo.
Os símbolos presentes na primeira leitura de hoje são o vento e as chamas de fogo. O vento é o sinal do movimento. Como a Igreja, guiada pelo Espírito Santo, é chamada a se movimentar. Estar sempre na ativa. Agir em prol do reino de Deus e seus valores. É a missão da Igreja. Por isso, é preciso dizer não a atitudes de indiferença, comodismo e passividade. O fogo transforma e renova. O Espírito Santo transforma os medrosos apóstolos em ardorosos anunciadores das maravilhas de Deus. A nova lei, o Espírito Santo, renova a Igreja transformando os corações dos fiéis para uma vida em Cristo. É necessário que abramos os nossos corações a ação do Espírito Santo, que nos ensina e recorda tudo o que Jesus nos ensinou.
Se o nosso Batismo é a nossa Páscoa, a Crisma é o nosso Pentecostes. Pelo Batismo somos filhos e filhas de Deus e nos tornamos membros da Igreja. E pela Crisma nos tornamos membros atuantes e responsáveis pela Igreja. Ser membros atuantes significa produzir o fruto do Espírito Santo. “O fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” (Gl 5, 22). É sermos testemunhas de Cristo. É sermos pedras vivas da Igreja. Os sete dons que recebemos do Espírito Santo no Pentecostes são para nos auxiliar nesta missão de ser cristãos atuantes e jamais para competir ou nos desunir. Que o Espírito Santo ilumine a nossa vida no caminho da Unidade, do Bem e da Verdade. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Atos dos Apóstolos 1, 1-11; Salmo responsorial 46; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Efésios 1,17-23; Evangelho: Lucas 24,46-53.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje a festa da Ascensão do Senhor. Estamos no tempo pascal e a Ascenção faz parte do mistério pascal. Contemplemos a Ascensão de Jesus no contexto do tempo pascal. Não esqueçamos a paixão, morte e ressureição de Jesus. Lembremo-nos que daqui a uma semana celebraremos o Pentecostes.
O que é a Ascensão de Jesus? É a subida de Jesus ao céu. A volta Dele ao Pai. A liturgia da palavra de hoje nos apresenta este fato. Com certeza não é uma viagem de um astronauta ao universo. O céu não é um lugar acima das nossas cabeças, mas é estar com Deus. Jesus veio do Pai e volta ao Pai. Jesus é o enviado do Pai com a missão de nos redimir e, ao terminar a sua missão, retornar ao Pai. Por isso, a Ascensão de Jesus é o término da sua missão terrena e o início da missão da Igreja.
Vestir os nus e suportar os sofrimentos
Com a missão entregue a Igreja, não podemos ficar parados olhando para o céu. A Missão é de ser testemunhas de Cristo “até os confins do mundo”. A igreja tem a missão de continuar o que Jesus começou. Sua missão é a nossa missão. Teremos sempre o auxílio do Espírito Santo, o Defensor.
No ano Santo da Misericórdia, o Papa Fanscisco nos convida à prática de obras da misericórdia corporais e espirituais. Escolhemos, neste mês de maio, uma obra corporal: vestir os nus e outra espiritual: suportar com paciência os sofrimentos do próximo. Ser testemunhas de Cristo é também praticar as obras da misericórdia. Ouçamos um testemunho do gesto concreto da equipe de costura da nossa comunidade. Amém.
Testemunho da Pastoral da Costura – Regina
“Boa noite a todos; Sou Regina aqui representando a Pastoral da Costura desta Paróquia. Dedicamo-nos a costurar para pessoas carentes desde 1998 (18 anos). Mães Marista, ainda com filhos na Pré-escola, – hoje todos formados e trabalhando – decidiram reunir-se uma vez por semana na casa de uma de nós, para fazermos roupas para crianças necessitadas.
Aquelas de nós, que não tinham habilidade com a máquina de costura, faziam os serviços de passar elásticos, pregar botões ou desmanchar alguma costura que saiu fora do prumo… A costura tornou-se itinerante e, de tempos em tempos, tínhamos uma das casas à disposição para realizarmos o que nos dava tanto prazer, tanta satisfação. Aos poucos, mais amigas foram chegando e hoje somos um grupo de Treze “Coroinhas da Costura” – forma a qual nos tratamos depois de iniciarmos os trabalhos nesta paróquia, no outono de 2011 (5 anos).
Reunimo-nos todas as quartas-feiras, no período da tarde ou a qualquer momento que se faça necessário para atender demandas ou alavancar a produção das peças. A dinâmica do grupo obedece de forma natural ao movimento de um Ateliê de Costura, apesar da simplicidade, pois todas se empenham em costurar, dar o melhor de si, mas nenhuma de nós é costureira profissional. Priorizamos, por opção, o vestuário infantil, tanto para meninos quanto para meninas.
Costuramos roupas de algodão, flanela e tactel, confeccionando pijamas; bermudas; vestidinhos; calças compridas; camisolas; blusinhas; entre outros. O destino da produção sempre é uma comunidade carente. Já há alguns anos assistimos o Asilo Santa Mônica, em Formosa, que ampara mulheres portadoras de distúrbios mentais.
Para estas, confeccionamos camisolas e casacos de flanela. Disponibilizamos também as roupinhas para os Vicentinos desta Paróquia e também da Paróquia Pai Nosso, que, respectivamente, auxiliam as comunidades carentes do Paranoá e Trecho 7, do Lago Norte. Atendemos, ainda, entidades necessitadas que chegam até nós com seus pedidos.
Agradecemos à Paróquia do Verbo Divino, aos Padres Denzil e Waldir, a disponibilização da Sala para que possamos realizar essa obra, que pouco a pouco, vai atendendo comunidades carentes e mais do que a nossa oferta é a satisfação de ver as peças prontas, resultado do trabalho voluntário do grupo. São momentos especiais que nos enchem de Graça e quem sabe, podemos, humildemente, pensar que estamos atendendo ao chamado de Jesus Cristo: Eu estava nu e me vestistes … (Mateus 25;36). Obrigada!!!!”
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 12, 1-11)
2ª Leitura (2 Tm 4, 6-8.17-18)
Evangelho (Mt 16, 13-19)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
A nossa Igreja é una, santa, católica, apostólica e romana. Apostólica porque recebemos a fé dos apóstolos. E hoje celebramos a festa solene destes dois apóstolos: São Pedro e São Paulo, que tiveram presença marcante na Igreja primitiva. Pedro foi escolhido por Jesus para conduzir a Igreja. Foi o primeiro Papa. Paulo foi o primeiro missionário a levar o Evangelho para outras nações e povos.
Pedro foi um pescador que trabalhava com seu pai, Jonas, e com seu irmão André. Começou a seguir Jesus logo que Ele o chamou. Chamava-se Simão, mas Jesus mudou seu nome para Pedro, a pedra sobre qual foi construída a Igreja de Cristo. “Pedro, és a Rocha (pedra) sobre a qual edificarei a minha Igreja”. A pedra é a fé de Simão Pedro e a fé dos apóstolos. Sobre a fé dos apóstolos é que Jesus edificou a sua Igreja e é esta fé que professamos até hoje. No evangelho de hoje, ouvimos que Jesus entregou as chaves do Reino dos céus. As chaves simbolizam a autoridade e o poder para governar, conduzir e servir a Igreja. Pedro e todos os 266 papas até agora são a voz do Bom Pastor, são a presença do próprio Cristo na Terra. Por meio dos pastores, o próprio Cristo governa e conduz a Igreja.
Hoje é o dia do Papa. Rezemos pelo nosso Papa Francisco, que Deus lhe dê a sabedoria e a força para conduzir a nossa Igreja. Na primeira leitura de hoje, Pedro está preso pelo seu testemunho, e a atitude da Igreja é de solidariedade e unidade. A comunidade reza por Pedro. E a presença de Deus, através do anjo, liberta Pedro da morte. Mais adiante, Pedro encontra-se em situação similar em Roma. É perseguido e crucificado. A tradição no diz que ele pediu para ser crucificado de cabeça para baixo por reverência ao seu Mestre! Esse é o mesmo homem que Jesus chamou de “pedra de tropeço” e que O negou três vezes! Com a presença do Ressuscitado, o discípulo de Jesus supera todas as suas fragilidades.
Paulo era um perseguidor dos cristãos e se chamava Saulo. Ele liderava a perseguição aos cristãos. Esteve presente no apedrejamento de Estevão. Encontrou o Ressuscitado no caminho a Damasco e se converte. Tornou-se Paulo e começou a pregar o evangelho para todo o mundo. Fez viagens longas e fundou comunidades cristãs em terras distantes. Sofreu perseguição e foi preso em Roma. Escreveu da prisão as belas epístolas que hoje temos na Bíblia. Também sofreu o martírio. Foi degolado. Antes de morrer, ele nos deixou um belo testamento da sua vida: “Estou pronto… chegou a minha hora… combati o bom combate… terminei a corrida… conservei a fé… E agora aguardo o prêmio dos justos. O Senhor esteve comigo… a ele glória”.
Qual será o meu e o seu testamento quando terminarmos a nossa vida terrena? Quem é Jesus para mim? Para Pedro, Jesus é o Messias, Filho de Deus vivo. A minha resposta deve ser da minha experiência pessoal com Jesus. Pedro e Paulo tiveram um encontro pessoal com Jesus e isso resultou em mudança de nomes e de vida. Um se tornou o primeiro Papa da Igreja católica e o outro o maior pregador do Evangelho. O meu encontro com Jesus na mesa da Palavra e da Eucaristia deve refletir na minha vida com mudanças de atitudes em favor do Evangelho. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (Jr 20,10-13)
2ª Leitura (Rm 5,12-15)
Evangelho (Mt 10, 26-33)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Somos todos corajosos e caminhamos sempre, apesar das muitas dificuldades que temos na vida, como os nossos medos, com os quais convivemos diariamente. Medo das enfermidades, medo da violência, medo dos conflitos ou das guerra, medo do desemprego, medo de perder alguém que nos ama, medo da morte, etc.
No evangelho de hoje, Jesus orienta os seus discípulos a vencerem os seus medos. Lembremo-nos da liturgia da Palavra do domingo passado, na qual Jesus chamou os doze e os enviou para a missão. Nesse contexto do chamado e do envio, os discípulos de Jesus manifestam três tipos de medo: o medo do fracasso, o medo pela sobrevivência e o medo da morte. Jesus disse-lhes três vezes: “Não tenhais medo” e garante que, apesar das provocações e dificuldades, a Sua mensagem se difundirá e transformará o mundo.
O que é decisivo na vida do discípulo não é a morte física, mas sim perder a vida definitiva. Ele convida Seus discípulos a terem confiança na providência de Deus e ilustra Seu amor e solicitude com duas imagens: os pássaros de que Deus cuida e os cabelos cujo número só Ele conhece. A mensagem é clara para nós, seguidores de Jesus. Deus cuida daqueles que Ele chama para a Sua missão. Nós valemos mais do que os pardais e Ele diz que nada lhes acontece sem o Seu consentimento. Ele nos conhece pelo nome. Conhece cada passo que damos na vida. Ele nos protege de todos os perigos, por isso nunca devemos ter medo, e de nada.
Muitas vezes o medo torna-se obstáculo no caminho de evangelizar. O medo e, às vezes, a vergonha impedem muitos cristãos de serem testemunhas de Cristo. Temos de ser destemidos para anunciar o evangelho. Nesse sentido, foi muito significativa uma foto, postada na internet, de um jogador brasileiro levantando a taça de um campeonato europeu e estampando, na faixa que prendia seus cabelos, a frase “100% JESUS”. Ainda, na parte inferior da foto, havia escrito o seguinte versículo do evangelho de hoje: “Todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus” (M t10,32). Reflitamos: quantas vezes deixamos de testemunhar Jesus por medo ou até por vergonha, quando nossos irmãos, em outros lugares do mundo, são perseguidos e mortos!
Na primeira leitura de hoje, temos o exemplo do Jeremias perseguido e preso por ser profeta de Deus. Sente-se abandonado por todos, até por seus familiares e amigos, mas não perde a confiança em Deus. “O Senhor está ao meu lado, como forte guerreiro” (Jr 20,11). Ele sabe que Deus nunca abandona aqueles que procuram testemunhar, no mundo, as suas propostas com coragem e verdade.
Sejamos corajosos e vençamos os nossos medos. Não sejamos medrosos quando se trata de anunciar o evangelho. Nunca tenhamos vergonha de sermos cristãos católicos. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (Êx 19,2-6ª)
2ª Leitura (Rm 5,6-11)
Evangelho (Mt 9,36-10,8)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Na liturgia da Palavra deste domingo, nós encontramos um Deus que chama e envia. Ele quer partilhar a sua missão conosco. A vontade de Deus é que nós participemos ativamente no trabalho do seu Reino. “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi pois ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!”
Na primeira leitura, Deus chama o povo de Israel para ser uma porção escolhida, um povo da aliança, um reino dos sacerdotes e uma nação santa. O chamado é para ser sinal da presença de Deus e de seu Reino no meio dos outros povos. No evangelho, Jesus chama os doze discípulos para serem apóstolos. O chamado é individual e comunitário. Jesus os chama pelo nome para serem mensageiros do seu Reino. Os doze apóstolos representam as doze tribos do povo de Israel. Nesse sentido, representam toda a Igreja. Jesus chama a Igreja para ser discípula e missionária, um sinal da sua presença entre as nações.
A palavra “discípulo” significa “aquele que aprende”. Os discípulos de Jesus são aqueles que aprenderam dele, especialmente, duas atitudes essenciais: a compaixão e a gratuidade, que são as únicas condições para serem apóstolos. Jesus compadeceu-se vendo as pessoas cansadas e abatidas. A morte de Jesus na cruz é a prova do amor gratuito de Deus por nós. Jesus disse aos doze: “…de graça recebestes e de garça deveis dar”.
A palavra “apóstolo” significa enviado ou mensageiro. Jesus chama os doze discípulos para serem mensageiros do Reino de Deus. A mensagem é sempre o Reino de Deus. Os destinatários da mensagem são as ovelhas perdidas da casa de Israel. “Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel! Em vosso caminho, anunciai: ‘O Reino dos Céus está próximo’.” A mensagem primeiramente é para aqueles que estão em nossas proximidades. São os nossos vizinhos, os colegas de nosso trabalho, os membros da nossa própria família e da nossa comunidade.
Eis o desafio da “nova evangelização”, que começará, antes de tudo, no interior da Igreja e de cada um dos cristãos. Evangelizar, em primeiro lugar, a nossa própria família, a nossa pastoral, ministério ou movimento e a nossa Igreja.
A segunda leitura nos anima em nossa missão de sermos Igreja discípula e missionária, em primeiro lugar, em nosso interior. “Pois bem, a prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores.”
Sabemos que Jesus caminha conosco sempre. Sejamos compassivos e gratuitos em nosso trabalho de anunciar o Reino de Deus e ser sinal da presença de Deus no mundo. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (Ex 34,4b-6;8-9)
2ª Leitura (2Cor 13,11-13)
Evangelho (Jo 3,16-18)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Hoje celebramos a solenidade da Santíssima Trindade. O mistério de um só Deus que se revela em três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. É a festa do nosso Deus Uno e Trino. A pergunta que faço a vocês é: quem é que nos falou que nosso Deus é trinitário? De onde e como nós sabemos que o Deus em que nós cremos é um Deus família? O próprio Jesus nos revela a vida íntima de Deus. O antigo testamento desconhecia a Trindade. O Deus do antigo testamento é um único Senhor. No novo testamento, nós encontramos a presença do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Jesus nos fala do seu Pai, de si mesmo como Filho e do Espírito Santo, o defensor que procede do Pai e do Filho. No envio dos apóstolos à missão, Jesus disse: “… ide e fazei com que todos os povos da Terra se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28:19).
A liturgia da festa de hoje não é um convite para decifrarmos o “Mistério” que se esconde por detrás de “um Deus em três pessoas”, mas uma oportunidade para mergulharmos no mistério de amor. A vida da Santíssima Trindade é vida de amor. Deus é amor e se revelou ao mundo e a nós por amor. Esse mistério é tão sublime que nunca poderemos compreendê-lo em plenitude, mas podemos e devemos crescer no seu conhecimento.
As leituras de hoje nos ajudam a compreender melhor o mistério da Santíssima Trindade. Na 1ª leitura, Deus se revela a Moisés como o Deus do amor e da misericórdia, o Deus próximo que vem ao encontro do homem. Deus é fiel, apesar da infidelidade de Israel. A 2a Leitura mostra que Deus é um Deus próximo, permanece sempre “conosco” e é para conosco graça, paz e comunhão. Paulo saúda os primeiros cristãos com uma fórmula trinitária, que repetimos ainda hoje no início das missas: “A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco”.
Para compreendermos melhor o mistério da Santissima Trindade, atribuímos a cada pessoa das três pessoas uma função. O PAI é o criador, aquele que nos criou e tomou a iniciativa de nos salvar, destinando-nos uma felicidade eterna na sua família. O FILHO é o redentor, aquele que realizou a obra de salvação com a sua vinda ao mundo e a sua fidelidade até a morte. O ESPÍRITO SANTO, o Amor que une o Pai com o Filho, é o santificador. É aquele que foi infundido no coração de todos os cristãos no Batismo e que nos capacita a crer e testemunhar. Atribuímos funções diferentes às três pessoas da Santíssima Trindade, mas sabemos que é um único Deus e cremos na sua unicidade.
Deus Uno e Trino, apesar da sua grandeza, escolheu habitar em nós para nos salvar. “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16).
Ter esse tesouro precioso, a Santíssima Trindade, dentro de nós é uma dignidade que deve provocar em nós três atitudes: adoração, amor e imitação. Como cristãos, adorar sempre o Deus Uno e Trino. Por exemplo, não ter vergonha de fazer sinal da cruz quando passamos em frente de uma igreja. Como cristãos, viver o mandamento do amor. Viver do amor, com amor e para amar. E, como cristãos, que cremos em Deus família, Deus comunidade, devemos imitar a Santíssima Trindade, vivendo o diálogo e a fraternidade e valorizando a vida em família e comunidade. A festa de hoje nos ajude viver as três atitudes: adoração, amor e imitação.
Sejamos reflexos da Santíssima Trindade, sinais de comunhão e partilha. Renovemos a nossa fé em Deus Uno e Trino. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 2,1-11)
2ª Leitura (1 Cor 12,3b-7.12- 13)
Evangelho (Jo 20,19-23)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje a solenidade de Pentecostes. É a festa da descida do Espírito Santo sobre os apóstolos. Quem é o Espírito Santo? Nós aprendemos na catequese que é a terceira pessoa da Santíssima Trindade. Nós cremos no Espírito Santo que procede do Pai e do Filho, com o Pai e o Filho é adorado e glorificado. O Deus em que nós acreditamos é o Deus Uno e Trino. Celebraremos este mistério da Santíssima Trindade no próximo domingo. A liturgia de hoje nos apresenta duas perspectivas diferentes do único mistério de Pentecostes. Na perspectiva do evangelista João, a descida do Espírito Santo sobre os discípulos acontece no mesmo dia da Páscoa. E, na perspectiva do evangelista Lucas, a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos acontece depois de 50 dias da Páscoa. É o mesmo mistério em diferentes perspectivas de apresentação.
No Evangelho, João situa a recepção do Espírito Santo na Galileia, ao anoitecer do dia da Páscoa. Ele disse-lhes três vezes: “A paz esteja convosco”. Jesus transmite aos discípulos que estavam com medo dos Judeus a serenidade, a segurança e a paz. Disse-lhes também: “Como o Pai me enviou assim também eu vos envio”. É o término da sua missão terrena de Jesus e o início da missão da Igreja. Na sua missão, a Igreja não estará sem a presença de Jesus. Os discípulos recebem o Espírito Santo. Jesus soprou sobre eles e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo”. O sopro de Jesus é o sopro da vida. No livro do Gênesis, Deus cria Adão e Eva do barro e sopra sobre eles. O ar é invisível, mas tem o poder de mover as coisas. O Espírito Santo é invisível, mas é real. Ele está presente na vida dos discípulos e da Igreja. Como cantamos na sequência, Ele tem o poder de dobrar o que é duro e aquecer o que é frio. Ele renova a face da Terra e move a Igreja em sua missão.
Na 1ª leitura, Lucas descreve a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos como um fato solene, acontecido em Jerusalém, na festa do Pentecostes. Era uma festa judaica muito antiga, celebrada 50 dias depois da Páscoa. Inicialmente era uma festa agrícola, mas depois passou a celebrar a chegada do povo de Israel ao Sinai, onde recebeu a Lei de Deus. Então, tornou-se a festa da Lei, da Aliança. Agora, Lucas quer afirmar que, no dia da festa da entrega da Lei a Moisés, recebemos a nova Lei de Cristo: o Espírito Santo.
Nós todos recebemos o Espírito Santo no Batismo e na Crisma. É o nosso Pentecostes! O Espírito Santo vem nos dar todos os seus sete dons: sabedoria, conselho, entendimento, ciência, fortaleza, temor de Deus e piedade. Pela ação do Espírito Santo, quando os acolhemos em nossos corações e em nossas vidas, produzimos os frutos do Espírito Santo, como está na Epístola aos Gálatas: “O fruto do espírito é a caridade, a alegria, a paz, a paciência, a longanimidade, a bondade, a benignidade, a mansidão, a fidelidade, a modéstia, a continência, a castidade” (Gl 5, 22-23). Sejamos a Igreja, o corpo de Cristo, que produz os frutos do Espírito Santo. Deixemos-nos mover pelo Espírito Santo. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 1, 1-11)
2ª Leitura (Ef 1, 17-23)
Evangelho (Mt 28, 16-20)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Estamos no tempo pascal em que celebramos o mistério da Páscoa do Senhor. É a passagem de Jesus da morte para a vida. Celebramos três solenidades durante o tempo pascal: Ressurreição do Senhor, Ascensão do Senhor e Pentecostes. São três momentos catequéticos de um único mistério de fé: a Páscoa do Senhor. Na Ressurreição, a liturgia destaca a Sua vitória sobre a morte; na Ascensão, a Sua exaltação como Senhor do céu e da terra; e no Pentecostes, a ação do Espírito Santo na Igreja. A morte de Jesus na cruz não é uma derrota, mas, sim, uma vitória. Sim, é o fim da Sua missão terrena, mas o início da missão salvadora da Igreja.
A liturgia da Palavra de hoje nos traz três mensagens. A primeira, a Ascensão de Cristo, reforça a esperança de nossa própria ascensão. A vitória de Jesus sobre a morte é a nossa vitória. Ressuscitaremos após o término da vida terrena. Seremos elevados ao céu por meio de Jesus Cristo. Vejam o que nós rezamos no prefácio da missa de hoje: “Ele ‘subiu’ para dar-nos a esperança de que um dia iremos ao Seu encontro, onde Ele nos precedeu…” Não só a vida eterna, mas também, como cristãos, vivemos a esperança de que amanhã será melhor. Há muitos sinais de morte no mundo em que vivemos: doenças, violência, conflitos, guerras, injustiça, pobreza, corrupção, imoralidade e crise política e econômica, mas não podemos perder a esperança. Jesus venceu para nós todas as forças de morte. Venceremos também nós.
A segunda mensagem é que a Ascensão do Senhor nos lembra de que somos enviados de Cristo para continuar e completar a sua obra. Não podemos ficar parados, olhando para o céu. Devemos ser discípulos e missionários no Reino de Deus. Não basta rezarmos, adorarmos o Santíssimo e participarmos das missas aos domingos. É preciso sermos missionários com o testemunho de vida. Sermos um povo alegre que vive a esperança em Cristo e a transmite aos outros. A nossa oração deve ser acompanhada sempre de ações e gestos concretos de fé, esperança e caridade.
E a terceira mensagem é que o trabalho missionário não dependerá apenas de nossas forças. Cristo nos garante a Sua presença: “Estarei convosco todos os dias, até ao fim dos tempos”. Jesus envia os apóstolos a Jerusalém para aguardar o Espírito Santo. Também, Cristo já tinha afirmado: “Sem mim nada podeis fazer.” Por isso, a Igreja não começa com a ação, mas com a oração. Jesus é a cabeça e nós somos o corpo, diz a segunda leitura de hoje. Busquemos ser discípulos missionários de Jesus que vivem a fé, a esperança e a caridade. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 8,5-8.14- 17)
2ª Leitura (1Pd 3,15-18)
Evangelho (Jo 14,15-21)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje o sexto domingo da Páscoa, e a liturgia da Palavra do dia nos prepara para duas grandes festas: ASCENSÃO e PENTECOSTES. O discurso da despedida de Jesus no evangelho de hoje nos lembra da subida de Jesus ao céu. O pentecostes samaritano, na primeira leitura, e a promessa do Espírito Santo no evangelho nos lembram da descida do Espírito Santo sobre os apóstolos.
No discurso da despedida, Jesus pede aos discípulos para permanecerem sempre unidos a Ele. Conta-lhes a parábola da videira e dos ramos. Ensina-lhes que, para permanecerem nEle, é preciso amar, assim como Ele os amou. Os discípulos estão tristes, com medo da separação, da perseguição e da ausência de Jesus. Estão com medo de caminhar sozinhos. Jesus os anima, declarando que não os deixará órfãos no mundo. Ele vai ao Pai, mas vai encontrar um modo de continuar presente e de acompanhar a caminhada dos seus discípulos. Promete-lhes que enviará o Defensor, o Espírito da Verdade. A palavra “paráclito” significa “aquele que está ao lado de quem está em dificuldade”.
Quem ama Jesus merece receber o Espírito Santo. “Se alguém me ama, guardará os meus mandamentos.” Amar a Jesus significa viver os seus mandamentos. Quais são os mandamentos de Jesus? Não são os 10 mandamentos do antigo testamento, porque Jesus resumiu a Lei e os Profetas a só dois: amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como Ele nos amou. Quem observa os mandamentos de Jesus não somente recebe o Espírito Santo, mas também é amado pelo Pai, torna-se capaz de perceber a manifestação de Cristo e, sobretudo, torna-se a morada de Deus.
Se guardarmos os mandamentos de Jesus, se colocarmos Deus em primeiro lugar em nossa vida e sobre todas as coisas e se vivermos o amor fraterno, Ele fará, em nossos corações, em nossas famílias e em nossa comunidade, a Sua morada. Por isso, meus irmãos e minhas irmãs, procuremos sempre observar os mandamentos de Jesus e preparemos para as festas da Ascensão e de Pentecostes. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 6,1-7)
2ª Leitura (1Pd 2,4-9)
Evangelho (Jo 14,1-12)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
No evangelho dos domingos anteriores, vimos a preocupação de Jesus em formar uma comunidade que continuasse a sua obra. Mas o que é mesmo uma comunidade cristã? As leituras bíblicas de hoje nos dão uma resposta.
Em primeiro lugar, a comunidade cristã é um povo organizado. É uma comunidade hierárquica em que as responsabilidades são partilhadas entre os seus membros. Na comunidade primitiva, quando os cristãos de origem grega se queixam que as suas viúvas não estão recebendo a mesma atenção que as viúvas judaicas, os apóstolos propõem a escolha de sete homens honrados, ficando eles mais livres para a oração e para o serviço da palavra.
Em segundo lugar, a comunidade é um povo peregrino. No evangelho de hoje, a Igreja aparece como um povo peregrino que caminha para Deus, guiado por Cristo, que é o Caminho, a Verdade e a Vida. Jesus é o Caminho porque é o único “Mediador” da salvação. Jesus é a Verdade porque é o “Revelador” do projeto de Deus. E Jesus é a Vida porque é o “Salvador” que nos dá a vida de Deus, que ele possui. Por isso, somente por meio de Jesus é que vamos chegar ao Pai. O mundo nos oferece muitos outros caminhos, mas sabemos que o caminho que nos leva para a vida em plenitude é Jesus. Ele é o Caminho que devemos percorrer com os irmãos. Ele é a Verdade que devemos proclamar ao mundo carente da luz divina. Ele é a Vida que devemos defender e cuidar.
Em terceiro lugar, na segunda leitura de hoje, a comunidade é comparada a um edifício espiritual, no qual somos as “pedras vivas” e Cristo é a “pedra angular”. Não somos uma comunidade parada, sem vida. Somos pedras vivas. Temos muitas pastorais, ministérios, movimentos e serviços em que podemos atuar. Jesus disse: “há muitas moradas na casa do Pai”. Todos podemos ter um lugar no céu. Assim também, aqui na Igreja e em nossa comunidade, todos podemos ter um lugar. Basta nos dispormos. Participemos ativamente da vida da Igreja!
Resumindo, somos um povo organizado para servir; um povo peregrino que caminha junto para o Pai por meio de Jesus; e um edifício espiritual em que somos pedras vivas e Cristo é a pedra angular. Rezemos pela nossa comunidade e por todas as pastorais, movimentos, ministérios e serviços, para que sejamos um povo organizado para o serviço e tenhamos sempre Cristo como o Caminho, a Verdade e a Vida. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 2,14a.36-41),
2ª Leitura (1Pd2,20b-25),
Evangelho (Jo 10,1-10)
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje o Domingo do Bom Pastor. A imagem do bom pastor é conhecida no antigo testamento, em que Deus chama os pastores para conduzirem o seu povo, como chamou Moisés e Davi. Os profetas falavam de o próprio Deus ser o pastor e conduzir o povo de Israel. No novo testamento, Jesus recebe o titulo do Bom Pastor. Na Igreja o Papa e os bispos, como líderes, representam o Pastor Jesus Cristo. Por isso, neste domingo, rezemos também pelos nossos pastores: o Papa, os bispos, os sacerdotes e os religiosos.
Com a imagem do Bom Pastor, o evangelho de hoje nos quer apresentar a missão de Jesus. Qual é essa missão? Um pastor de ovelhas tem a missão de cuidar das suas ovelhas, conduzindo-as para pastagens verdejantes e águas repousantes, que são símbolos da vida. Jesus, como Bom Pastor, tem a missão de conduzir todos à vida em plenitude. Ele disse: “Eu vim para que todos tenham a vida, e a tenham em abundância”. Ele conhece as suas ovelhas pelo nome e as ovelhas reconhecem a sua voz. Somos chamados a ouvir sempre a voz do nosso Pastor. Hoje temos outras vozes que nos atraem, por exemplo, a TV, as novelas, as redes sociais, os partidos políticos, as filosofias e as ideologias. Nós não podemos esquecer a voz do nosso Bom Pastor. Devemos estar sempre abertos à sua voz, para que Ele possa nos conduzir à vida em plenitude. Jesus disse: “Eu sou a porta”. A porta tem a função de abrir e fechar. Jesus é a porta pela qual devemos entrar para alcançar a plenitude da vida. É fútil buscar a plenitude da vida por meio das outras portas que mundo nos oferece.
A primeira e a segunda leituras, na liturgia de hoje, nos ensinam qual deve ser o nosso comportamento como ovelhas que ouvem a voz do seu pastor. Segundo a pregação de Pedro, na primeira leitura de hoje, somos chamados à conversão e ao batismo. Converter-se significa para nós, seguidores de Jesus, estar sempre em processo contínuo de mudança de vida voltada para Jesus. Somos batizados, e para nós receber o batismo significa receber o Espírito Santo e acolher os ensinamentos de Jesus. Como batizados, somos chamados também a suportar a injustiça e a violência com paciência e amor e a praticar sempre o bem diante do mal, seguindo os passos do Bom Pastor. Rezemos hoje pelas vocações sacerdotais e religiosas, para que tenhamos bons pastores em nossa Igreja. Rezemos também pelas lideranças das comunidades, pastorais, movimentos, ministérios e serviços, para que todos possam seguir os passos do Bom Pastor e sejam fiéis à missão de conduzir o rebanho para Jesus. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 2,14.22-33),
2ª Leitura (1Pd 1,17-21),
Evangelho (Lc 24,13-35).
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
A Liturgia deste domingo nos garante que Deus sempre caminha conosco, especialmente quando nós nos desanimamos devido a dificuldades e crises em nossa vida. O episódio dos discípulos de Emaús nos lembra também dos nossos momentos de desânimo, afastamento de Deus ou ruptura com Ele. No evangelho de hoje, os dois discípulos estão a caminho de Emaús.
É um caminho de fuga perante o medo da perseguição. É um caminho de ruptura com Jesus, o Mestre. Após a experiência de ver a morte de Jesus na cruz, sentem-se derrotados e decepcionados. Esperavam um Messias Glorioso para libertar o povo de Israel da opressão dos inimigos. Sentindo-se traídos, abandonam o projeto e a proposta de Jesus e o seu reino. O caminho de Emaús é a volta para a vida antiga.
Interessante que o evangelista diz o nome de um dos discípulos, Cléofas, mas o outro fica no anonimato. Este outro poderia ser eu, você; poderia ser a minha ou a sua família; poderia ser a nossa comunidade ou qualquer outra comunidade que crê em Jesus e está no seu seguimento.
Perante a dificuldade ou a crise, nós também nos desanimamos. Quantas vezes nós, como indivíduos ou famílias, rompemos com Deus porque nos sentimos decepcionados! Quantas vezes nós nos afastamos da comunidade por causa de um padre ou de um coordenador de pastoral por nos sentimos decepcionados! Mas Deus não nos abandona. Ele caminha conosco.
Vejam: no evangelho, Jesus caminha com os discípulos desanimados. Apesar de eles não o reconhecerem, Jesus continua caminhando com eles como peregrino, como intérprete da sagrada escritura e como amigo íntimo, que aceita ficar e sentar-se à mesa com eles. Ele somente é reconhecido ao partir o Pão. Cristo não abandona os seus discípulos nunca.
A santa missa é um lugar privilegiado da presença verdadeira e viva de Jesus Cristo. Ele se faz presente ao partir o pão na mesa da Eucaristia. Ele se faz presente na mesa da Palavra quando ouvimos a Sua Palavra e nela meditamos. Também se faz presente na comunidade reunida em seu nome. Os dois discípulos retornam à comunidade dos apóstolos após a experiência que tiveram de Cristo ter caminhado com eles, ter explicado a sagrada escritura e ter-se revelado a eles ao partir o pão. Permaneçamos sempre na comunidade e participemos da mesa da Palavra e da Eucaristia. Nos momentos de desânimo e dificuldades, tenhamos a certeza de que Ele caminha conosco e, com coragem, supliquemos sempre a Ele: “fica conosco Senhor”. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura – At 2,42-47
2ª Leitura – 1Pd 1,3-9
Evangelho – Jo 20,19-31
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
Na liturgia celebrada no primeiro domingo da Páscoa, nós conhecemos João como o “discípulo ideal”, aquele que Jesus amava. Um discípulo que esteve com Jesus nos momentos importantes da sua vida, como no Monte Tabor, na Monte das Oliveiras e aos pés da cruz no Monte Calvário. No evangelho do domingo passado, ele e Pedro corriam ao túmulo vazio e diz o evangelho que ele entrou nele, viu e acreditou. Ele é o outro discípulo referido no Evangelho de João, que poderia ser qualquer um de nós. Um discípulo que Jesus ama e que ama Jesus. E quem ama acredita!
Depois de conhecer o “discípulo ideal”, a liturgia, no evangelho de hoje, apresenta-nos uma “comunidade ideal”: a comunidade dos apóstolos. Ela está reunida em um lugar, a portas fechadas por medo dos judeus. E Jesus aparece no meio deles por duas vezes e sempre no primeiro dia da semana, quer dizer, no domingo. A “comunidade ideal” é uma comunidade que se reúne uma vez por semana, aos domingos, tendo Jesus Cristo no meio dela. Jesus Cristo é o centro, o ponto de referência e a razão da sua existência. Jesus soprou sobre a comunidade dos apóstolos e disse: “Recebei o Espírito Santo” e a enviou em missão. Disse duas vezes: “A paz esteja convosco”. A paz significa harmonia e serenidade para vencer o medo da perseguição e morte. A palavra “paz”, shalom em hebraico, quer dizer vida plena. A comunidade encontra a vida plena em Jesus Cristo, a razão do seu ser. É de extrema importância que a nossa comunidade, que também é Igreja, tenha sempre Jesus Cristo no centro. Ele é a videira e nós os seus ramos. Como comunidade, sempre nos alimentemos da Sua palavra e da Sua presença na Eucaristia.
A primeira leitura de hoje, por meio da vida da comunidade primitiva, ensina-nos a ser a Igreja de Cristo, a comunidade ideal, que, tendo Jesus Cristo no centro, reúne-se uma vez por semana para ouvir os ensinamentos dos apóstolos, partir o pão e fazer orações. Também, diz a leitura, que eles vendiam as suas propriedades e colocavam tudo em comum. São três pontos importantes para sermos comunidade, Igreja. Primeiro, ouvir os ensinamentos dos apóstolos, que é a catequese, é acolher a Palavra de Deus e os ensinamentos da Igreja. Segundo, partir o pão é a celebração litúrgica, a Eucaristia, da qual todos nós participamos. Terceiro, a partilha.
Não somos uma “comunidade ideal”, mas podemos ser uma comunidade que vive a partilha, como na participação no dízimo, nas oferta e nas campanhas da Igreja em prol da evangelização.
Ouvir a Palavra de Deus e os ensinamentos da Igreja é professar a nossa fé, como o fez Tomé, ao dizer “Meu Senhor e meu Deus!”.
Celebrar a Eucaristia ou a Missa é professar a nossa fé, como o fez Tomé, ao dizer “Meu Senhor e meu Deus!”.
Participar da partilha na comunidade é professar a nossa fé, como o fez Tomé, ao dizer “Meu Senhor e meu Deus!”.
E Jesus disse: “Bem-aventurados os que creram sem ter visto”. Somos felizes, meus irmãos e minhas irmãs, porque acreditamos em Jesus Cristo, o Ressuscitado, que se faz presente para nós na Palavra, na Eucaristia e na Partilha. Reunidos aos domingos, transmitamos aos Tomés do nosso tempo, aos ausentes da comunidade, a alegria de estarmos na presença do Ressuscitado. Rezemos para que eles também possam crer e dizer: “Meu Senhor e meu Deus!”. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 10, 34a. 37-43);
2ª Leitura (Cl 3, 1-4);
Evangelho (Jo 20, 1-9)
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje o Domingo da Páscoa. A palavra páscoa significa passagem. No antigo testamento, recordando-se o êxodo do povo de Israel, celebrava-se a Páscoa como passagem: a passagem do Egito para a terra permitida, da escravidão para a libertação. No novo testamento, celebramos na Páscoa a Ressurreição do Senhor, a vitória de Jesus sobre a morte, a passagem da morte para a vida eterna, a vida em plenitude. Celebrar a páscoa de Jesus como a ressurreição do Senhor é celebrar a ressurreição de cada um de nós, é a celebração da Páscoa de todos nós. A morte não tem mais o poder de nos destruir. Jesus venceu a morte por nós. Ele está vivo no meio de nós. A Páscoa de Jesus é a nossa Páscoa.
A liturgia de hoje nos convida a sermos testemunhas de Cristo ressuscitado. Assim, nossa Páscoa é fazer a passagem dos caminhos de morte para o caminho de vida. Vivemos em uma sociedade, seja em nosso país, seja no mundo, onde há muitos caminhos de morte, tais como: abortos, drogas, bebidas, tentativas de suicídio, violência, fome, doenças, analfabetismo, desemprego, crises políticas e econômicas, guerras, insegurança. Na vida pessoal, também temos situações pecadoras, as quais nos escravizam. Ser testemunhas de Cristo é fazer a passagem das situações de morte e da escravidão do pecado para a vida nova. É buscar a paz, a justiça, o amor. É renovar a esperança no Cristo ressuscitado e num mundo melhor.
As leituras de hoje nos trazem o exemplo dos discípulos de Jesus que foram testemunhas de Cristo ressuscitado. No evangelho, Maria Madalena, insegura, desamparada, que ainda não tina assimilado a morte de Jesus, vai procurá-Lo no túmulo vazio. Mas, diante do sepulcro vazio, descobre que a morte não venceu e que Jesus continua vivo. Maria Madalena representa todos nós quando ficamos inseguros e desamparados pelas situações de morte. Não busquemos a vida no túmulo vazio, mas confiemos no Cristo, nossa Páscoa.
João, aquele que Jesus amava, o “discípulo ideal”, que está em sintonia total com Jesus, que corre ao seu encontro de forma mais decidida, que compreende os sinais, pois “Entrou, viu e acreditou”, é um modelo para todos nós. Quem ama acredita. Amar Jesus é acreditar nEle e na sua presença verdadeira, pois está vivo em nosso meio. Pedro, o “discípulo obstinado”, para quem a morte significava fracasso, recusa-se a aceitar que a vida nova passa pela humilhação da Cruz. Mas, na primeira leitura, vemos Pedro corajoso, que se apresenta como testemunha de Cristo ressuscitado aos Judeus.
São Paulo, na segunda leitura de hoje, lembra-nos que, como testemunhas de Cristo ressuscitado, devemos sempre nos esforçar para alcançar as coisas do alto, as coisas celestes, e não as coisas terrestres. Com as nossas boas obras, busquemos viver a verdadeira Páscoa, que é a vida em Cristo. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura – (Is 50,4-7);
2ª Leitura – (Fl 2,6-11);
Evangelho – (Mt 26,14-27,66).
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
Iniciamos hoje a Semana Santa, na qual celebraremos o mistério pascal, mistério da nossa redenção. Há duas partes na liturgia de hoje.
A primeira é a entrada de Jesus na cidade de Jerusalém. É a acolhida de Jesus na cidade de Jerusalém. Num clima de alegria e cantando Hosana, participamos da procissão de Ramos. Somos chamados a acolher Jesus sempre em nossos corações, em nossas famílias e em nossa comunidade. Ele é o Rei da nossa vida. Os ramos bentos e usados na procissão de hoje são para guardar em nossas casas como sinal de acolhimento ao nosso Rei em nossas famílias. Não joguem os ramos no lixo. Tragam-nos, no ano que vem, antes da quaresma, para que sejam queimados e transformados em cinzas, as quais serão usadas na quarta-feira de cinzas. Hoje, acolher Jesus com os Ramos é uma expressão da nossa fé e do nosso compromisso com Ele e com a sua Igreja.
A segunda parte da liturgia é a narração da paixão do Senhor. Com a leitura da paixão do Senhor, na missa, relembramos o caminho do sofrimento e da Cruz. Jesus andou “fazendo o bem” e anunciando um mundo novo de vida, de liberdade, de paz e de amor para todos. A morte de Jesus na cruz é a consequência do anúncio do “Reino”, que provocou tensões e resistências entre os que dominavam o povo. É o resultado do anúncio da boa nova aos pobres e marginalizados e da denúncia da usurpação do poder político e religioso pelos ricos, fariseus, saduceus, mestres da Lei e sacerdotes.
Dois momentos distintos da vida de Jesus: Triunfo e Humilhação. Jesus se apresenta em Jerusalém propondo a paz, a justiça e o amor, mas recebe a violência, a injustiça e a rejeição. O que aconteceu com Jesus nos faz compreender o amor incondicional de Deus pela humanidade. Deus, por amor a todos nós, escolhe o caminho de humilhação e de rebaixamento. Esvazia-se para que todos nós tenhamos a vida plena. São Paulo compreendeu bem este mistério da nossa redenção. Na segunda leitura de hoje, o apóstolo nos explica que Jesus se despojou de sua condição divina e, tomando a forma de escravo, abaixou-se e foi obediente até a morte em uma cruz.
Nós, hoje, ao iniciarmos a Semana Santa, somos chamados a contemplar o “Servo Sofredor”. O profeta Isaías, na primeira leitura, caracteriza os exilados na Babilônia como o “Servo Sofredor”, amado por Deus, que assume o caminho da não violência e confia no socorro do Senhor. As primeiras comunidades cristãs veem em Jesus o “Servo Sofredor”, que escolheu o caminho de não violência, confiando totalmente no seu Pai, que o ressuscitou. Lembremo-nos de que, quando estamos diante de sofrimentos causados por injustiça ou quando somos perseguidos por sermos cristãos, o nosso mestre Jesus sofreu, morreu na cruz, mas também ressuscitou. Seja Ele a nossa força e esperança. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura – (Jr 31,31-34)
2ª Leitura – (Hb 5,7-9)
Evangelho – (Jo 12,20-33)
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
A liturgia deste domingo continua a Catequese Batismal da Quaresma. Depois de apresentar Cristo, ÁGUA para a nossa sede, no diálogo de Jesus com a samaritana, e LUZ para as nossas trevas, na cura do cego, hoje ela nos fala de Cristo, RESSURREIÇÃO para a nossa VIDA.
Na primeira leitura, o povo de Israel, exilado na Babilônia, desesperado e sem futuro, vivia uma situação de morte. E o profeta Ezequiel anuncia vida nova. O texto apresenta a famosa visão dos ossos secos que recebem pele e músculos e saem das sepulturas abertas por Deus. O Espírito do Senhor sopra sobre eles e eles ganham vida. Assim vai acontecer com o povo de Israel, diz o profeta Ezequiel. Deus vai transformar a morte em vida, o desespero em esperança, a escravidão em libertação.
No evangelho, Jesus se apresenta como o SENHOR DA VIDA, e o seu amigo Lázaro recebe a vida. Todos nós que conhecemos Jesus somos amigos dEle e O acolhemos nos sacramentos, na Palavra e em cada irmão e irmã. Acolhemos Jesus nas nossas famílias e nas nossas comunidades. Às vezes, fazemos a experiência da doença e da morte, como a família de Lázaro o fez. Mas, como amigos de Jesus, sabemos que Ele é a Ressurreição e a Vida e a dá aos seus em plenitude. A morte é apenas a passagem para a vida plena.
Na caminhada, como batizados, na família e na comunidade, vivemos um encontro, um diálogo e a profissão de fé, como aconteceu com a samaritana, com o cego de nascença e com os amigos de Jesus. A samaritana, no final do diálogo com Jesus, professou a sua fé, o cego de nascença também, assim como Marta, que disse: “Sim eu creio que tu és Cristo”. Jesus é o nosso amigo fiel. Não nos abandona nunca. Ele se comove com a nossa dor, chora conosco. É solidário na hora de nossas “mortes”, e não somente com simples afeto, mas com amor do SENHOR DA VIDA. Ele é a ressurreição e a vida. O Batismo é um morrer e ressuscitar com Cristo. O discípulo de Jesus, renascido para a Vida no Batismo, carrega em si o germe da verdadeira Vida. A segunda leitura de hoje nos lembra que a Ressurreição de Cristo é a garantia e a promessa de nossa Ressurreição. Por isso renovemos as nossas promessas batismais e façamos a profissão da nossa fé. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura – 1Sm 16,1b.6-7.10-13ª
2ª Leitura – Ef 5,8-14
Evangelho – Jo 9,1-41
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
Temos cinco domingos no tempo da quaresma. O sexto é o Domingo de Ramos que inicia a Semana Santa. A liturgia, nos primeiros dois domingos, ajudou-nos a refletir sobre as práticas quaresmais: penitência, oração e caridade. Também nos chamou a viver o perdão e a reconciliação neste tempo de conversão. No terceiro domingo, no diálogo de Jesus com a samaritana, meditamos sobre um dos símbolos do Batismo com a ÁGUA. A água é o símbolo da VIDA. Hoje, no quarto Domingo da Quaresma, na cura de um cego de nascença, a liturgia nos apresenta outro símbolo: a LUZ. E, no quinto Domingo, na Ressurreição de Lázaro, ouviremos sobre o símbolo da VIDA: a ressurreição é a vida nova com Cristo Ressuscitado. Por isso, podemos dizer que os últimos três domingos da quaresma trazem para nós a catequese batismal.
Lembremo-nos do dia do nosso batismo! Se isso não for possível, lembremos do batismo dos nossos filhos, nossos netos e nossos afilhados. Nesse dia, o padrinho ou a madrinha acendeu uma vela no Círio Pascal, levou-a acesa até a criança e disse: “Receba a luz de Cristo.” Ao recebermos a luz de Cristo, na Igreja, recebemos a FÉ por meio de nossos pais, padrinhos e familiares. Pelo batismo, nós nos tornamos filhos e filhas da Luz. Fomos iluminados por Cristo. O cristão ou o batizado é um “Iluminado”. Todos nós, batizados, somos pessoas iluminadas! O cego de nascença, no evangelho de hoje, foi curado. Ele se tornou uma pessoa “iluminada”. Tornou-se filho da Luz!
Na cura, para dar a “Luz” ao cego, Jesus usou um método estranho: com saliva fez “barro” na terra, ungiu com esse barro os olhos do cego e mandou-o lavar-se na piscina de Siloé (que quer dizer enviado). Isso faz parte da crença da época, de que na saliva ou no hálito havia força. No caso, é a força de Jesus, é o espírito de Jesus. Mas, a cura não é imediata: requer a cooperação do enfermo. A disponibilidade do cego sublinha a sua adesão à proposta de Jesus. O banho na piscina do “enviado” é uma alusão à “Água de Jesus”. Por isso, lembra também a água do BATISMO para quem quiser sair das trevas para viver na luz, como Filhos de Deus.
O cego de nascença, já curado, ao voltar à sua comunidade foi interrogado pelas autoridades sobre o acontecido. Nas suas respostas perante as autoridades, ele se apresentou como uma pessoa iluminada. E, como “pessoa iluminada”, mostra-se: livre (diz o que pensa…); corajoso (não se intimida); sincero (não renuncia à verdade); mantém-se sempre na posição de busca (quer conhecer a verdade: o homem que o curou); e suporta a violência (é expulso da sinagoga). No dia do nosso batismo, durante o rito da Luz, o sacerdote rezou dizendo: “Querida criança, você foi iluminada por Cristo para se tornar luz do mundo. Com a ajuda de seus pais e padrinhos, caminhe como filho(a) da Luz”. Caminhar como filhos e filhas da Luz é a vida de todos os batizados. É ser livre, corajoso, sincero, estar sempre na posição de busca e suportar os sofrimentos por causa do evangelho e de seus valores.
A pessoa “não iluminada”, diz a primeira leitura de hoje, julga as coisas e o mundo com os olhos humanos. Vejam o exemplo de Jessé de Belém. Ele queria que o seu filho primogênito, o mais forte, inteligente e bonito, fosse escolhido para ser rei. Mas Deus, por meio de Samuel, escolhe Davi, o filho mais novo e mais fraco. As pessoas “não iluminadas” não têm a capacidade de enxergar os desígnios de Deus, tornam-se cegas. No final do evangelho de hoje, o cego de nascença professou a sua fé no homem que o curou e disse: “eu creio, Senhor”. Os fariseus se tornaram cegos. Perderam a capacidade de enxergar o Messias. Não podemos ser cristãos se vivermos de cegueiras que nos impedem de ser filhos e filhas da Luz. A segunda leitura nos ensina a sermos cristãos, produzindo o fruto da luz, que se chama bondade, justiça e verdade. Que a nossa celebração eucarística nos ajude a discernir o que agrada a Deus. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Primeiro Livro dos Reis 19, 16b.19-21; Salmo responsorial 15; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Gálatas 5, 1.13-18; Evangelho: Lucas 9, 51-62.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
A “liberdade” hoje é um dos valores fundamentais em nossa sociedade. Lutamos sempre pelos nossos direitos e às vezes até negando aos outros os seus direitos. É uma perspectiva egoísta deste valor fundamental. A liturgia da Palavra de hoje nos propõe a verdadeira liberdade. São Paulo na segunda leitura nos convida à verdadeira liberdade.
Ele avisa aos Gálatas que foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Em que consiste a liberdade para o cristão? O que é ser livre? Trata-se da faculdade de escolher entre duas coisas distintas e opostas? Não. Trata-se de uma espécie de independência ético-moral, em virtude da qual cada um pode fazer o que quiser? Também não. Para Paulo, a verdadeira liberdade consiste em viver no amor. O que nos escraviza é o egoísmo, o orgulho, o isolamento e a autossuficiência. A verdadeira liberdade é a capacidade de amar, de dar a vida. É livre quem se libertou de si próprio e vive para se dar aos outros.
De onde vem essa “liberdade” em nós? Ela nasce da vida que Cristo nos dá. Aderir a Jesus Cristo e à sua proposta de vida gera dentro de nós a capacidade de amar, de superar o egoísmo, o orgulho, a autossuficiência e de viver em liberdade. Viver na escravidão é continuar uma vida centrada em si próprio, ser escravo de si próprio. Segundo São Paulo, a escravidão é viver segundo a carne. Viver na liberdade é viver segundo o Espírito, sair de si e fazer da sua vida um dom, uma partilha.
Seguir Cristo é nascer para a vida nova da Liberdade. No Evangelho, Jesus chama todos para a liberdade. É um convite para amar. É um convite para se doar. Jesus ensina aos seus discípulos as três atitudes ou exigências do seguimento. A primeira é a atitude de renúncia. O primeiro seguidor disse a Jesus: “Eu te seguirei para onde quer que fores”. Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. O seguidor de Jesus deve renunciar totalmente às preocupações materiais e não esperar ter uma vida de conforto. Renunciar às seguranças humanas.
A segunda é a atitude de priorizar. Jesus disse a outro: “Segue-me”. Este respondeu: “Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai”. Jesus respondeu: “Deixe que os mortos enterrem os seus mortos; mas tu vai anunciar o Reino de Deus”. A prioridade do seguidor de Jesus é o Reino de Deus. Os deveres e as obrigações pessoais não devem ser obstáculos em nossa escolha de seguir Jesus.
A terceira é a atitude de perseverar. Um outro ainda lhe disse: “Eu te seguirei, Senhor, mas deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares”. Jesus, porém, respondeu-lhe: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus”. A decisão de seguir Jesus não pode ser parcial. O seguidor não pode voltar atrás!
Deus hoje também nos chama. Podemos rejeitar ou acolher Jesus e sua proposta de vida. O seguimento de Jesus é uma escolha livre. A rejeição não nos exclui do amor de Deus. O Deus revelado por Jesus não é um Deus vingativo. Ele é um Deus misericordioso. Os samaritanos que não acolheram Jesus não foram condenados! Como comunidade de fé, o SIM dado ao chamado de Jesus traz consequências, que são as exigências do seguimento. A nossa escolha de seguir Jesus exige de nós o desapego das coisas materiais, a priorização do reino de Deus e a perseverança perante as hostilidades e a rejeição. Busquemos viver as exigências do seguimento de Jesus. Tenhamos coragem de dizer SIM, como no exemplo de Elizeu, que, apesar dos seus apegos, teve a coragem e a generosidade de viver o seu SIM ao chamado de Deus. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Livro de Zacarias 12, 10-11;13,1; Salmo responsorial 62; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Gálatas 3, 26-29; Evangelho: Lucas 9, 18-24.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
A liturgia da Palavra de hoje nos leva a responder a três perguntas. Duas delas estão no Evangelho de hoje. A primeira pergunta é a de Jesus aos seus discípulos, “Quem diz o povo que eu sou?” ou “Quem sou eu no dizer do povo?” E os discípulos responderam, “Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que é algum dos antigos profetas que ressuscitou”. O povo que só ouvia falar de Jesus e de seus milagres reconhece em Jesus um homem extraordinário, um grande mestre, um operador de milagres, etc. Sabemos que, ainda hoje, há muitos que reconhecem em Jesus apenas um homem extraordinário, um grande líder, um revolucionário, etc.
A segunda pergunta também é de Jesus, e novamente, aos seus discípulos. “E vós, quem dizeis que eu sou?” Os discípulos, representados por Pedro, responderam: “O Cristo de Deus”. Os discípulos que conviviam com Jesus e o seguiam sempre reconhecem em Jesus o Messias, o Salvador. Aqui podemos fazer a nós a mesma pergunta. E como será a nossa resposta? Não deve ser somente aquela que aprendemos de forma decorada, mas, sim, dada com a coragem e a convicção da nossa experiência de fé vivida na comunidade e na igreja.
Não tenhamos medo de dizer aos outros que Jesus é o centro da nossa vida como Igreja e que estar com Jesus é essencial para nós.
Logo após a resposta de Pedro, diz o evangelista que Jesus proibiu-lhes que contassem isso a alguém. Daí surge a terceira pergunta, que eu gostaria de fazer-lhes: Por que Jesus proíbe os seus discípulos de contarem aos outros que Ele é o Messias? Qual é a razão desse sigilo que Jesus impõe aos seus discípulos?
O próprio Evangelho de hoje tem a resposta a essa pergunta. A resposta de Pedro de que Jesus era “O Cristo de Deus” era exata, mas não na sua concepção de quem era o Messias. Ele e os outros discípulos reconheciam em Jesus um Messias político, poderoso e vitorioso. Por causa dessa concepção mal compreendida, Jesus os proíbe de contar a alguém que Ele é o Messias. Na verdade, Jesus se lhes apresenta como o Messias sofredor, dizendo: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”, assim como na primeira leitura, em que o Messias será um homem justo e inocente “transpassado”, um servo sofredor, que desperta, na casa de Davi, uma atitude de conversão e de volta a Deus. Então, essa é a verdadeira identidade de Jesus, que, logo após a sua morte e ressurreição, será proclamada a todos.
Irmãos e irmãs, o caminho do Messias é o caminho da Cruz, o caminho da humildade e o caminho da doação, totalmente contrário ao que os discípulos e o povo esperavam. Os discípulos também terão de seguir o mesmo caminho: terão de passar pela cruz, de ser humildes e se doarem pelo Reino de Deus. Ele disse: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz de cada dia, e siga-me”. Renunciar a si mesmo significa desfazer-se das seguranças e dos prazeres do mundo para estar disponível a seguir Jesus. Tomar a cruz de cada dia é não só aceitar os sofrimentos, as doenças e os desafios da vida, mas também todas as consequências de ser seguidor de Jesus. Saibamos que só quem se libertou do egoísmo e do apego à vida pode seguir Jesus no caminho do amor, da verdade e da Justiça.
Perseverar até o fim no seguimento de Jesus é ser discípulo do Messias sofredor. Somos cristãos e cremos no Jesus Cristo, Crucificado e Ressuscitado. É este Jesus Cristo que somos convidados a reconhecer no irmão necessitado e sofredor, de modo especial no migrante. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Primeiro Livro dos Reis 2, 1-118, 41-43; Salmo responsorial 116; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Gálatas 1, 1-2.6- 10; Evangelho: Lucas 7, 1-10.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
No domingo passado, nós meditamos, na liturgia da Palavra, na Santíssima Trindade, no Deus que nós cremos, Deus uno e trino. Pergunto-lhes: Onde mora este Deus? Ele mora no céu, na terra, nas nossas casas, na nossa Igreja e, principalmente, nos nossos corações. No antigo Testamento, para o povo de Israel, Ele morava na Arca da Aliança que caminhava com eles. Mais tarde, o rei Salomão construiu o templo de Jerusalém como morada de Deus. Na inauguração do templo, o rei Salomão faz uma bela oração, que é a primeira leitura de hoje. Ele pede que Deus escute e a tenda todos os pedidos dos estrangeiros. O Deus Javé é o Senhor de todos os povos!
No Evangelho de hoje, em Cristo, o novo Templo de Deus, a bela oração do rei Salomão é plenamente ouvida. Jesus atende ao pedido de um estrangeiro. O oficial romano, segundo o Evangelho, era um homem bom e humilde. Cuidava bem dos seus escravos e empregados. Era amigo dos judeus e até construiu uma sinagoga para eles. Sempre respeitou os costumes dos judeus. Por isso não quis que Jesus entrasse na sua casa e nem foi encontrar com Jesus pessoalmente. “Senhor, não te incomodes, pois não sou digno de que entres em minha casa. Nem mesmo me achei digno de ir pessoalmente ao teu encontro. Mas ordena com a tua palavra, e o meu empregado ficará curado”. Jesus elogia a fé do estrangeiro, dizendo: “Eu vos declaro que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé”. Jesus é o Salvador de todos os povos. Ele não é exclusividade só de nós, cristãos! A sua Palavra e seu poder não tem fronteiras!
Por isso, nós, como Igreja, somos chamados a não excluir as pessoas do nosso meio por causa da religião, cultura, cor ou raça. Como Igreja, não devemos ter medo de reconhecer o bem que outras religiões fazem à humanidade. É preciso buscar dialogar em vez de condenar e criticar os outros. Diálogo inter-religioso seja um dos caminhos para construirmos um mundo de justiça, paz e amor. Respeitando as diferenças, sim, possamos proclamar o Evangelho a todos. Aprendamos a respeitar os que não têm a mesma fé que a nossa no lugar do nosso trabalho e, às vezes, nas nossas próprias famílias. Ao sofrer intolerância e violência por causa da nossa religião, não percamos a fé, mas, sim, amemo-nos uns aos outros como Ele nos amou. Rezemos sempre pela unidade entre os cristãos e pela paz entre as nações, para que todas as nações possam glorificar o Senhor. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Livro dos Provérbios 8, 22-31; Salmo responsorial 8; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Romanos 5, 1-5; Evangelho: João 16, 12-15.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Todos nós aqui cremos em Deus. No mundo, há muitos que creem em Deus e também há alguns que não creem. Os que creem em Deus são divididos em diferentes religiões, tais como; a cristã, a judia, a muçulmana, a hindu, etc.
Nós somos cristãos e católicos. Pergunto-lhes: O que nos distingue dos outros? Qual é a nossa identidade? Em que Deus nós cremos? Cremos em Deus uno e trino. É o mistério de um só Deus em três pessoas, cuja festa hoje celebramos.
Na natureza, existem muitos mistérios que hoje não conhecemos, mas um dia poderão ser desvendados. Em Deus, o mistério nunca poderá ser totalmente compreendido pela grandeza. Deus se revela na criação, pelos profetas e, mais claramente, na pessoa de Jesus. Podemos e devemos crescer no conhecimento desse mistério, com o auxílio da Bíblia e dos ensinamentos da Igreja.
A Santíssima Trindade e a Boa Nova
O novo Testamento nos ajuda a compreender melhor o mistério da Santíssima Trindade. Lembremo-nos do batismo de Jesus no rio Jordão. Aí a presença da Trindade é evidente (Lc 3,15-16.21- 22). Lembremo-nos, também da passagem de Jesus enviando os discípulos à missão: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mc 28,19-20).
Em outra passagem, Jesus ensinou os seus discípulos a chamar Deus de Pai e lhes prometeu o defensor, o Paráclito. A unidade, principalmente, no Evangelho de João, entre Pai e Filho e Espírito Santo fica mais clara. Deus, como nos ensina São João, é Amor. E o amor é, ao mesmo tempo, três em um: aquele que ama, aquele que é amado e o amor entre os dois. Ao “Amor amante”, nós chamamos de Pai; ao “Amor amado”, de Filho; ao “Amor que circula entre os dois e os abre para o mundo e a humanidade”, Espírito Santo. É uma comunidade de amor vivida pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo.
Em três leituras, as três faces da Trindade
A três leituras de hoje nos ajudam a compreender melhor esse mistério profundo da nossa fé. A Primeira Leitura nos fala do Deus Pai criador. Deus cria o universo com sabedoria e amor. A Segunda Leitura nos fala do Filho redentor. Por meio de Jesus recebemos a paz, a esperança, o seu amor infinito e a vida em plenitude. E o Evangelho nos fala do Espírito Santo. Jesus esclarece aos seus discípulos a missão do Espírito Santo: de nos recordar os seus ensinamentos e nos conduzir à plena verdade.
A festa da Santíssima Trindade é a festa da comunidade, é a festa da família e é a festa do nosso batismo. Somos chamados a contemplar Deus uno e trino no contexto da nossa vivência do amor na família, na comunidade e na Igreja. Por isso, um gesto nosso de amor, comunhão, partilha e serviço, por meio das nossas pastorais, ministérios, movimentos e serviços, é o sinal da nossa fé no Deus uno e trino. As obras de misericórdia que empenhamos em realizar neste ano Santo da Misericórdia são sinais da nossa fé na Santíssima Trindade.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre, Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Atos dos Apóstolos 2, 1-11; Salmo responsorial 103; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Romanos 8, 8-17; Evangelho: João 14, 15-16,23b- 26.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje a festa de Pentecostes. É a festa da descida do Espírito Santo, defensor que Jesus havia prometido, sobre os discípulos. No antigo testamento, o povo de Israel celebrava o Pentecostes. Inicialmente, era uma festa de colheitas. Mais tarde, tornou-se a festa da lei, recebida por Moises cinquenta dias depois da páscoa. São Lucas ao apresentar a descida do Espírito Santo, 50 dias após a Páscoa, quer ensinar a comunidade cristã que a nova lei dos cristãos é o Espírito Santo. Ele que movimenta e renova a Igreja de Cristo.
Os símbolos presentes na primeira leitura de hoje são o vento e as chamas de fogo. O vento é o sinal do movimento. Como a Igreja, guiada pelo Espírito Santo, é chamada a se movimentar. Estar sempre na ativa. Agir em prol do reino de Deus e seus valores. É a missão da Igreja. Por isso, é preciso dizer não a atitudes de indiferença, comodismo e passividade. O fogo transforma e renova. O Espírito Santo transforma os medrosos apóstolos em ardorosos anunciadores das maravilhas de Deus. A nova lei, o Espírito Santo, renova a Igreja transformando os corações dos fiéis para uma vida em Cristo. É necessário que abramos os nossos corações a ação do Espírito Santo, que nos ensina e recorda tudo o que Jesus nos ensinou.
Se o nosso Batismo é a nossa Páscoa, a Crisma é o nosso Pentecostes. Pelo Batismo somos filhos e filhas de Deus e nos tornamos membros da Igreja. E pela Crisma nos tornamos membros atuantes e responsáveis pela Igreja. Ser membros atuantes significa produzir o fruto do Espírito Santo. “O fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” (Gl 5, 22). É sermos testemunhas de Cristo. É sermos pedras vivas da Igreja. Os sete dons que recebemos do Espírito Santo no Pentecostes são para nos auxiliar nesta missão de ser cristãos atuantes e jamais para competir ou nos desunir. Que o Espírito Santo ilumine a nossa vida no caminho da Unidade, do Bem e da Verdade. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Atos dos Apóstolos 1, 1-11; Salmo responsorial 46; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Efésios 1,17-23; Evangelho: Lucas 24,46-53.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje a festa da Ascensão do Senhor. Estamos no tempo pascal e a Ascenção faz parte do mistério pascal. Contemplemos a Ascensão de Jesus no contexto do tempo pascal. Não esqueçamos a paixão, morte e ressureição de Jesus. Lembremo-nos que daqui a uma semana celebraremos o Pentecostes.
O que é a Ascensão de Jesus? É a subida de Jesus ao céu. A volta Dele ao Pai. A liturgia da palavra de hoje nos apresenta este fato. Com certeza não é uma viagem de um astronauta ao universo. O céu não é um lugar acima das nossas cabeças, mas é estar com Deus. Jesus veio do Pai e volta ao Pai. Jesus é o enviado do Pai com a missão de nos redimir e, ao terminar a sua missão, retornar ao Pai. Por isso, a Ascensão de Jesus é o término da sua missão terrena e o início da missão da Igreja.
Vestir os nus e suportar os sofrimentos
Com a missão entregue a Igreja, não podemos ficar parados olhando para o céu. A Missão é de ser testemunhas de Cristo “até os confins do mundo”. A igreja tem a missão de continuar o que Jesus começou. Sua missão é a nossa missão. Teremos sempre o auxílio do Espírito Santo, o Defensor.
No ano Santo da Misericórdia, o Papa Fanscisco nos convida à prática de obras da misericórdia corporais e espirituais. Escolhemos, neste mês de maio, uma obra corporal: vestir os nus e outra espiritual: suportar com paciência os sofrimentos do próximo. Ser testemunhas de Cristo é também praticar as obras da misericórdia. Ouçamos um testemunho do gesto concreto da equipe de costura da nossa comunidade. Amém.
Testemunho da Pastoral da Costura – Regina
“Boa noite a todos; Sou Regina aqui representando a Pastoral da Costura desta Paróquia. Dedicamo-nos a costurar para pessoas carentes desde 1998 (18 anos). Mães Marista, ainda com filhos na Pré-escola, – hoje todos formados e trabalhando – decidiram reunir-se uma vez por semana na casa de uma de nós, para fazermos roupas para crianças necessitadas.
Aquelas de nós, que não tinham habilidade com a máquina de costura, faziam os serviços de passar elásticos, pregar botões ou desmanchar alguma costura que saiu fora do prumo… A costura tornou-se itinerante e, de tempos em tempos, tínhamos uma das casas à disposição para realizarmos o que nos dava tanto prazer, tanta satisfação. Aos poucos, mais amigas foram chegando e hoje somos um grupo de Treze “Coroinhas da Costura” – forma a qual nos tratamos depois de iniciarmos os trabalhos nesta paróquia, no outono de 2011 (5 anos).
Reunimo-nos todas as quartas-feiras, no período da tarde ou a qualquer momento que se faça necessário para atender demandas ou alavancar a produção das peças. A dinâmica do grupo obedece de forma natural ao movimento de um Ateliê de Costura, apesar da simplicidade, pois todas se empenham em costurar, dar o melhor de si, mas nenhuma de nós é costureira profissional. Priorizamos, por opção, o vestuário infantil, tanto para meninos quanto para meninas.
Costuramos roupas de algodão, flanela e tactel, confeccionando pijamas; bermudas; vestidinhos; calças compridas; camisolas; blusinhas; entre outros. O destino da produção sempre é uma comunidade carente. Já há alguns anos assistimos o Asilo Santa Mônica, em Formosa, que ampara mulheres portadoras de distúrbios mentais.
Para estas, confeccionamos camisolas e casacos de flanela. Disponibilizamos também as roupinhas para os Vicentinos desta Paróquia e também da Paróquia Pai Nosso, que, respectivamente, auxiliam as comunidades carentes do Paranoá e Trecho 7, do Lago Norte. Atendemos, ainda, entidades necessitadas que chegam até nós com seus pedidos.
Agradecemos à Paróquia do Verbo Divino, aos Padres Denzil e Waldir, a disponibilização da Sala para que possamos realizar essa obra, que pouco a pouco, vai atendendo comunidades carentes e mais do que a nossa oferta é a satisfação de ver as peças prontas, resultado do trabalho voluntário do grupo. São momentos especiais que nos enchem de Graça e quem sabe, podemos, humildemente, pensar que estamos atendendo ao chamado de Jesus Cristo: Eu estava nu e me vestistes … (Mateus 25;36). Obrigada!!!!”
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 12, 1-11)
2ª Leitura (2 Tm 4, 6-8.17-18)
Evangelho (Mt 16, 13-19)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
A nossa Igreja é una, santa, católica, apostólica e romana. Apostólica porque recebemos a fé dos apóstolos. E hoje celebramos a festa solene destes dois apóstolos: São Pedro e São Paulo, que tiveram presença marcante na Igreja primitiva. Pedro foi escolhido por Jesus para conduzir a Igreja. Foi o primeiro Papa. Paulo foi o primeiro missionário a levar o Evangelho para outras nações e povos.
Pedro foi um pescador que trabalhava com seu pai, Jonas, e com seu irmão André. Começou a seguir Jesus logo que Ele o chamou. Chamava-se Simão, mas Jesus mudou seu nome para Pedro, a pedra sobre qual foi construída a Igreja de Cristo. “Pedro, és a Rocha (pedra) sobre a qual edificarei a minha Igreja”. A pedra é a fé de Simão Pedro e a fé dos apóstolos. Sobre a fé dos apóstolos é que Jesus edificou a sua Igreja e é esta fé que professamos até hoje. No evangelho de hoje, ouvimos que Jesus entregou as chaves do Reino dos céus. As chaves simbolizam a autoridade e o poder para governar, conduzir e servir a Igreja. Pedro e todos os 266 papas até agora são a voz do Bom Pastor, são a presença do próprio Cristo na Terra. Por meio dos pastores, o próprio Cristo governa e conduz a Igreja.
Hoje é o dia do Papa. Rezemos pelo nosso Papa Francisco, que Deus lhe dê a sabedoria e a força para conduzir a nossa Igreja. Na primeira leitura de hoje, Pedro está preso pelo seu testemunho, e a atitude da Igreja é de solidariedade e unidade. A comunidade reza por Pedro. E a presença de Deus, através do anjo, liberta Pedro da morte. Mais adiante, Pedro encontra-se em situação similar em Roma. É perseguido e crucificado. A tradição no diz que ele pediu para ser crucificado de cabeça para baixo por reverência ao seu Mestre! Esse é o mesmo homem que Jesus chamou de “pedra de tropeço” e que O negou três vezes! Com a presença do Ressuscitado, o discípulo de Jesus supera todas as suas fragilidades.
Paulo era um perseguidor dos cristãos e se chamava Saulo. Ele liderava a perseguição aos cristãos. Esteve presente no apedrejamento de Estevão. Encontrou o Ressuscitado no caminho a Damasco e se converte. Tornou-se Paulo e começou a pregar o evangelho para todo o mundo. Fez viagens longas e fundou comunidades cristãs em terras distantes. Sofreu perseguição e foi preso em Roma. Escreveu da prisão as belas epístolas que hoje temos na Bíblia. Também sofreu o martírio. Foi degolado. Antes de morrer, ele nos deixou um belo testamento da sua vida: “Estou pronto… chegou a minha hora… combati o bom combate… terminei a corrida… conservei a fé… E agora aguardo o prêmio dos justos. O Senhor esteve comigo… a ele glória”.
Qual será o meu e o seu testamento quando terminarmos a nossa vida terrena? Quem é Jesus para mim? Para Pedro, Jesus é o Messias, Filho de Deus vivo. A minha resposta deve ser da minha experiência pessoal com Jesus. Pedro e Paulo tiveram um encontro pessoal com Jesus e isso resultou em mudança de nomes e de vida. Um se tornou o primeiro Papa da Igreja católica e o outro o maior pregador do Evangelho. O meu encontro com Jesus na mesa da Palavra e da Eucaristia deve refletir na minha vida com mudanças de atitudes em favor do Evangelho. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (Jr 20,10-13)
2ª Leitura (Rm 5,12-15)
Evangelho (Mt 10, 26-33)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Somos todos corajosos e caminhamos sempre, apesar das muitas dificuldades que temos na vida, como os nossos medos, com os quais convivemos diariamente. Medo das enfermidades, medo da violência, medo dos conflitos ou das guerra, medo do desemprego, medo de perder alguém que nos ama, medo da morte, etc.
No evangelho de hoje, Jesus orienta os seus discípulos a vencerem os seus medos. Lembremo-nos da liturgia da Palavra do domingo passado, na qual Jesus chamou os doze e os enviou para a missão. Nesse contexto do chamado e do envio, os discípulos de Jesus manifestam três tipos de medo: o medo do fracasso, o medo pela sobrevivência e o medo da morte. Jesus disse-lhes três vezes: “Não tenhais medo” e garante que, apesar das provocações e dificuldades, a Sua mensagem se difundirá e transformará o mundo.
O que é decisivo na vida do discípulo não é a morte física, mas sim perder a vida definitiva. Ele convida Seus discípulos a terem confiança na providência de Deus e ilustra Seu amor e solicitude com duas imagens: os pássaros de que Deus cuida e os cabelos cujo número só Ele conhece. A mensagem é clara para nós, seguidores de Jesus. Deus cuida daqueles que Ele chama para a Sua missão. Nós valemos mais do que os pardais e Ele diz que nada lhes acontece sem o Seu consentimento. Ele nos conhece pelo nome. Conhece cada passo que damos na vida. Ele nos protege de todos os perigos, por isso nunca devemos ter medo, e de nada.
Muitas vezes o medo torna-se obstáculo no caminho de evangelizar. O medo e, às vezes, a vergonha impedem muitos cristãos de serem testemunhas de Cristo. Temos de ser destemidos para anunciar o evangelho. Nesse sentido, foi muito significativa uma foto, postada na internet, de um jogador brasileiro levantando a taça de um campeonato europeu e estampando, na faixa que prendia seus cabelos, a frase “100% JESUS”. Ainda, na parte inferior da foto, havia escrito o seguinte versículo do evangelho de hoje: “Todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus” (M t10,32). Reflitamos: quantas vezes deixamos de testemunhar Jesus por medo ou até por vergonha, quando nossos irmãos, em outros lugares do mundo, são perseguidos e mortos!
Na primeira leitura de hoje, temos o exemplo do Jeremias perseguido e preso por ser profeta de Deus. Sente-se abandonado por todos, até por seus familiares e amigos, mas não perde a confiança em Deus. “O Senhor está ao meu lado, como forte guerreiro” (Jr 20,11). Ele sabe que Deus nunca abandona aqueles que procuram testemunhar, no mundo, as suas propostas com coragem e verdade.
Sejamos corajosos e vençamos os nossos medos. Não sejamos medrosos quando se trata de anunciar o evangelho. Nunca tenhamos vergonha de sermos cristãos católicos. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (Êx 19,2-6ª)
2ª Leitura (Rm 5,6-11)
Evangelho (Mt 9,36-10,8)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Na liturgia da Palavra deste domingo, nós encontramos um Deus que chama e envia. Ele quer partilhar a sua missão conosco. A vontade de Deus é que nós participemos ativamente no trabalho do seu Reino. “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi pois ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!”
Na primeira leitura, Deus chama o povo de Israel para ser uma porção escolhida, um povo da aliança, um reino dos sacerdotes e uma nação santa. O chamado é para ser sinal da presença de Deus e de seu Reino no meio dos outros povos. No evangelho, Jesus chama os doze discípulos para serem apóstolos. O chamado é individual e comunitário. Jesus os chama pelo nome para serem mensageiros do seu Reino. Os doze apóstolos representam as doze tribos do povo de Israel. Nesse sentido, representam toda a Igreja. Jesus chama a Igreja para ser discípula e missionária, um sinal da sua presença entre as nações.
A palavra “discípulo” significa “aquele que aprende”. Os discípulos de Jesus são aqueles que aprenderam dele, especialmente, duas atitudes essenciais: a compaixão e a gratuidade, que são as únicas condições para serem apóstolos. Jesus compadeceu-se vendo as pessoas cansadas e abatidas. A morte de Jesus na cruz é a prova do amor gratuito de Deus por nós. Jesus disse aos doze: “…de graça recebestes e de garça deveis dar”.
A palavra “apóstolo” significa enviado ou mensageiro. Jesus chama os doze discípulos para serem mensageiros do Reino de Deus. A mensagem é sempre o Reino de Deus. Os destinatários da mensagem são as ovelhas perdidas da casa de Israel. “Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel! Em vosso caminho, anunciai: ‘O Reino dos Céus está próximo’.” A mensagem primeiramente é para aqueles que estão em nossas proximidades. São os nossos vizinhos, os colegas de nosso trabalho, os membros da nossa própria família e da nossa comunidade.
Eis o desafio da “nova evangelização”, que começará, antes de tudo, no interior da Igreja e de cada um dos cristãos. Evangelizar, em primeiro lugar, a nossa própria família, a nossa pastoral, ministério ou movimento e a nossa Igreja.
A segunda leitura nos anima em nossa missão de sermos Igreja discípula e missionária, em primeiro lugar, em nosso interior. “Pois bem, a prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores.”
Sabemos que Jesus caminha conosco sempre. Sejamos compassivos e gratuitos em nosso trabalho de anunciar o Reino de Deus e ser sinal da presença de Deus no mundo. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (Ex 34,4b-6;8-9)
2ª Leitura (2Cor 13,11-13)
Evangelho (Jo 3,16-18)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Hoje celebramos a solenidade da Santíssima Trindade. O mistério de um só Deus que se revela em três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. É a festa do nosso Deus Uno e Trino. A pergunta que faço a vocês é: quem é que nos falou que nosso Deus é trinitário? De onde e como nós sabemos que o Deus em que nós cremos é um Deus família? O próprio Jesus nos revela a vida íntima de Deus. O antigo testamento desconhecia a Trindade. O Deus do antigo testamento é um único Senhor. No novo testamento, nós encontramos a presença do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Jesus nos fala do seu Pai, de si mesmo como Filho e do Espírito Santo, o defensor que procede do Pai e do Filho. No envio dos apóstolos à missão, Jesus disse: “… ide e fazei com que todos os povos da Terra se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28:19).
A liturgia da festa de hoje não é um convite para decifrarmos o “Mistério” que se esconde por detrás de “um Deus em três pessoas”, mas uma oportunidade para mergulharmos no mistério de amor. A vida da Santíssima Trindade é vida de amor. Deus é amor e se revelou ao mundo e a nós por amor. Esse mistério é tão sublime que nunca poderemos compreendê-lo em plenitude, mas podemos e devemos crescer no seu conhecimento.
As leituras de hoje nos ajudam a compreender melhor o mistério da Santíssima Trindade. Na 1ª leitura, Deus se revela a Moisés como o Deus do amor e da misericórdia, o Deus próximo que vem ao encontro do homem. Deus é fiel, apesar da infidelidade de Israel. A 2a Leitura mostra que Deus é um Deus próximo, permanece sempre “conosco” e é para conosco graça, paz e comunhão. Paulo saúda os primeiros cristãos com uma fórmula trinitária, que repetimos ainda hoje no início das missas: “A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco”.
Para compreendermos melhor o mistério da Santissima Trindade, atribuímos a cada pessoa das três pessoas uma função. O PAI é o criador, aquele que nos criou e tomou a iniciativa de nos salvar, destinando-nos uma felicidade eterna na sua família. O FILHO é o redentor, aquele que realizou a obra de salvação com a sua vinda ao mundo e a sua fidelidade até a morte. O ESPÍRITO SANTO, o Amor que une o Pai com o Filho, é o santificador. É aquele que foi infundido no coração de todos os cristãos no Batismo e que nos capacita a crer e testemunhar. Atribuímos funções diferentes às três pessoas da Santíssima Trindade, mas sabemos que é um único Deus e cremos na sua unicidade.
Deus Uno e Trino, apesar da sua grandeza, escolheu habitar em nós para nos salvar. “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16).
Ter esse tesouro precioso, a Santíssima Trindade, dentro de nós é uma dignidade que deve provocar em nós três atitudes: adoração, amor e imitação. Como cristãos, adorar sempre o Deus Uno e Trino. Por exemplo, não ter vergonha de fazer sinal da cruz quando passamos em frente de uma igreja. Como cristãos, viver o mandamento do amor. Viver do amor, com amor e para amar. E, como cristãos, que cremos em Deus família, Deus comunidade, devemos imitar a Santíssima Trindade, vivendo o diálogo e a fraternidade e valorizando a vida em família e comunidade. A festa de hoje nos ajude viver as três atitudes: adoração, amor e imitação.
Sejamos reflexos da Santíssima Trindade, sinais de comunhão e partilha. Renovemos a nossa fé em Deus Uno e Trino. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 2,1-11)
2ª Leitura (1 Cor 12,3b-7.12- 13)
Evangelho (Jo 20,19-23)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje a solenidade de Pentecostes. É a festa da descida do Espírito Santo sobre os apóstolos. Quem é o Espírito Santo? Nós aprendemos na catequese que é a terceira pessoa da Santíssima Trindade. Nós cremos no Espírito Santo que procede do Pai e do Filho, com o Pai e o Filho é adorado e glorificado. O Deus em que nós acreditamos é o Deus Uno e Trino. Celebraremos este mistério da Santíssima Trindade no próximo domingo. A liturgia de hoje nos apresenta duas perspectivas diferentes do único mistério de Pentecostes. Na perspectiva do evangelista João, a descida do Espírito Santo sobre os discípulos acontece no mesmo dia da Páscoa. E, na perspectiva do evangelista Lucas, a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos acontece depois de 50 dias da Páscoa. É o mesmo mistério em diferentes perspectivas de apresentação.
No Evangelho, João situa a recepção do Espírito Santo na Galileia, ao anoitecer do dia da Páscoa. Ele disse-lhes três vezes: “A paz esteja convosco”. Jesus transmite aos discípulos que estavam com medo dos Judeus a serenidade, a segurança e a paz. Disse-lhes também: “Como o Pai me enviou assim também eu vos envio”. É o término da sua missão terrena de Jesus e o início da missão da Igreja. Na sua missão, a Igreja não estará sem a presença de Jesus. Os discípulos recebem o Espírito Santo. Jesus soprou sobre eles e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo”. O sopro de Jesus é o sopro da vida. No livro do Gênesis, Deus cria Adão e Eva do barro e sopra sobre eles. O ar é invisível, mas tem o poder de mover as coisas. O Espírito Santo é invisível, mas é real. Ele está presente na vida dos discípulos e da Igreja. Como cantamos na sequência, Ele tem o poder de dobrar o que é duro e aquecer o que é frio. Ele renova a face da Terra e move a Igreja em sua missão.
Na 1ª leitura, Lucas descreve a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos como um fato solene, acontecido em Jerusalém, na festa do Pentecostes. Era uma festa judaica muito antiga, celebrada 50 dias depois da Páscoa. Inicialmente era uma festa agrícola, mas depois passou a celebrar a chegada do povo de Israel ao Sinai, onde recebeu a Lei de Deus. Então, tornou-se a festa da Lei, da Aliança. Agora, Lucas quer afirmar que, no dia da festa da entrega da Lei a Moisés, recebemos a nova Lei de Cristo: o Espírito Santo.
Nós todos recebemos o Espírito Santo no Batismo e na Crisma. É o nosso Pentecostes! O Espírito Santo vem nos dar todos os seus sete dons: sabedoria, conselho, entendimento, ciência, fortaleza, temor de Deus e piedade. Pela ação do Espírito Santo, quando os acolhemos em nossos corações e em nossas vidas, produzimos os frutos do Espírito Santo, como está na Epístola aos Gálatas: “O fruto do espírito é a caridade, a alegria, a paz, a paciência, a longanimidade, a bondade, a benignidade, a mansidão, a fidelidade, a modéstia, a continência, a castidade” (Gl 5, 22-23). Sejamos a Igreja, o corpo de Cristo, que produz os frutos do Espírito Santo. Deixemos-nos mover pelo Espírito Santo. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 1, 1-11)
2ª Leitura (Ef 1, 17-23)
Evangelho (Mt 28, 16-20)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Estamos no tempo pascal em que celebramos o mistério da Páscoa do Senhor. É a passagem de Jesus da morte para a vida. Celebramos três solenidades durante o tempo pascal: Ressurreição do Senhor, Ascensão do Senhor e Pentecostes. São três momentos catequéticos de um único mistério de fé: a Páscoa do Senhor. Na Ressurreição, a liturgia destaca a Sua vitória sobre a morte; na Ascensão, a Sua exaltação como Senhor do céu e da terra; e no Pentecostes, a ação do Espírito Santo na Igreja. A morte de Jesus na cruz não é uma derrota, mas, sim, uma vitória. Sim, é o fim da Sua missão terrena, mas o início da missão salvadora da Igreja.
A liturgia da Palavra de hoje nos traz três mensagens. A primeira, a Ascensão de Cristo, reforça a esperança de nossa própria ascensão. A vitória de Jesus sobre a morte é a nossa vitória. Ressuscitaremos após o término da vida terrena. Seremos elevados ao céu por meio de Jesus Cristo. Vejam o que nós rezamos no prefácio da missa de hoje: “Ele ‘subiu’ para dar-nos a esperança de que um dia iremos ao Seu encontro, onde Ele nos precedeu…” Não só a vida eterna, mas também, como cristãos, vivemos a esperança de que amanhã será melhor. Há muitos sinais de morte no mundo em que vivemos: doenças, violência, conflitos, guerras, injustiça, pobreza, corrupção, imoralidade e crise política e econômica, mas não podemos perder a esperança. Jesus venceu para nós todas as forças de morte. Venceremos também nós.
A segunda mensagem é que a Ascensão do Senhor nos lembra de que somos enviados de Cristo para continuar e completar a sua obra. Não podemos ficar parados, olhando para o céu. Devemos ser discípulos e missionários no Reino de Deus. Não basta rezarmos, adorarmos o Santíssimo e participarmos das missas aos domingos. É preciso sermos missionários com o testemunho de vida. Sermos um povo alegre que vive a esperança em Cristo e a transmite aos outros. A nossa oração deve ser acompanhada sempre de ações e gestos concretos de fé, esperança e caridade.
E a terceira mensagem é que o trabalho missionário não dependerá apenas de nossas forças. Cristo nos garante a Sua presença: “Estarei convosco todos os dias, até ao fim dos tempos”. Jesus envia os apóstolos a Jerusalém para aguardar o Espírito Santo. Também, Cristo já tinha afirmado: “Sem mim nada podeis fazer.” Por isso, a Igreja não começa com a ação, mas com a oração. Jesus é a cabeça e nós somos o corpo, diz a segunda leitura de hoje. Busquemos ser discípulos missionários de Jesus que vivem a fé, a esperança e a caridade. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 8,5-8.14- 17)
2ª Leitura (1Pd 3,15-18)
Evangelho (Jo 14,15-21)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje o sexto domingo da Páscoa, e a liturgia da Palavra do dia nos prepara para duas grandes festas: ASCENSÃO e PENTECOSTES. O discurso da despedida de Jesus no evangelho de hoje nos lembra da subida de Jesus ao céu. O pentecostes samaritano, na primeira leitura, e a promessa do Espírito Santo no evangelho nos lembram da descida do Espírito Santo sobre os apóstolos.
No discurso da despedida, Jesus pede aos discípulos para permanecerem sempre unidos a Ele. Conta-lhes a parábola da videira e dos ramos. Ensina-lhes que, para permanecerem nEle, é preciso amar, assim como Ele os amou. Os discípulos estão tristes, com medo da separação, da perseguição e da ausência de Jesus. Estão com medo de caminhar sozinhos. Jesus os anima, declarando que não os deixará órfãos no mundo. Ele vai ao Pai, mas vai encontrar um modo de continuar presente e de acompanhar a caminhada dos seus discípulos. Promete-lhes que enviará o Defensor, o Espírito da Verdade. A palavra “paráclito” significa “aquele que está ao lado de quem está em dificuldade”.
Quem ama Jesus merece receber o Espírito Santo. “Se alguém me ama, guardará os meus mandamentos.” Amar a Jesus significa viver os seus mandamentos. Quais são os mandamentos de Jesus? Não são os 10 mandamentos do antigo testamento, porque Jesus resumiu a Lei e os Profetas a só dois: amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como Ele nos amou. Quem observa os mandamentos de Jesus não somente recebe o Espírito Santo, mas também é amado pelo Pai, torna-se capaz de perceber a manifestação de Cristo e, sobretudo, torna-se a morada de Deus.
Se guardarmos os mandamentos de Jesus, se colocarmos Deus em primeiro lugar em nossa vida e sobre todas as coisas e se vivermos o amor fraterno, Ele fará, em nossos corações, em nossas famílias e em nossa comunidade, a Sua morada. Por isso, meus irmãos e minhas irmãs, procuremos sempre observar os mandamentos de Jesus e preparemos para as festas da Ascensão e de Pentecostes. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 6,1-7)
2ª Leitura (1Pd 2,4-9)
Evangelho (Jo 14,1-12)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
No evangelho dos domingos anteriores, vimos a preocupação de Jesus em formar uma comunidade que continuasse a sua obra. Mas o que é mesmo uma comunidade cristã? As leituras bíblicas de hoje nos dão uma resposta.
Em primeiro lugar, a comunidade cristã é um povo organizado. É uma comunidade hierárquica em que as responsabilidades são partilhadas entre os seus membros. Na comunidade primitiva, quando os cristãos de origem grega se queixam que as suas viúvas não estão recebendo a mesma atenção que as viúvas judaicas, os apóstolos propõem a escolha de sete homens honrados, ficando eles mais livres para a oração e para o serviço da palavra.
Em segundo lugar, a comunidade é um povo peregrino. No evangelho de hoje, a Igreja aparece como um povo peregrino que caminha para Deus, guiado por Cristo, que é o Caminho, a Verdade e a Vida. Jesus é o Caminho porque é o único “Mediador” da salvação. Jesus é a Verdade porque é o “Revelador” do projeto de Deus. E Jesus é a Vida porque é o “Salvador” que nos dá a vida de Deus, que ele possui. Por isso, somente por meio de Jesus é que vamos chegar ao Pai. O mundo nos oferece muitos outros caminhos, mas sabemos que o caminho que nos leva para a vida em plenitude é Jesus. Ele é o Caminho que devemos percorrer com os irmãos. Ele é a Verdade que devemos proclamar ao mundo carente da luz divina. Ele é a Vida que devemos defender e cuidar.
Em terceiro lugar, na segunda leitura de hoje, a comunidade é comparada a um edifício espiritual, no qual somos as “pedras vivas” e Cristo é a “pedra angular”. Não somos uma comunidade parada, sem vida. Somos pedras vivas. Temos muitas pastorais, ministérios, movimentos e serviços em que podemos atuar. Jesus disse: “há muitas moradas na casa do Pai”. Todos podemos ter um lugar no céu. Assim também, aqui na Igreja e em nossa comunidade, todos podemos ter um lugar. Basta nos dispormos. Participemos ativamente da vida da Igreja!
Resumindo, somos um povo organizado para servir; um povo peregrino que caminha junto para o Pai por meio de Jesus; e um edifício espiritual em que somos pedras vivas e Cristo é a pedra angular. Rezemos pela nossa comunidade e por todas as pastorais, movimentos, ministérios e serviços, para que sejamos um povo organizado para o serviço e tenhamos sempre Cristo como o Caminho, a Verdade e a Vida. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 2,14a.36-41),
2ª Leitura (1Pd2,20b-25),
Evangelho (Jo 10,1-10)
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje o Domingo do Bom Pastor. A imagem do bom pastor é conhecida no antigo testamento, em que Deus chama os pastores para conduzirem o seu povo, como chamou Moisés e Davi. Os profetas falavam de o próprio Deus ser o pastor e conduzir o povo de Israel. No novo testamento, Jesus recebe o titulo do Bom Pastor. Na Igreja o Papa e os bispos, como líderes, representam o Pastor Jesus Cristo. Por isso, neste domingo, rezemos também pelos nossos pastores: o Papa, os bispos, os sacerdotes e os religiosos.
Com a imagem do Bom Pastor, o evangelho de hoje nos quer apresentar a missão de Jesus. Qual é essa missão? Um pastor de ovelhas tem a missão de cuidar das suas ovelhas, conduzindo-as para pastagens verdejantes e águas repousantes, que são símbolos da vida. Jesus, como Bom Pastor, tem a missão de conduzir todos à vida em plenitude. Ele disse: “Eu vim para que todos tenham a vida, e a tenham em abundância”. Ele conhece as suas ovelhas pelo nome e as ovelhas reconhecem a sua voz. Somos chamados a ouvir sempre a voz do nosso Pastor. Hoje temos outras vozes que nos atraem, por exemplo, a TV, as novelas, as redes sociais, os partidos políticos, as filosofias e as ideologias. Nós não podemos esquecer a voz do nosso Bom Pastor. Devemos estar sempre abertos à sua voz, para que Ele possa nos conduzir à vida em plenitude. Jesus disse: “Eu sou a porta”. A porta tem a função de abrir e fechar. Jesus é a porta pela qual devemos entrar para alcançar a plenitude da vida. É fútil buscar a plenitude da vida por meio das outras portas que mundo nos oferece.
A primeira e a segunda leituras, na liturgia de hoje, nos ensinam qual deve ser o nosso comportamento como ovelhas que ouvem a voz do seu pastor. Segundo a pregação de Pedro, na primeira leitura de hoje, somos chamados à conversão e ao batismo. Converter-se significa para nós, seguidores de Jesus, estar sempre em processo contínuo de mudança de vida voltada para Jesus. Somos batizados, e para nós receber o batismo significa receber o Espírito Santo e acolher os ensinamentos de Jesus. Como batizados, somos chamados também a suportar a injustiça e a violência com paciência e amor e a praticar sempre o bem diante do mal, seguindo os passos do Bom Pastor. Rezemos hoje pelas vocações sacerdotais e religiosas, para que tenhamos bons pastores em nossa Igreja. Rezemos também pelas lideranças das comunidades, pastorais, movimentos, ministérios e serviços, para que todos possam seguir os passos do Bom Pastor e sejam fiéis à missão de conduzir o rebanho para Jesus. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 2,14.22-33),
2ª Leitura (1Pd 1,17-21),
Evangelho (Lc 24,13-35).
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
A Liturgia deste domingo nos garante que Deus sempre caminha conosco, especialmente quando nós nos desanimamos devido a dificuldades e crises em nossa vida. O episódio dos discípulos de Emaús nos lembra também dos nossos momentos de desânimo, afastamento de Deus ou ruptura com Ele. No evangelho de hoje, os dois discípulos estão a caminho de Emaús.
É um caminho de fuga perante o medo da perseguição. É um caminho de ruptura com Jesus, o Mestre. Após a experiência de ver a morte de Jesus na cruz, sentem-se derrotados e decepcionados. Esperavam um Messias Glorioso para libertar o povo de Israel da opressão dos inimigos. Sentindo-se traídos, abandonam o projeto e a proposta de Jesus e o seu reino. O caminho de Emaús é a volta para a vida antiga.
Interessante que o evangelista diz o nome de um dos discípulos, Cléofas, mas o outro fica no anonimato. Este outro poderia ser eu, você; poderia ser a minha ou a sua família; poderia ser a nossa comunidade ou qualquer outra comunidade que crê em Jesus e está no seu seguimento.
Perante a dificuldade ou a crise, nós também nos desanimamos. Quantas vezes nós, como indivíduos ou famílias, rompemos com Deus porque nos sentimos decepcionados! Quantas vezes nós nos afastamos da comunidade por causa de um padre ou de um coordenador de pastoral por nos sentimos decepcionados! Mas Deus não nos abandona. Ele caminha conosco.
Vejam: no evangelho, Jesus caminha com os discípulos desanimados. Apesar de eles não o reconhecerem, Jesus continua caminhando com eles como peregrino, como intérprete da sagrada escritura e como amigo íntimo, que aceita ficar e sentar-se à mesa com eles. Ele somente é reconhecido ao partir o Pão. Cristo não abandona os seus discípulos nunca.
A santa missa é um lugar privilegiado da presença verdadeira e viva de Jesus Cristo. Ele se faz presente ao partir o pão na mesa da Eucaristia. Ele se faz presente na mesa da Palavra quando ouvimos a Sua Palavra e nela meditamos. Também se faz presente na comunidade reunida em seu nome. Os dois discípulos retornam à comunidade dos apóstolos após a experiência que tiveram de Cristo ter caminhado com eles, ter explicado a sagrada escritura e ter-se revelado a eles ao partir o pão. Permaneçamos sempre na comunidade e participemos da mesa da Palavra e da Eucaristia. Nos momentos de desânimo e dificuldades, tenhamos a certeza de que Ele caminha conosco e, com coragem, supliquemos sempre a Ele: “fica conosco Senhor”. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura – At 2,42-47
2ª Leitura – 1Pd 1,3-9
Evangelho – Jo 20,19-31
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
Na liturgia celebrada no primeiro domingo da Páscoa, nós conhecemos João como o “discípulo ideal”, aquele que Jesus amava. Um discípulo que esteve com Jesus nos momentos importantes da sua vida, como no Monte Tabor, na Monte das Oliveiras e aos pés da cruz no Monte Calvário. No evangelho do domingo passado, ele e Pedro corriam ao túmulo vazio e diz o evangelho que ele entrou nele, viu e acreditou. Ele é o outro discípulo referido no Evangelho de João, que poderia ser qualquer um de nós. Um discípulo que Jesus ama e que ama Jesus. E quem ama acredita!
Depois de conhecer o “discípulo ideal”, a liturgia, no evangelho de hoje, apresenta-nos uma “comunidade ideal”: a comunidade dos apóstolos. Ela está reunida em um lugar, a portas fechadas por medo dos judeus. E Jesus aparece no meio deles por duas vezes e sempre no primeiro dia da semana, quer dizer, no domingo. A “comunidade ideal” é uma comunidade que se reúne uma vez por semana, aos domingos, tendo Jesus Cristo no meio dela. Jesus Cristo é o centro, o ponto de referência e a razão da sua existência. Jesus soprou sobre a comunidade dos apóstolos e disse: “Recebei o Espírito Santo” e a enviou em missão. Disse duas vezes: “A paz esteja convosco”. A paz significa harmonia e serenidade para vencer o medo da perseguição e morte. A palavra “paz”, shalom em hebraico, quer dizer vida plena. A comunidade encontra a vida plena em Jesus Cristo, a razão do seu ser. É de extrema importância que a nossa comunidade, que também é Igreja, tenha sempre Jesus Cristo no centro. Ele é a videira e nós os seus ramos. Como comunidade, sempre nos alimentemos da Sua palavra e da Sua presença na Eucaristia.
A primeira leitura de hoje, por meio da vida da comunidade primitiva, ensina-nos a ser a Igreja de Cristo, a comunidade ideal, que, tendo Jesus Cristo no centro, reúne-se uma vez por semana para ouvir os ensinamentos dos apóstolos, partir o pão e fazer orações. Também, diz a leitura, que eles vendiam as suas propriedades e colocavam tudo em comum. São três pontos importantes para sermos comunidade, Igreja. Primeiro, ouvir os ensinamentos dos apóstolos, que é a catequese, é acolher a Palavra de Deus e os ensinamentos da Igreja. Segundo, partir o pão é a celebração litúrgica, a Eucaristia, da qual todos nós participamos. Terceiro, a partilha.
Não somos uma “comunidade ideal”, mas podemos ser uma comunidade que vive a partilha, como na participação no dízimo, nas oferta e nas campanhas da Igreja em prol da evangelização.
Ouvir a Palavra de Deus e os ensinamentos da Igreja é professar a nossa fé, como o fez Tomé, ao dizer “Meu Senhor e meu Deus!”.
Celebrar a Eucaristia ou a Missa é professar a nossa fé, como o fez Tomé, ao dizer “Meu Senhor e meu Deus!”.
Participar da partilha na comunidade é professar a nossa fé, como o fez Tomé, ao dizer “Meu Senhor e meu Deus!”.
E Jesus disse: “Bem-aventurados os que creram sem ter visto”. Somos felizes, meus irmãos e minhas irmãs, porque acreditamos em Jesus Cristo, o Ressuscitado, que se faz presente para nós na Palavra, na Eucaristia e na Partilha. Reunidos aos domingos, transmitamos aos Tomés do nosso tempo, aos ausentes da comunidade, a alegria de estarmos na presença do Ressuscitado. Rezemos para que eles também possam crer e dizer: “Meu Senhor e meu Deus!”. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 10, 34a. 37-43);
2ª Leitura (Cl 3, 1-4);
Evangelho (Jo 20, 1-9)
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje o Domingo da Páscoa. A palavra páscoa significa passagem. No antigo testamento, recordando-se o êxodo do povo de Israel, celebrava-se a Páscoa como passagem: a passagem do Egito para a terra permitida, da escravidão para a libertação. No novo testamento, celebramos na Páscoa a Ressurreição do Senhor, a vitória de Jesus sobre a morte, a passagem da morte para a vida eterna, a vida em plenitude. Celebrar a páscoa de Jesus como a ressurreição do Senhor é celebrar a ressurreição de cada um de nós, é a celebração da Páscoa de todos nós. A morte não tem mais o poder de nos destruir. Jesus venceu a morte por nós. Ele está vivo no meio de nós. A Páscoa de Jesus é a nossa Páscoa.
A liturgia de hoje nos convida a sermos testemunhas de Cristo ressuscitado. Assim, nossa Páscoa é fazer a passagem dos caminhos de morte para o caminho de vida. Vivemos em uma sociedade, seja em nosso país, seja no mundo, onde há muitos caminhos de morte, tais como: abortos, drogas, bebidas, tentativas de suicídio, violência, fome, doenças, analfabetismo, desemprego, crises políticas e econômicas, guerras, insegurança. Na vida pessoal, também temos situações pecadoras, as quais nos escravizam. Ser testemunhas de Cristo é fazer a passagem das situações de morte e da escravidão do pecado para a vida nova. É buscar a paz, a justiça, o amor. É renovar a esperança no Cristo ressuscitado e num mundo melhor.
As leituras de hoje nos trazem o exemplo dos discípulos de Jesus que foram testemunhas de Cristo ressuscitado. No evangelho, Maria Madalena, insegura, desamparada, que ainda não tina assimilado a morte de Jesus, vai procurá-Lo no túmulo vazio. Mas, diante do sepulcro vazio, descobre que a morte não venceu e que Jesus continua vivo. Maria Madalena representa todos nós quando ficamos inseguros e desamparados pelas situações de morte. Não busquemos a vida no túmulo vazio, mas confiemos no Cristo, nossa Páscoa.
João, aquele que Jesus amava, o “discípulo ideal”, que está em sintonia total com Jesus, que corre ao seu encontro de forma mais decidida, que compreende os sinais, pois “Entrou, viu e acreditou”, é um modelo para todos nós. Quem ama acredita. Amar Jesus é acreditar nEle e na sua presença verdadeira, pois está vivo em nosso meio. Pedro, o “discípulo obstinado”, para quem a morte significava fracasso, recusa-se a aceitar que a vida nova passa pela humilhação da Cruz. Mas, na primeira leitura, vemos Pedro corajoso, que se apresenta como testemunha de Cristo ressuscitado aos Judeus.
São Paulo, na segunda leitura de hoje, lembra-nos que, como testemunhas de Cristo ressuscitado, devemos sempre nos esforçar para alcançar as coisas do alto, as coisas celestes, e não as coisas terrestres. Com as nossas boas obras, busquemos viver a verdadeira Páscoa, que é a vida em Cristo. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura – (Is 50,4-7);
2ª Leitura – (Fl 2,6-11);
Evangelho – (Mt 26,14-27,66).
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
Iniciamos hoje a Semana Santa, na qual celebraremos o mistério pascal, mistério da nossa redenção. Há duas partes na liturgia de hoje.
A primeira é a entrada de Jesus na cidade de Jerusalém. É a acolhida de Jesus na cidade de Jerusalém. Num clima de alegria e cantando Hosana, participamos da procissão de Ramos. Somos chamados a acolher Jesus sempre em nossos corações, em nossas famílias e em nossa comunidade. Ele é o Rei da nossa vida. Os ramos bentos e usados na procissão de hoje são para guardar em nossas casas como sinal de acolhimento ao nosso Rei em nossas famílias. Não joguem os ramos no lixo. Tragam-nos, no ano que vem, antes da quaresma, para que sejam queimados e transformados em cinzas, as quais serão usadas na quarta-feira de cinzas. Hoje, acolher Jesus com os Ramos é uma expressão da nossa fé e do nosso compromisso com Ele e com a sua Igreja.
A segunda parte da liturgia é a narração da paixão do Senhor. Com a leitura da paixão do Senhor, na missa, relembramos o caminho do sofrimento e da Cruz. Jesus andou “fazendo o bem” e anunciando um mundo novo de vida, de liberdade, de paz e de amor para todos. A morte de Jesus na cruz é a consequência do anúncio do “Reino”, que provocou tensões e resistências entre os que dominavam o povo. É o resultado do anúncio da boa nova aos pobres e marginalizados e da denúncia da usurpação do poder político e religioso pelos ricos, fariseus, saduceus, mestres da Lei e sacerdotes.
Dois momentos distintos da vida de Jesus: Triunfo e Humilhação. Jesus se apresenta em Jerusalém propondo a paz, a justiça e o amor, mas recebe a violência, a injustiça e a rejeição. O que aconteceu com Jesus nos faz compreender o amor incondicional de Deus pela humanidade. Deus, por amor a todos nós, escolhe o caminho de humilhação e de rebaixamento. Esvazia-se para que todos nós tenhamos a vida plena. São Paulo compreendeu bem este mistério da nossa redenção. Na segunda leitura de hoje, o apóstolo nos explica que Jesus se despojou de sua condição divina e, tomando a forma de escravo, abaixou-se e foi obediente até a morte em uma cruz.
Nós, hoje, ao iniciarmos a Semana Santa, somos chamados a contemplar o “Servo Sofredor”. O profeta Isaías, na primeira leitura, caracteriza os exilados na Babilônia como o “Servo Sofredor”, amado por Deus, que assume o caminho da não violência e confia no socorro do Senhor. As primeiras comunidades cristãs veem em Jesus o “Servo Sofredor”, que escolheu o caminho de não violência, confiando totalmente no seu Pai, que o ressuscitou. Lembremo-nos de que, quando estamos diante de sofrimentos causados por injustiça ou quando somos perseguidos por sermos cristãos, o nosso mestre Jesus sofreu, morreu na cruz, mas também ressuscitou. Seja Ele a nossa força e esperança. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura – (Jr 31,31-34)
2ª Leitura – (Hb 5,7-9)
Evangelho – (Jo 12,20-33)
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
A liturgia deste domingo continua a Catequese Batismal da Quaresma. Depois de apresentar Cristo, ÁGUA para a nossa sede, no diálogo de Jesus com a samaritana, e LUZ para as nossas trevas, na cura do cego, hoje ela nos fala de Cristo, RESSURREIÇÃO para a nossa VIDA.
Na primeira leitura, o povo de Israel, exilado na Babilônia, desesperado e sem futuro, vivia uma situação de morte. E o profeta Ezequiel anuncia vida nova. O texto apresenta a famosa visão dos ossos secos que recebem pele e músculos e saem das sepulturas abertas por Deus. O Espírito do Senhor sopra sobre eles e eles ganham vida. Assim vai acontecer com o povo de Israel, diz o profeta Ezequiel. Deus vai transformar a morte em vida, o desespero em esperança, a escravidão em libertação.
No evangelho, Jesus se apresenta como o SENHOR DA VIDA, e o seu amigo Lázaro recebe a vida. Todos nós que conhecemos Jesus somos amigos dEle e O acolhemos nos sacramentos, na Palavra e em cada irmão e irmã. Acolhemos Jesus nas nossas famílias e nas nossas comunidades. Às vezes, fazemos a experiência da doença e da morte, como a família de Lázaro o fez. Mas, como amigos de Jesus, sabemos que Ele é a Ressurreição e a Vida e a dá aos seus em plenitude. A morte é apenas a passagem para a vida plena.
Na caminhada, como batizados, na família e na comunidade, vivemos um encontro, um diálogo e a profissão de fé, como aconteceu com a samaritana, com o cego de nascença e com os amigos de Jesus. A samaritana, no final do diálogo com Jesus, professou a sua fé, o cego de nascença também, assim como Marta, que disse: “Sim eu creio que tu és Cristo”. Jesus é o nosso amigo fiel. Não nos abandona nunca. Ele se comove com a nossa dor, chora conosco. É solidário na hora de nossas “mortes”, e não somente com simples afeto, mas com amor do SENHOR DA VIDA. Ele é a ressurreição e a vida. O Batismo é um morrer e ressuscitar com Cristo. O discípulo de Jesus, renascido para a Vida no Batismo, carrega em si o germe da verdadeira Vida. A segunda leitura de hoje nos lembra que a Ressurreição de Cristo é a garantia e a promessa de nossa Ressurreição. Por isso renovemos as nossas promessas batismais e façamos a profissão da nossa fé. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura – 1Sm 16,1b.6-7.10-13ª
2ª Leitura – Ef 5,8-14
Evangelho – Jo 9,1-41
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
Temos cinco domingos no tempo da quaresma. O sexto é o Domingo de Ramos que inicia a Semana Santa. A liturgia, nos primeiros dois domingos, ajudou-nos a refletir sobre as práticas quaresmais: penitência, oração e caridade. Também nos chamou a viver o perdão e a reconciliação neste tempo de conversão. No terceiro domingo, no diálogo de Jesus com a samaritana, meditamos sobre um dos símbolos do Batismo com a ÁGUA. A água é o símbolo da VIDA. Hoje, no quarto Domingo da Quaresma, na cura de um cego de nascença, a liturgia nos apresenta outro símbolo: a LUZ. E, no quinto Domingo, na Ressurreição de Lázaro, ouviremos sobre o símbolo da VIDA: a ressurreição é a vida nova com Cristo Ressuscitado. Por isso, podemos dizer que os últimos três domingos da quaresma trazem para nós a catequese batismal.
Lembremo-nos do dia do nosso batismo! Se isso não for possível, lembremos do batismo dos nossos filhos, nossos netos e nossos afilhados. Nesse dia, o padrinho ou a madrinha acendeu uma vela no Círio Pascal, levou-a acesa até a criança e disse: “Receba a luz de Cristo.” Ao recebermos a luz de Cristo, na Igreja, recebemos a FÉ por meio de nossos pais, padrinhos e familiares. Pelo batismo, nós nos tornamos filhos e filhas da Luz. Fomos iluminados por Cristo. O cristão ou o batizado é um “Iluminado”. Todos nós, batizados, somos pessoas iluminadas! O cego de nascença, no evangelho de hoje, foi curado. Ele se tornou uma pessoa “iluminada”. Tornou-se filho da Luz!
Na cura, para dar a “Luz” ao cego, Jesus usou um método estranho: com saliva fez “barro” na terra, ungiu com esse barro os olhos do cego e mandou-o lavar-se na piscina de Siloé (que quer dizer enviado). Isso faz parte da crença da época, de que na saliva ou no hálito havia força. No caso, é a força de Jesus, é o espírito de Jesus. Mas, a cura não é imediata: requer a cooperação do enfermo. A disponibilidade do cego sublinha a sua adesão à proposta de Jesus. O banho na piscina do “enviado” é uma alusão à “Água de Jesus”. Por isso, lembra também a água do BATISMO para quem quiser sair das trevas para viver na luz, como Filhos de Deus.
O cego de nascença, já curado, ao voltar à sua comunidade foi interrogado pelas autoridades sobre o acontecido. Nas suas respostas perante as autoridades, ele se apresentou como uma pessoa iluminada. E, como “pessoa iluminada”, mostra-se: livre (diz o que pensa…); corajoso (não se intimida); sincero (não renuncia à verdade); mantém-se sempre na posição de busca (quer conhecer a verdade: o homem que o curou); e suporta a violência (é expulso da sinagoga). No dia do nosso batismo, durante o rito da Luz, o sacerdote rezou dizendo: “Querida criança, você foi iluminada por Cristo para se tornar luz do mundo. Com a ajuda de seus pais e padrinhos, caminhe como filho(a) da Luz”. Caminhar como filhos e filhas da Luz é a vida de todos os batizados. É ser livre, corajoso, sincero, estar sempre na posição de busca e suportar os sofrimentos por causa do evangelho e de seus valores.
A pessoa “não iluminada”, diz a primeira leitura de hoje, julga as coisas e o mundo com os olhos humanos. Vejam o exemplo de Jessé de Belém. Ele queria que o seu filho primogênito, o mais forte, inteligente e bonito, fosse escolhido para ser rei. Mas Deus, por meio de Samuel, escolhe Davi, o filho mais novo e mais fraco. As pessoas “não iluminadas” não têm a capacidade de enxergar os desígnios de Deus, tornam-se cegas. No final do evangelho de hoje, o cego de nascença professou a sua fé no homem que o curou e disse: “eu creio, Senhor”. Os fariseus se tornaram cegos. Perderam a capacidade de enxergar o Messias. Não podemos ser cristãos se vivermos de cegueiras que nos impedem de ser filhos e filhas da Luz. A segunda leitura nos ensina a sermos cristãos, produzindo o fruto da luz, que se chama bondade, justiça e verdade. Que a nossa celebração eucarística nos ajude a discernir o que agrada a Deus. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Primeiro Livro dos Reis 19, 16b.19-21; Salmo responsorial 15; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Gálatas 5, 1.13-18; Evangelho: Lucas 9, 51-62.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
A “liberdade” hoje é um dos valores fundamentais em nossa sociedade. Lutamos sempre pelos nossos direitos e às vezes até negando aos outros os seus direitos. É uma perspectiva egoísta deste valor fundamental. A liturgia da Palavra de hoje nos propõe a verdadeira liberdade. São Paulo na segunda leitura nos convida à verdadeira liberdade.
Ele avisa aos Gálatas que foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Em que consiste a liberdade para o cristão? O que é ser livre? Trata-se da faculdade de escolher entre duas coisas distintas e opostas? Não. Trata-se de uma espécie de independência ético-moral, em virtude da qual cada um pode fazer o que quiser? Também não. Para Paulo, a verdadeira liberdade consiste em viver no amor. O que nos escraviza é o egoísmo, o orgulho, o isolamento e a autossuficiência. A verdadeira liberdade é a capacidade de amar, de dar a vida. É livre quem se libertou de si próprio e vive para se dar aos outros.
De onde vem essa “liberdade” em nós? Ela nasce da vida que Cristo nos dá. Aderir a Jesus Cristo e à sua proposta de vida gera dentro de nós a capacidade de amar, de superar o egoísmo, o orgulho, a autossuficiência e de viver em liberdade. Viver na escravidão é continuar uma vida centrada em si próprio, ser escravo de si próprio. Segundo São Paulo, a escravidão é viver segundo a carne. Viver na liberdade é viver segundo o Espírito, sair de si e fazer da sua vida um dom, uma partilha.
Seguir Cristo é nascer para a vida nova da Liberdade. No Evangelho, Jesus chama todos para a liberdade. É um convite para amar. É um convite para se doar. Jesus ensina aos seus discípulos as três atitudes ou exigências do seguimento. A primeira é a atitude de renúncia. O primeiro seguidor disse a Jesus: “Eu te seguirei para onde quer que fores”. Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. O seguidor de Jesus deve renunciar totalmente às preocupações materiais e não esperar ter uma vida de conforto. Renunciar às seguranças humanas.
A segunda é a atitude de priorizar. Jesus disse a outro: “Segue-me”. Este respondeu: “Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai”. Jesus respondeu: “Deixe que os mortos enterrem os seus mortos; mas tu vai anunciar o Reino de Deus”. A prioridade do seguidor de Jesus é o Reino de Deus. Os deveres e as obrigações pessoais não devem ser obstáculos em nossa escolha de seguir Jesus.
A terceira é a atitude de perseverar. Um outro ainda lhe disse: “Eu te seguirei, Senhor, mas deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares”. Jesus, porém, respondeu-lhe: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus”. A decisão de seguir Jesus não pode ser parcial. O seguidor não pode voltar atrás!
Deus hoje também nos chama. Podemos rejeitar ou acolher Jesus e sua proposta de vida. O seguimento de Jesus é uma escolha livre. A rejeição não nos exclui do amor de Deus. O Deus revelado por Jesus não é um Deus vingativo. Ele é um Deus misericordioso. Os samaritanos que não acolheram Jesus não foram condenados! Como comunidade de fé, o SIM dado ao chamado de Jesus traz consequências, que são as exigências do seguimento. A nossa escolha de seguir Jesus exige de nós o desapego das coisas materiais, a priorização do reino de Deus e a perseverança perante as hostilidades e a rejeição. Busquemos viver as exigências do seguimento de Jesus. Tenhamos coragem de dizer SIM, como no exemplo de Elizeu, que, apesar dos seus apegos, teve a coragem e a generosidade de viver o seu SIM ao chamado de Deus. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Livro de Zacarias 12, 10-11;13,1; Salmo responsorial 62; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Gálatas 3, 26-29; Evangelho: Lucas 9, 18-24.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
A liturgia da Palavra de hoje nos leva a responder a três perguntas. Duas delas estão no Evangelho de hoje. A primeira pergunta é a de Jesus aos seus discípulos, “Quem diz o povo que eu sou?” ou “Quem sou eu no dizer do povo?” E os discípulos responderam, “Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que é algum dos antigos profetas que ressuscitou”. O povo que só ouvia falar de Jesus e de seus milagres reconhece em Jesus um homem extraordinário, um grande mestre, um operador de milagres, etc. Sabemos que, ainda hoje, há muitos que reconhecem em Jesus apenas um homem extraordinário, um grande líder, um revolucionário, etc.
A segunda pergunta também é de Jesus, e novamente, aos seus discípulos. “E vós, quem dizeis que eu sou?” Os discípulos, representados por Pedro, responderam: “O Cristo de Deus”. Os discípulos que conviviam com Jesus e o seguiam sempre reconhecem em Jesus o Messias, o Salvador. Aqui podemos fazer a nós a mesma pergunta. E como será a nossa resposta? Não deve ser somente aquela que aprendemos de forma decorada, mas, sim, dada com a coragem e a convicção da nossa experiência de fé vivida na comunidade e na igreja.
Não tenhamos medo de dizer aos outros que Jesus é o centro da nossa vida como Igreja e que estar com Jesus é essencial para nós.
Logo após a resposta de Pedro, diz o evangelista que Jesus proibiu-lhes que contassem isso a alguém. Daí surge a terceira pergunta, que eu gostaria de fazer-lhes: Por que Jesus proíbe os seus discípulos de contarem aos outros que Ele é o Messias? Qual é a razão desse sigilo que Jesus impõe aos seus discípulos?
O próprio Evangelho de hoje tem a resposta a essa pergunta. A resposta de Pedro de que Jesus era “O Cristo de Deus” era exata, mas não na sua concepção de quem era o Messias. Ele e os outros discípulos reconheciam em Jesus um Messias político, poderoso e vitorioso. Por causa dessa concepção mal compreendida, Jesus os proíbe de contar a alguém que Ele é o Messias. Na verdade, Jesus se lhes apresenta como o Messias sofredor, dizendo: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”, assim como na primeira leitura, em que o Messias será um homem justo e inocente “transpassado”, um servo sofredor, que desperta, na casa de Davi, uma atitude de conversão e de volta a Deus. Então, essa é a verdadeira identidade de Jesus, que, logo após a sua morte e ressurreição, será proclamada a todos.
Irmãos e irmãs, o caminho do Messias é o caminho da Cruz, o caminho da humildade e o caminho da doação, totalmente contrário ao que os discípulos e o povo esperavam. Os discípulos também terão de seguir o mesmo caminho: terão de passar pela cruz, de ser humildes e se doarem pelo Reino de Deus. Ele disse: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz de cada dia, e siga-me”. Renunciar a si mesmo significa desfazer-se das seguranças e dos prazeres do mundo para estar disponível a seguir Jesus. Tomar a cruz de cada dia é não só aceitar os sofrimentos, as doenças e os desafios da vida, mas também todas as consequências de ser seguidor de Jesus. Saibamos que só quem se libertou do egoísmo e do apego à vida pode seguir Jesus no caminho do amor, da verdade e da Justiça.
Perseverar até o fim no seguimento de Jesus é ser discípulo do Messias sofredor. Somos cristãos e cremos no Jesus Cristo, Crucificado e Ressuscitado. É este Jesus Cristo que somos convidados a reconhecer no irmão necessitado e sofredor, de modo especial no migrante. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Primeiro Livro dos Reis 2, 1-118, 41-43; Salmo responsorial 116; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Gálatas 1, 1-2.6- 10; Evangelho: Lucas 7, 1-10.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
No domingo passado, nós meditamos, na liturgia da Palavra, na Santíssima Trindade, no Deus que nós cremos, Deus uno e trino. Pergunto-lhes: Onde mora este Deus? Ele mora no céu, na terra, nas nossas casas, na nossa Igreja e, principalmente, nos nossos corações. No antigo Testamento, para o povo de Israel, Ele morava na Arca da Aliança que caminhava com eles. Mais tarde, o rei Salomão construiu o templo de Jerusalém como morada de Deus. Na inauguração do templo, o rei Salomão faz uma bela oração, que é a primeira leitura de hoje. Ele pede que Deus escute e a tenda todos os pedidos dos estrangeiros. O Deus Javé é o Senhor de todos os povos!
No Evangelho de hoje, em Cristo, o novo Templo de Deus, a bela oração do rei Salomão é plenamente ouvida. Jesus atende ao pedido de um estrangeiro. O oficial romano, segundo o Evangelho, era um homem bom e humilde. Cuidava bem dos seus escravos e empregados. Era amigo dos judeus e até construiu uma sinagoga para eles. Sempre respeitou os costumes dos judeus. Por isso não quis que Jesus entrasse na sua casa e nem foi encontrar com Jesus pessoalmente. “Senhor, não te incomodes, pois não sou digno de que entres em minha casa. Nem mesmo me achei digno de ir pessoalmente ao teu encontro. Mas ordena com a tua palavra, e o meu empregado ficará curado”. Jesus elogia a fé do estrangeiro, dizendo: “Eu vos declaro que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé”. Jesus é o Salvador de todos os povos. Ele não é exclusividade só de nós, cristãos! A sua Palavra e seu poder não tem fronteiras!
Por isso, nós, como Igreja, somos chamados a não excluir as pessoas do nosso meio por causa da religião, cultura, cor ou raça. Como Igreja, não devemos ter medo de reconhecer o bem que outras religiões fazem à humanidade. É preciso buscar dialogar em vez de condenar e criticar os outros. Diálogo inter-religioso seja um dos caminhos para construirmos um mundo de justiça, paz e amor. Respeitando as diferenças, sim, possamos proclamar o Evangelho a todos. Aprendamos a respeitar os que não têm a mesma fé que a nossa no lugar do nosso trabalho e, às vezes, nas nossas próprias famílias. Ao sofrer intolerância e violência por causa da nossa religião, não percamos a fé, mas, sim, amemo-nos uns aos outros como Ele nos amou. Rezemos sempre pela unidade entre os cristãos e pela paz entre as nações, para que todas as nações possam glorificar o Senhor. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Livro dos Provérbios 8, 22-31; Salmo responsorial 8; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Romanos 5, 1-5; Evangelho: João 16, 12-15.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Todos nós aqui cremos em Deus. No mundo, há muitos que creem em Deus e também há alguns que não creem. Os que creem em Deus são divididos em diferentes religiões, tais como; a cristã, a judia, a muçulmana, a hindu, etc.
Nós somos cristãos e católicos. Pergunto-lhes: O que nos distingue dos outros? Qual é a nossa identidade? Em que Deus nós cremos? Cremos em Deus uno e trino. É o mistério de um só Deus em três pessoas, cuja festa hoje celebramos.
Na natureza, existem muitos mistérios que hoje não conhecemos, mas um dia poderão ser desvendados. Em Deus, o mistério nunca poderá ser totalmente compreendido pela grandeza. Deus se revela na criação, pelos profetas e, mais claramente, na pessoa de Jesus. Podemos e devemos crescer no conhecimento desse mistério, com o auxílio da Bíblia e dos ensinamentos da Igreja.
A Santíssima Trindade e a Boa Nova
O novo Testamento nos ajuda a compreender melhor o mistério da Santíssima Trindade. Lembremo-nos do batismo de Jesus no rio Jordão. Aí a presença da Trindade é evidente (Lc 3,15-16.21- 22). Lembremo-nos, também da passagem de Jesus enviando os discípulos à missão: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mc 28,19-20).
Em outra passagem, Jesus ensinou os seus discípulos a chamar Deus de Pai e lhes prometeu o defensor, o Paráclito. A unidade, principalmente, no Evangelho de João, entre Pai e Filho e Espírito Santo fica mais clara. Deus, como nos ensina São João, é Amor. E o amor é, ao mesmo tempo, três em um: aquele que ama, aquele que é amado e o amor entre os dois. Ao “Amor amante”, nós chamamos de Pai; ao “Amor amado”, de Filho; ao “Amor que circula entre os dois e os abre para o mundo e a humanidade”, Espírito Santo. É uma comunidade de amor vivida pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo.
Em três leituras, as três faces da Trindade
A três leituras de hoje nos ajudam a compreender melhor esse mistério profundo da nossa fé. A Primeira Leitura nos fala do Deus Pai criador. Deus cria o universo com sabedoria e amor. A Segunda Leitura nos fala do Filho redentor. Por meio de Jesus recebemos a paz, a esperança, o seu amor infinito e a vida em plenitude. E o Evangelho nos fala do Espírito Santo. Jesus esclarece aos seus discípulos a missão do Espírito Santo: de nos recordar os seus ensinamentos e nos conduzir à plena verdade.
A festa da Santíssima Trindade é a festa da comunidade, é a festa da família e é a festa do nosso batismo. Somos chamados a contemplar Deus uno e trino no contexto da nossa vivência do amor na família, na comunidade e na Igreja. Por isso, um gesto nosso de amor, comunhão, partilha e serviço, por meio das nossas pastorais, ministérios, movimentos e serviços, é o sinal da nossa fé no Deus uno e trino. As obras de misericórdia que empenhamos em realizar neste ano Santo da Misericórdia são sinais da nossa fé na Santíssima Trindade.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre, Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Atos dos Apóstolos 2, 1-11; Salmo responsorial 103; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Romanos 8, 8-17; Evangelho: João 14, 15-16,23b- 26.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje a festa de Pentecostes. É a festa da descida do Espírito Santo, defensor que Jesus havia prometido, sobre os discípulos. No antigo testamento, o povo de Israel celebrava o Pentecostes. Inicialmente, era uma festa de colheitas. Mais tarde, tornou-se a festa da lei, recebida por Moises cinquenta dias depois da páscoa. São Lucas ao apresentar a descida do Espírito Santo, 50 dias após a Páscoa, quer ensinar a comunidade cristã que a nova lei dos cristãos é o Espírito Santo. Ele que movimenta e renova a Igreja de Cristo.
Os símbolos presentes na primeira leitura de hoje são o vento e as chamas de fogo. O vento é o sinal do movimento. Como a Igreja, guiada pelo Espírito Santo, é chamada a se movimentar. Estar sempre na ativa. Agir em prol do reino de Deus e seus valores. É a missão da Igreja. Por isso, é preciso dizer não a atitudes de indiferença, comodismo e passividade. O fogo transforma e renova. O Espírito Santo transforma os medrosos apóstolos em ardorosos anunciadores das maravilhas de Deus. A nova lei, o Espírito Santo, renova a Igreja transformando os corações dos fiéis para uma vida em Cristo. É necessário que abramos os nossos corações a ação do Espírito Santo, que nos ensina e recorda tudo o que Jesus nos ensinou.
Se o nosso Batismo é a nossa Páscoa, a Crisma é o nosso Pentecostes. Pelo Batismo somos filhos e filhas de Deus e nos tornamos membros da Igreja. E pela Crisma nos tornamos membros atuantes e responsáveis pela Igreja. Ser membros atuantes significa produzir o fruto do Espírito Santo. “O fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” (Gl 5, 22). É sermos testemunhas de Cristo. É sermos pedras vivas da Igreja. Os sete dons que recebemos do Espírito Santo no Pentecostes são para nos auxiliar nesta missão de ser cristãos atuantes e jamais para competir ou nos desunir. Que o Espírito Santo ilumine a nossa vida no caminho da Unidade, do Bem e da Verdade. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Atos dos Apóstolos 1, 1-11; Salmo responsorial 46; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Efésios 1,17-23; Evangelho: Lucas 24,46-53.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje a festa da Ascensão do Senhor. Estamos no tempo pascal e a Ascenção faz parte do mistério pascal. Contemplemos a Ascensão de Jesus no contexto do tempo pascal. Não esqueçamos a paixão, morte e ressureição de Jesus. Lembremo-nos que daqui a uma semana celebraremos o Pentecostes.
O que é a Ascensão de Jesus? É a subida de Jesus ao céu. A volta Dele ao Pai. A liturgia da palavra de hoje nos apresenta este fato. Com certeza não é uma viagem de um astronauta ao universo. O céu não é um lugar acima das nossas cabeças, mas é estar com Deus. Jesus veio do Pai e volta ao Pai. Jesus é o enviado do Pai com a missão de nos redimir e, ao terminar a sua missão, retornar ao Pai. Por isso, a Ascensão de Jesus é o término da sua missão terrena e o início da missão da Igreja.
Vestir os nus e suportar os sofrimentos
Com a missão entregue a Igreja, não podemos ficar parados olhando para o céu. A Missão é de ser testemunhas de Cristo “até os confins do mundo”. A igreja tem a missão de continuar o que Jesus começou. Sua missão é a nossa missão. Teremos sempre o auxílio do Espírito Santo, o Defensor.
No ano Santo da Misericórdia, o Papa Fanscisco nos convida à prática de obras da misericórdia corporais e espirituais. Escolhemos, neste mês de maio, uma obra corporal: vestir os nus e outra espiritual: suportar com paciência os sofrimentos do próximo. Ser testemunhas de Cristo é também praticar as obras da misericórdia. Ouçamos um testemunho do gesto concreto da equipe de costura da nossa comunidade. Amém.
Testemunho da Pastoral da Costura – Regina
“Boa noite a todos; Sou Regina aqui representando a Pastoral da Costura desta Paróquia. Dedicamo-nos a costurar para pessoas carentes desde 1998 (18 anos). Mães Marista, ainda com filhos na Pré-escola, – hoje todos formados e trabalhando – decidiram reunir-se uma vez por semana na casa de uma de nós, para fazermos roupas para crianças necessitadas.
Aquelas de nós, que não tinham habilidade com a máquina de costura, faziam os serviços de passar elásticos, pregar botões ou desmanchar alguma costura que saiu fora do prumo… A costura tornou-se itinerante e, de tempos em tempos, tínhamos uma das casas à disposição para realizarmos o que nos dava tanto prazer, tanta satisfação. Aos poucos, mais amigas foram chegando e hoje somos um grupo de Treze “Coroinhas da Costura” – forma a qual nos tratamos depois de iniciarmos os trabalhos nesta paróquia, no outono de 2011 (5 anos).
Reunimo-nos todas as quartas-feiras, no período da tarde ou a qualquer momento que se faça necessário para atender demandas ou alavancar a produção das peças. A dinâmica do grupo obedece de forma natural ao movimento de um Ateliê de Costura, apesar da simplicidade, pois todas se empenham em costurar, dar o melhor de si, mas nenhuma de nós é costureira profissional. Priorizamos, por opção, o vestuário infantil, tanto para meninos quanto para meninas.
Costuramos roupas de algodão, flanela e tactel, confeccionando pijamas; bermudas; vestidinhos; calças compridas; camisolas; blusinhas; entre outros. O destino da produção sempre é uma comunidade carente. Já há alguns anos assistimos o Asilo Santa Mônica, em Formosa, que ampara mulheres portadoras de distúrbios mentais.
Para estas, confeccionamos camisolas e casacos de flanela. Disponibilizamos também as roupinhas para os Vicentinos desta Paróquia e também da Paróquia Pai Nosso, que, respectivamente, auxiliam as comunidades carentes do Paranoá e Trecho 7, do Lago Norte. Atendemos, ainda, entidades necessitadas que chegam até nós com seus pedidos.
Agradecemos à Paróquia do Verbo Divino, aos Padres Denzil e Waldir, a disponibilização da Sala para que possamos realizar essa obra, que pouco a pouco, vai atendendo comunidades carentes e mais do que a nossa oferta é a satisfação de ver as peças prontas, resultado do trabalho voluntário do grupo. São momentos especiais que nos enchem de Graça e quem sabe, podemos, humildemente, pensar que estamos atendendo ao chamado de Jesus Cristo: Eu estava nu e me vestistes … (Mateus 25;36). Obrigada!!!!”
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (Jr 20,10-13)
2ª Leitura (Rm 5,12-15)
Evangelho (Mt 10, 26-33)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Somos todos corajosos e caminhamos sempre, apesar das muitas dificuldades que temos na vida, como os nossos medos, com os quais convivemos diariamente. Medo das enfermidades, medo da violência, medo dos conflitos ou das guerra, medo do desemprego, medo de perder alguém que nos ama, medo da morte, etc.
No evangelho de hoje, Jesus orienta os seus discípulos a vencerem os seus medos. Lembremo-nos da liturgia da Palavra do domingo passado, na qual Jesus chamou os doze e os enviou para a missão. Nesse contexto do chamado e do envio, os discípulos de Jesus manifestam três tipos de medo: o medo do fracasso, o medo pela sobrevivência e o medo da morte. Jesus disse-lhes três vezes: “Não tenhais medo” e garante que, apesar das provocações e dificuldades, a Sua mensagem se difundirá e transformará o mundo.
O que é decisivo na vida do discípulo não é a morte física, mas sim perder a vida definitiva. Ele convida Seus discípulos a terem confiança na providência de Deus e ilustra Seu amor e solicitude com duas imagens: os pássaros de que Deus cuida e os cabelos cujo número só Ele conhece. A mensagem é clara para nós, seguidores de Jesus. Deus cuida daqueles que Ele chama para a Sua missão. Nós valemos mais do que os pardais e Ele diz que nada lhes acontece sem o Seu consentimento. Ele nos conhece pelo nome. Conhece cada passo que damos na vida. Ele nos protege de todos os perigos, por isso nunca devemos ter medo, e de nada.
Muitas vezes o medo torna-se obstáculo no caminho de evangelizar. O medo e, às vezes, a vergonha impedem muitos cristãos de serem testemunhas de Cristo. Temos de ser destemidos para anunciar o evangelho. Nesse sentido, foi muito significativa uma foto, postada na internet, de um jogador brasileiro levantando a taça de um campeonato europeu e estampando, na faixa que prendia seus cabelos, a frase “100% JESUS”. Ainda, na parte inferior da foto, havia escrito o seguinte versículo do evangelho de hoje: “Todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus” (M t10,32). Reflitamos: quantas vezes deixamos de testemunhar Jesus por medo ou até por vergonha, quando nossos irmãos, em outros lugares do mundo, são perseguidos e mortos!
Na primeira leitura de hoje, temos o exemplo do Jeremias perseguido e preso por ser profeta de Deus. Sente-se abandonado por todos, até por seus familiares e amigos, mas não perde a confiança em Deus. “O Senhor está ao meu lado, como forte guerreiro” (Jr 20,11). Ele sabe que Deus nunca abandona aqueles que procuram testemunhar, no mundo, as suas propostas com coragem e verdade.
Sejamos corajosos e vençamos os nossos medos. Não sejamos medrosos quando se trata de anunciar o evangelho. Nunca tenhamos vergonha de sermos cristãos católicos. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (Êx 19,2-6ª)
2ª Leitura (Rm 5,6-11)
Evangelho (Mt 9,36-10,8)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Na liturgia da Palavra deste domingo, nós encontramos um Deus que chama e envia. Ele quer partilhar a sua missão conosco. A vontade de Deus é que nós participemos ativamente no trabalho do seu Reino. “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi pois ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!”
Na primeira leitura, Deus chama o povo de Israel para ser uma porção escolhida, um povo da aliança, um reino dos sacerdotes e uma nação santa. O chamado é para ser sinal da presença de Deus e de seu Reino no meio dos outros povos. No evangelho, Jesus chama os doze discípulos para serem apóstolos. O chamado é individual e comunitário. Jesus os chama pelo nome para serem mensageiros do seu Reino. Os doze apóstolos representam as doze tribos do povo de Israel. Nesse sentido, representam toda a Igreja. Jesus chama a Igreja para ser discípula e missionária, um sinal da sua presença entre as nações.
A palavra “discípulo” significa “aquele que aprende”. Os discípulos de Jesus são aqueles que aprenderam dele, especialmente, duas atitudes essenciais: a compaixão e a gratuidade, que são as únicas condições para serem apóstolos. Jesus compadeceu-se vendo as pessoas cansadas e abatidas. A morte de Jesus na cruz é a prova do amor gratuito de Deus por nós. Jesus disse aos doze: “…de graça recebestes e de garça deveis dar”.
A palavra “apóstolo” significa enviado ou mensageiro. Jesus chama os doze discípulos para serem mensageiros do Reino de Deus. A mensagem é sempre o Reino de Deus. Os destinatários da mensagem são as ovelhas perdidas da casa de Israel. “Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel! Em vosso caminho, anunciai: ‘O Reino dos Céus está próximo’.” A mensagem primeiramente é para aqueles que estão em nossas proximidades. São os nossos vizinhos, os colegas de nosso trabalho, os membros da nossa própria família e da nossa comunidade.
Eis o desafio da “nova evangelização”, que começará, antes de tudo, no interior da Igreja e de cada um dos cristãos. Evangelizar, em primeiro lugar, a nossa própria família, a nossa pastoral, ministério ou movimento e a nossa Igreja.
A segunda leitura nos anima em nossa missão de sermos Igreja discípula e missionária, em primeiro lugar, em nosso interior. “Pois bem, a prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores.”
Sabemos que Jesus caminha conosco sempre. Sejamos compassivos e gratuitos em nosso trabalho de anunciar o Reino de Deus e ser sinal da presença de Deus no mundo. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (Ex 34,4b-6;8-9)
2ª Leitura (2Cor 13,11-13)
Evangelho (Jo 3,16-18)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Hoje celebramos a solenidade da Santíssima Trindade. O mistério de um só Deus que se revela em três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. É a festa do nosso Deus Uno e Trino. A pergunta que faço a vocês é: quem é que nos falou que nosso Deus é trinitário? De onde e como nós sabemos que o Deus em que nós cremos é um Deus família? O próprio Jesus nos revela a vida íntima de Deus. O antigo testamento desconhecia a Trindade. O Deus do antigo testamento é um único Senhor. No novo testamento, nós encontramos a presença do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Jesus nos fala do seu Pai, de si mesmo como Filho e do Espírito Santo, o defensor que procede do Pai e do Filho. No envio dos apóstolos à missão, Jesus disse: “… ide e fazei com que todos os povos da Terra se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28:19).
A liturgia da festa de hoje não é um convite para decifrarmos o “Mistério” que se esconde por detrás de “um Deus em três pessoas”, mas uma oportunidade para mergulharmos no mistério de amor. A vida da Santíssima Trindade é vida de amor. Deus é amor e se revelou ao mundo e a nós por amor. Esse mistério é tão sublime que nunca poderemos compreendê-lo em plenitude, mas podemos e devemos crescer no seu conhecimento.
As leituras de hoje nos ajudam a compreender melhor o mistério da Santíssima Trindade. Na 1ª leitura, Deus se revela a Moisés como o Deus do amor e da misericórdia, o Deus próximo que vem ao encontro do homem. Deus é fiel, apesar da infidelidade de Israel. A 2a Leitura mostra que Deus é um Deus próximo, permanece sempre “conosco” e é para conosco graça, paz e comunhão. Paulo saúda os primeiros cristãos com uma fórmula trinitária, que repetimos ainda hoje no início das missas: “A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco”.
Para compreendermos melhor o mistério da Santissima Trindade, atribuímos a cada pessoa das três pessoas uma função. O PAI é o criador, aquele que nos criou e tomou a iniciativa de nos salvar, destinando-nos uma felicidade eterna na sua família. O FILHO é o redentor, aquele que realizou a obra de salvação com a sua vinda ao mundo e a sua fidelidade até a morte. O ESPÍRITO SANTO, o Amor que une o Pai com o Filho, é o santificador. É aquele que foi infundido no coração de todos os cristãos no Batismo e que nos capacita a crer e testemunhar. Atribuímos funções diferentes às três pessoas da Santíssima Trindade, mas sabemos que é um único Deus e cremos na sua unicidade.
Deus Uno e Trino, apesar da sua grandeza, escolheu habitar em nós para nos salvar. “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16).
Ter esse tesouro precioso, a Santíssima Trindade, dentro de nós é uma dignidade que deve provocar em nós três atitudes: adoração, amor e imitação. Como cristãos, adorar sempre o Deus Uno e Trino. Por exemplo, não ter vergonha de fazer sinal da cruz quando passamos em frente de uma igreja. Como cristãos, viver o mandamento do amor. Viver do amor, com amor e para amar. E, como cristãos, que cremos em Deus família, Deus comunidade, devemos imitar a Santíssima Trindade, vivendo o diálogo e a fraternidade e valorizando a vida em família e comunidade. A festa de hoje nos ajude viver as três atitudes: adoração, amor e imitação.
Sejamos reflexos da Santíssima Trindade, sinais de comunhão e partilha. Renovemos a nossa fé em Deus Uno e Trino. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 2,1-11)
2ª Leitura (1 Cor 12,3b-7.12- 13)
Evangelho (Jo 20,19-23)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje a solenidade de Pentecostes. É a festa da descida do Espírito Santo sobre os apóstolos. Quem é o Espírito Santo? Nós aprendemos na catequese que é a terceira pessoa da Santíssima Trindade. Nós cremos no Espírito Santo que procede do Pai e do Filho, com o Pai e o Filho é adorado e glorificado. O Deus em que nós acreditamos é o Deus Uno e Trino. Celebraremos este mistério da Santíssima Trindade no próximo domingo. A liturgia de hoje nos apresenta duas perspectivas diferentes do único mistério de Pentecostes. Na perspectiva do evangelista João, a descida do Espírito Santo sobre os discípulos acontece no mesmo dia da Páscoa. E, na perspectiva do evangelista Lucas, a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos acontece depois de 50 dias da Páscoa. É o mesmo mistério em diferentes perspectivas de apresentação.
No Evangelho, João situa a recepção do Espírito Santo na Galileia, ao anoitecer do dia da Páscoa. Ele disse-lhes três vezes: “A paz esteja convosco”. Jesus transmite aos discípulos que estavam com medo dos Judeus a serenidade, a segurança e a paz. Disse-lhes também: “Como o Pai me enviou assim também eu vos envio”. É o término da sua missão terrena de Jesus e o início da missão da Igreja. Na sua missão, a Igreja não estará sem a presença de Jesus. Os discípulos recebem o Espírito Santo. Jesus soprou sobre eles e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo”. O sopro de Jesus é o sopro da vida. No livro do Gênesis, Deus cria Adão e Eva do barro e sopra sobre eles. O ar é invisível, mas tem o poder de mover as coisas. O Espírito Santo é invisível, mas é real. Ele está presente na vida dos discípulos e da Igreja. Como cantamos na sequência, Ele tem o poder de dobrar o que é duro e aquecer o que é frio. Ele renova a face da Terra e move a Igreja em sua missão.
Na 1ª leitura, Lucas descreve a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos como um fato solene, acontecido em Jerusalém, na festa do Pentecostes. Era uma festa judaica muito antiga, celebrada 50 dias depois da Páscoa. Inicialmente era uma festa agrícola, mas depois passou a celebrar a chegada do povo de Israel ao Sinai, onde recebeu a Lei de Deus. Então, tornou-se a festa da Lei, da Aliança. Agora, Lucas quer afirmar que, no dia da festa da entrega da Lei a Moisés, recebemos a nova Lei de Cristo: o Espírito Santo.
Nós todos recebemos o Espírito Santo no Batismo e na Crisma. É o nosso Pentecostes! O Espírito Santo vem nos dar todos os seus sete dons: sabedoria, conselho, entendimento, ciência, fortaleza, temor de Deus e piedade. Pela ação do Espírito Santo, quando os acolhemos em nossos corações e em nossas vidas, produzimos os frutos do Espírito Santo, como está na Epístola aos Gálatas: “O fruto do espírito é a caridade, a alegria, a paz, a paciência, a longanimidade, a bondade, a benignidade, a mansidão, a fidelidade, a modéstia, a continência, a castidade” (Gl 5, 22-23). Sejamos a Igreja, o corpo de Cristo, que produz os frutos do Espírito Santo. Deixemos-nos mover pelo Espírito Santo. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 1, 1-11)
2ª Leitura (Ef 1, 17-23)
Evangelho (Mt 28, 16-20)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Estamos no tempo pascal em que celebramos o mistério da Páscoa do Senhor. É a passagem de Jesus da morte para a vida. Celebramos três solenidades durante o tempo pascal: Ressurreição do Senhor, Ascensão do Senhor e Pentecostes. São três momentos catequéticos de um único mistério de fé: a Páscoa do Senhor. Na Ressurreição, a liturgia destaca a Sua vitória sobre a morte; na Ascensão, a Sua exaltação como Senhor do céu e da terra; e no Pentecostes, a ação do Espírito Santo na Igreja. A morte de Jesus na cruz não é uma derrota, mas, sim, uma vitória. Sim, é o fim da Sua missão terrena, mas o início da missão salvadora da Igreja.
A liturgia da Palavra de hoje nos traz três mensagens. A primeira, a Ascensão de Cristo, reforça a esperança de nossa própria ascensão. A vitória de Jesus sobre a morte é a nossa vitória. Ressuscitaremos após o término da vida terrena. Seremos elevados ao céu por meio de Jesus Cristo. Vejam o que nós rezamos no prefácio da missa de hoje: “Ele ‘subiu’ para dar-nos a esperança de que um dia iremos ao Seu encontro, onde Ele nos precedeu…” Não só a vida eterna, mas também, como cristãos, vivemos a esperança de que amanhã será melhor. Há muitos sinais de morte no mundo em que vivemos: doenças, violência, conflitos, guerras, injustiça, pobreza, corrupção, imoralidade e crise política e econômica, mas não podemos perder a esperança. Jesus venceu para nós todas as forças de morte. Venceremos também nós.
A segunda mensagem é que a Ascensão do Senhor nos lembra de que somos enviados de Cristo para continuar e completar a sua obra. Não podemos ficar parados, olhando para o céu. Devemos ser discípulos e missionários no Reino de Deus. Não basta rezarmos, adorarmos o Santíssimo e participarmos das missas aos domingos. É preciso sermos missionários com o testemunho de vida. Sermos um povo alegre que vive a esperança em Cristo e a transmite aos outros. A nossa oração deve ser acompanhada sempre de ações e gestos concretos de fé, esperança e caridade.
E a terceira mensagem é que o trabalho missionário não dependerá apenas de nossas forças. Cristo nos garante a Sua presença: “Estarei convosco todos os dias, até ao fim dos tempos”. Jesus envia os apóstolos a Jerusalém para aguardar o Espírito Santo. Também, Cristo já tinha afirmado: “Sem mim nada podeis fazer.” Por isso, a Igreja não começa com a ação, mas com a oração. Jesus é a cabeça e nós somos o corpo, diz a segunda leitura de hoje. Busquemos ser discípulos missionários de Jesus que vivem a fé, a esperança e a caridade. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 8,5-8.14- 17)
2ª Leitura (1Pd 3,15-18)
Evangelho (Jo 14,15-21)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje o sexto domingo da Páscoa, e a liturgia da Palavra do dia nos prepara para duas grandes festas: ASCENSÃO e PENTECOSTES. O discurso da despedida de Jesus no evangelho de hoje nos lembra da subida de Jesus ao céu. O pentecostes samaritano, na primeira leitura, e a promessa do Espírito Santo no evangelho nos lembram da descida do Espírito Santo sobre os apóstolos.
No discurso da despedida, Jesus pede aos discípulos para permanecerem sempre unidos a Ele. Conta-lhes a parábola da videira e dos ramos. Ensina-lhes que, para permanecerem nEle, é preciso amar, assim como Ele os amou. Os discípulos estão tristes, com medo da separação, da perseguição e da ausência de Jesus. Estão com medo de caminhar sozinhos. Jesus os anima, declarando que não os deixará órfãos no mundo. Ele vai ao Pai, mas vai encontrar um modo de continuar presente e de acompanhar a caminhada dos seus discípulos. Promete-lhes que enviará o Defensor, o Espírito da Verdade. A palavra “paráclito” significa “aquele que está ao lado de quem está em dificuldade”.
Quem ama Jesus merece receber o Espírito Santo. “Se alguém me ama, guardará os meus mandamentos.” Amar a Jesus significa viver os seus mandamentos. Quais são os mandamentos de Jesus? Não são os 10 mandamentos do antigo testamento, porque Jesus resumiu a Lei e os Profetas a só dois: amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como Ele nos amou. Quem observa os mandamentos de Jesus não somente recebe o Espírito Santo, mas também é amado pelo Pai, torna-se capaz de perceber a manifestação de Cristo e, sobretudo, torna-se a morada de Deus.
Se guardarmos os mandamentos de Jesus, se colocarmos Deus em primeiro lugar em nossa vida e sobre todas as coisas e se vivermos o amor fraterno, Ele fará, em nossos corações, em nossas famílias e em nossa comunidade, a Sua morada. Por isso, meus irmãos e minhas irmãs, procuremos sempre observar os mandamentos de Jesus e preparemos para as festas da Ascensão e de Pentecostes. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 6,1-7)
2ª Leitura (1Pd 2,4-9)
Evangelho (Jo 14,1-12)
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
No evangelho dos domingos anteriores, vimos a preocupação de Jesus em formar uma comunidade que continuasse a sua obra. Mas o que é mesmo uma comunidade cristã? As leituras bíblicas de hoje nos dão uma resposta.
Em primeiro lugar, a comunidade cristã é um povo organizado. É uma comunidade hierárquica em que as responsabilidades são partilhadas entre os seus membros. Na comunidade primitiva, quando os cristãos de origem grega se queixam que as suas viúvas não estão recebendo a mesma atenção que as viúvas judaicas, os apóstolos propõem a escolha de sete homens honrados, ficando eles mais livres para a oração e para o serviço da palavra.
Em segundo lugar, a comunidade é um povo peregrino. No evangelho de hoje, a Igreja aparece como um povo peregrino que caminha para Deus, guiado por Cristo, que é o Caminho, a Verdade e a Vida. Jesus é o Caminho porque é o único “Mediador” da salvação. Jesus é a Verdade porque é o “Revelador” do projeto de Deus. E Jesus é a Vida porque é o “Salvador” que nos dá a vida de Deus, que ele possui. Por isso, somente por meio de Jesus é que vamos chegar ao Pai. O mundo nos oferece muitos outros caminhos, mas sabemos que o caminho que nos leva para a vida em plenitude é Jesus. Ele é o Caminho que devemos percorrer com os irmãos. Ele é a Verdade que devemos proclamar ao mundo carente da luz divina. Ele é a Vida que devemos defender e cuidar.
Em terceiro lugar, na segunda leitura de hoje, a comunidade é comparada a um edifício espiritual, no qual somos as “pedras vivas” e Cristo é a “pedra angular”. Não somos uma comunidade parada, sem vida. Somos pedras vivas. Temos muitas pastorais, ministérios, movimentos e serviços em que podemos atuar. Jesus disse: “há muitas moradas na casa do Pai”. Todos podemos ter um lugar no céu. Assim também, aqui na Igreja e em nossa comunidade, todos podemos ter um lugar. Basta nos dispormos. Participemos ativamente da vida da Igreja!
Resumindo, somos um povo organizado para servir; um povo peregrino que caminha junto para o Pai por meio de Jesus; e um edifício espiritual em que somos pedras vivas e Cristo é a pedra angular. Rezemos pela nossa comunidade e por todas as pastorais, movimentos, ministérios e serviços, para que sejamos um povo organizado para o serviço e tenhamos sempre Cristo como o Caminho, a Verdade e a Vida. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 2,14a.36-41),
2ª Leitura (1Pd2,20b-25),
Evangelho (Jo 10,1-10)
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje o Domingo do Bom Pastor. A imagem do bom pastor é conhecida no antigo testamento, em que Deus chama os pastores para conduzirem o seu povo, como chamou Moisés e Davi. Os profetas falavam de o próprio Deus ser o pastor e conduzir o povo de Israel. No novo testamento, Jesus recebe o titulo do Bom Pastor. Na Igreja o Papa e os bispos, como líderes, representam o Pastor Jesus Cristo. Por isso, neste domingo, rezemos também pelos nossos pastores: o Papa, os bispos, os sacerdotes e os religiosos.
Com a imagem do Bom Pastor, o evangelho de hoje nos quer apresentar a missão de Jesus. Qual é essa missão? Um pastor de ovelhas tem a missão de cuidar das suas ovelhas, conduzindo-as para pastagens verdejantes e águas repousantes, que são símbolos da vida. Jesus, como Bom Pastor, tem a missão de conduzir todos à vida em plenitude. Ele disse: “Eu vim para que todos tenham a vida, e a tenham em abundância”. Ele conhece as suas ovelhas pelo nome e as ovelhas reconhecem a sua voz. Somos chamados a ouvir sempre a voz do nosso Pastor. Hoje temos outras vozes que nos atraem, por exemplo, a TV, as novelas, as redes sociais, os partidos políticos, as filosofias e as ideologias. Nós não podemos esquecer a voz do nosso Bom Pastor. Devemos estar sempre abertos à sua voz, para que Ele possa nos conduzir à vida em plenitude. Jesus disse: “Eu sou a porta”. A porta tem a função de abrir e fechar. Jesus é a porta pela qual devemos entrar para alcançar a plenitude da vida. É fútil buscar a plenitude da vida por meio das outras portas que mundo nos oferece.
A primeira e a segunda leituras, na liturgia de hoje, nos ensinam qual deve ser o nosso comportamento como ovelhas que ouvem a voz do seu pastor. Segundo a pregação de Pedro, na primeira leitura de hoje, somos chamados à conversão e ao batismo. Converter-se significa para nós, seguidores de Jesus, estar sempre em processo contínuo de mudança de vida voltada para Jesus. Somos batizados, e para nós receber o batismo significa receber o Espírito Santo e acolher os ensinamentos de Jesus. Como batizados, somos chamados também a suportar a injustiça e a violência com paciência e amor e a praticar sempre o bem diante do mal, seguindo os passos do Bom Pastor. Rezemos hoje pelas vocações sacerdotais e religiosas, para que tenhamos bons pastores em nossa Igreja. Rezemos também pelas lideranças das comunidades, pastorais, movimentos, ministérios e serviços, para que todos possam seguir os passos do Bom Pastor e sejam fiéis à missão de conduzir o rebanho para Jesus. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 2,14.22-33),
2ª Leitura (1Pd 1,17-21),
Evangelho (Lc 24,13-35).
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
A Liturgia deste domingo nos garante que Deus sempre caminha conosco, especialmente quando nós nos desanimamos devido a dificuldades e crises em nossa vida. O episódio dos discípulos de Emaús nos lembra também dos nossos momentos de desânimo, afastamento de Deus ou ruptura com Ele. No evangelho de hoje, os dois discípulos estão a caminho de Emaús.
É um caminho de fuga perante o medo da perseguição. É um caminho de ruptura com Jesus, o Mestre. Após a experiência de ver a morte de Jesus na cruz, sentem-se derrotados e decepcionados. Esperavam um Messias Glorioso para libertar o povo de Israel da opressão dos inimigos. Sentindo-se traídos, abandonam o projeto e a proposta de Jesus e o seu reino. O caminho de Emaús é a volta para a vida antiga.
Interessante que o evangelista diz o nome de um dos discípulos, Cléofas, mas o outro fica no anonimato. Este outro poderia ser eu, você; poderia ser a minha ou a sua família; poderia ser a nossa comunidade ou qualquer outra comunidade que crê em Jesus e está no seu seguimento.
Perante a dificuldade ou a crise, nós também nos desanimamos. Quantas vezes nós, como indivíduos ou famílias, rompemos com Deus porque nos sentimos decepcionados! Quantas vezes nós nos afastamos da comunidade por causa de um padre ou de um coordenador de pastoral por nos sentimos decepcionados! Mas Deus não nos abandona. Ele caminha conosco.
Vejam: no evangelho, Jesus caminha com os discípulos desanimados. Apesar de eles não o reconhecerem, Jesus continua caminhando com eles como peregrino, como intérprete da sagrada escritura e como amigo íntimo, que aceita ficar e sentar-se à mesa com eles. Ele somente é reconhecido ao partir o Pão. Cristo não abandona os seus discípulos nunca.
A santa missa é um lugar privilegiado da presença verdadeira e viva de Jesus Cristo. Ele se faz presente ao partir o pão na mesa da Eucaristia. Ele se faz presente na mesa da Palavra quando ouvimos a Sua Palavra e nela meditamos. Também se faz presente na comunidade reunida em seu nome. Os dois discípulos retornam à comunidade dos apóstolos após a experiência que tiveram de Cristo ter caminhado com eles, ter explicado a sagrada escritura e ter-se revelado a eles ao partir o pão. Permaneçamos sempre na comunidade e participemos da mesa da Palavra e da Eucaristia. Nos momentos de desânimo e dificuldades, tenhamos a certeza de que Ele caminha conosco e, com coragem, supliquemos sempre a Ele: “fica conosco Senhor”. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura – At 2,42-47
2ª Leitura – 1Pd 1,3-9
Evangelho – Jo 20,19-31
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
Na liturgia celebrada no primeiro domingo da Páscoa, nós conhecemos João como o “discípulo ideal”, aquele que Jesus amava. Um discípulo que esteve com Jesus nos momentos importantes da sua vida, como no Monte Tabor, na Monte das Oliveiras e aos pés da cruz no Monte Calvário. No evangelho do domingo passado, ele e Pedro corriam ao túmulo vazio e diz o evangelho que ele entrou nele, viu e acreditou. Ele é o outro discípulo referido no Evangelho de João, que poderia ser qualquer um de nós. Um discípulo que Jesus ama e que ama Jesus. E quem ama acredita!
Depois de conhecer o “discípulo ideal”, a liturgia, no evangelho de hoje, apresenta-nos uma “comunidade ideal”: a comunidade dos apóstolos. Ela está reunida em um lugar, a portas fechadas por medo dos judeus. E Jesus aparece no meio deles por duas vezes e sempre no primeiro dia da semana, quer dizer, no domingo. A “comunidade ideal” é uma comunidade que se reúne uma vez por semana, aos domingos, tendo Jesus Cristo no meio dela. Jesus Cristo é o centro, o ponto de referência e a razão da sua existência. Jesus soprou sobre a comunidade dos apóstolos e disse: “Recebei o Espírito Santo” e a enviou em missão. Disse duas vezes: “A paz esteja convosco”. A paz significa harmonia e serenidade para vencer o medo da perseguição e morte. A palavra “paz”, shalom em hebraico, quer dizer vida plena. A comunidade encontra a vida plena em Jesus Cristo, a razão do seu ser. É de extrema importância que a nossa comunidade, que também é Igreja, tenha sempre Jesus Cristo no centro. Ele é a videira e nós os seus ramos. Como comunidade, sempre nos alimentemos da Sua palavra e da Sua presença na Eucaristia.
A primeira leitura de hoje, por meio da vida da comunidade primitiva, ensina-nos a ser a Igreja de Cristo, a comunidade ideal, que, tendo Jesus Cristo no centro, reúne-se uma vez por semana para ouvir os ensinamentos dos apóstolos, partir o pão e fazer orações. Também, diz a leitura, que eles vendiam as suas propriedades e colocavam tudo em comum. São três pontos importantes para sermos comunidade, Igreja. Primeiro, ouvir os ensinamentos dos apóstolos, que é a catequese, é acolher a Palavra de Deus e os ensinamentos da Igreja. Segundo, partir o pão é a celebração litúrgica, a Eucaristia, da qual todos nós participamos. Terceiro, a partilha.
Não somos uma “comunidade ideal”, mas podemos ser uma comunidade que vive a partilha, como na participação no dízimo, nas oferta e nas campanhas da Igreja em prol da evangelização.
Ouvir a Palavra de Deus e os ensinamentos da Igreja é professar a nossa fé, como o fez Tomé, ao dizer “Meu Senhor e meu Deus!”.
Celebrar a Eucaristia ou a Missa é professar a nossa fé, como o fez Tomé, ao dizer “Meu Senhor e meu Deus!”.
Participar da partilha na comunidade é professar a nossa fé, como o fez Tomé, ao dizer “Meu Senhor e meu Deus!”.
E Jesus disse: “Bem-aventurados os que creram sem ter visto”. Somos felizes, meus irmãos e minhas irmãs, porque acreditamos em Jesus Cristo, o Ressuscitado, que se faz presente para nós na Palavra, na Eucaristia e na Partilha. Reunidos aos domingos, transmitamos aos Tomés do nosso tempo, aos ausentes da comunidade, a alegria de estarmos na presença do Ressuscitado. Rezemos para que eles também possam crer e dizer: “Meu Senhor e meu Deus!”. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura (At 10, 34a. 37-43);
2ª Leitura (Cl 3, 1-4);
Evangelho (Jo 20, 1-9)
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje o Domingo da Páscoa. A palavra páscoa significa passagem. No antigo testamento, recordando-se o êxodo do povo de Israel, celebrava-se a Páscoa como passagem: a passagem do Egito para a terra permitida, da escravidão para a libertação. No novo testamento, celebramos na Páscoa a Ressurreição do Senhor, a vitória de Jesus sobre a morte, a passagem da morte para a vida eterna, a vida em plenitude. Celebrar a páscoa de Jesus como a ressurreição do Senhor é celebrar a ressurreição de cada um de nós, é a celebração da Páscoa de todos nós. A morte não tem mais o poder de nos destruir. Jesus venceu a morte por nós. Ele está vivo no meio de nós. A Páscoa de Jesus é a nossa Páscoa.
A liturgia de hoje nos convida a sermos testemunhas de Cristo ressuscitado. Assim, nossa Páscoa é fazer a passagem dos caminhos de morte para o caminho de vida. Vivemos em uma sociedade, seja em nosso país, seja no mundo, onde há muitos caminhos de morte, tais como: abortos, drogas, bebidas, tentativas de suicídio, violência, fome, doenças, analfabetismo, desemprego, crises políticas e econômicas, guerras, insegurança. Na vida pessoal, também temos situações pecadoras, as quais nos escravizam. Ser testemunhas de Cristo é fazer a passagem das situações de morte e da escravidão do pecado para a vida nova. É buscar a paz, a justiça, o amor. É renovar a esperança no Cristo ressuscitado e num mundo melhor.
As leituras de hoje nos trazem o exemplo dos discípulos de Jesus que foram testemunhas de Cristo ressuscitado. No evangelho, Maria Madalena, insegura, desamparada, que ainda não tina assimilado a morte de Jesus, vai procurá-Lo no túmulo vazio. Mas, diante do sepulcro vazio, descobre que a morte não venceu e que Jesus continua vivo. Maria Madalena representa todos nós quando ficamos inseguros e desamparados pelas situações de morte. Não busquemos a vida no túmulo vazio, mas confiemos no Cristo, nossa Páscoa.
João, aquele que Jesus amava, o “discípulo ideal”, que está em sintonia total com Jesus, que corre ao seu encontro de forma mais decidida, que compreende os sinais, pois “Entrou, viu e acreditou”, é um modelo para todos nós. Quem ama acredita. Amar Jesus é acreditar nEle e na sua presença verdadeira, pois está vivo em nosso meio. Pedro, o “discípulo obstinado”, para quem a morte significava fracasso, recusa-se a aceitar que a vida nova passa pela humilhação da Cruz. Mas, na primeira leitura, vemos Pedro corajoso, que se apresenta como testemunha de Cristo ressuscitado aos Judeus.
São Paulo, na segunda leitura de hoje, lembra-nos que, como testemunhas de Cristo ressuscitado, devemos sempre nos esforçar para alcançar as coisas do alto, as coisas celestes, e não as coisas terrestres. Com as nossas boas obras, busquemos viver a verdadeira Páscoa, que é a vida em Cristo. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura – (Is 50,4-7);
2ª Leitura – (Fl 2,6-11);
Evangelho – (Mt 26,14-27,66).
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
Iniciamos hoje a Semana Santa, na qual celebraremos o mistério pascal, mistério da nossa redenção. Há duas partes na liturgia de hoje.
A primeira é a entrada de Jesus na cidade de Jerusalém. É a acolhida de Jesus na cidade de Jerusalém. Num clima de alegria e cantando Hosana, participamos da procissão de Ramos. Somos chamados a acolher Jesus sempre em nossos corações, em nossas famílias e em nossa comunidade. Ele é o Rei da nossa vida. Os ramos bentos e usados na procissão de hoje são para guardar em nossas casas como sinal de acolhimento ao nosso Rei em nossas famílias. Não joguem os ramos no lixo. Tragam-nos, no ano que vem, antes da quaresma, para que sejam queimados e transformados em cinzas, as quais serão usadas na quarta-feira de cinzas. Hoje, acolher Jesus com os Ramos é uma expressão da nossa fé e do nosso compromisso com Ele e com a sua Igreja.
A segunda parte da liturgia é a narração da paixão do Senhor. Com a leitura da paixão do Senhor, na missa, relembramos o caminho do sofrimento e da Cruz. Jesus andou “fazendo o bem” e anunciando um mundo novo de vida, de liberdade, de paz e de amor para todos. A morte de Jesus na cruz é a consequência do anúncio do “Reino”, que provocou tensões e resistências entre os que dominavam o povo. É o resultado do anúncio da boa nova aos pobres e marginalizados e da denúncia da usurpação do poder político e religioso pelos ricos, fariseus, saduceus, mestres da Lei e sacerdotes.
Dois momentos distintos da vida de Jesus: Triunfo e Humilhação. Jesus se apresenta em Jerusalém propondo a paz, a justiça e o amor, mas recebe a violência, a injustiça e a rejeição. O que aconteceu com Jesus nos faz compreender o amor incondicional de Deus pela humanidade. Deus, por amor a todos nós, escolhe o caminho de humilhação e de rebaixamento. Esvazia-se para que todos nós tenhamos a vida plena. São Paulo compreendeu bem este mistério da nossa redenção. Na segunda leitura de hoje, o apóstolo nos explica que Jesus se despojou de sua condição divina e, tomando a forma de escravo, abaixou-se e foi obediente até a morte em uma cruz.
Nós, hoje, ao iniciarmos a Semana Santa, somos chamados a contemplar o “Servo Sofredor”. O profeta Isaías, na primeira leitura, caracteriza os exilados na Babilônia como o “Servo Sofredor”, amado por Deus, que assume o caminho da não violência e confia no socorro do Senhor. As primeiras comunidades cristãs veem em Jesus o “Servo Sofredor”, que escolheu o caminho de não violência, confiando totalmente no seu Pai, que o ressuscitou. Lembremo-nos de que, quando estamos diante de sofrimentos causados por injustiça ou quando somos perseguidos por sermos cristãos, o nosso mestre Jesus sofreu, morreu na cruz, mas também ressuscitou. Seja Ele a nossa força e esperança. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura – (Jr 31,31-34)
2ª Leitura – (Hb 5,7-9)
Evangelho – (Jo 12,20-33)
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
A liturgia deste domingo continua a Catequese Batismal da Quaresma. Depois de apresentar Cristo, ÁGUA para a nossa sede, no diálogo de Jesus com a samaritana, e LUZ para as nossas trevas, na cura do cego, hoje ela nos fala de Cristo, RESSURREIÇÃO para a nossa VIDA.
Na primeira leitura, o povo de Israel, exilado na Babilônia, desesperado e sem futuro, vivia uma situação de morte. E o profeta Ezequiel anuncia vida nova. O texto apresenta a famosa visão dos ossos secos que recebem pele e músculos e saem das sepulturas abertas por Deus. O Espírito do Senhor sopra sobre eles e eles ganham vida. Assim vai acontecer com o povo de Israel, diz o profeta Ezequiel. Deus vai transformar a morte em vida, o desespero em esperança, a escravidão em libertação.
No evangelho, Jesus se apresenta como o SENHOR DA VIDA, e o seu amigo Lázaro recebe a vida. Todos nós que conhecemos Jesus somos amigos dEle e O acolhemos nos sacramentos, na Palavra e em cada irmão e irmã. Acolhemos Jesus nas nossas famílias e nas nossas comunidades. Às vezes, fazemos a experiência da doença e da morte, como a família de Lázaro o fez. Mas, como amigos de Jesus, sabemos que Ele é a Ressurreição e a Vida e a dá aos seus em plenitude. A morte é apenas a passagem para a vida plena.
Na caminhada, como batizados, na família e na comunidade, vivemos um encontro, um diálogo e a profissão de fé, como aconteceu com a samaritana, com o cego de nascença e com os amigos de Jesus. A samaritana, no final do diálogo com Jesus, professou a sua fé, o cego de nascença também, assim como Marta, que disse: “Sim eu creio que tu és Cristo”. Jesus é o nosso amigo fiel. Não nos abandona nunca. Ele se comove com a nossa dor, chora conosco. É solidário na hora de nossas “mortes”, e não somente com simples afeto, mas com amor do SENHOR DA VIDA. Ele é a ressurreição e a vida. O Batismo é um morrer e ressuscitar com Cristo. O discípulo de Jesus, renascido para a Vida no Batismo, carrega em si o germe da verdadeira Vida. A segunda leitura de hoje nos lembra que a Ressurreição de Cristo é a garantia e a promessa de nossa Ressurreição. Por isso renovemos as nossas promessas batismais e façamos a profissão da nossa fé. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
1ª Leitura – 1Sm 16,1b.6-7.10-13ª
2ª Leitura – Ef 5,8-14
Evangelho – Jo 9,1-41
Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo,
Temos cinco domingos no tempo da quaresma. O sexto é o Domingo de Ramos que inicia a Semana Santa. A liturgia, nos primeiros dois domingos, ajudou-nos a refletir sobre as práticas quaresmais: penitência, oração e caridade. Também nos chamou a viver o perdão e a reconciliação neste tempo de conversão. No terceiro domingo, no diálogo de Jesus com a samaritana, meditamos sobre um dos símbolos do Batismo com a ÁGUA. A água é o símbolo da VIDA. Hoje, no quarto Domingo da Quaresma, na cura de um cego de nascença, a liturgia nos apresenta outro símbolo: a LUZ. E, no quinto Domingo, na Ressurreição de Lázaro, ouviremos sobre o símbolo da VIDA: a ressurreição é a vida nova com Cristo Ressuscitado. Por isso, podemos dizer que os últimos três domingos da quaresma trazem para nós a catequese batismal.
Lembremo-nos do dia do nosso batismo! Se isso não for possível, lembremos do batismo dos nossos filhos, nossos netos e nossos afilhados. Nesse dia, o padrinho ou a madrinha acendeu uma vela no Círio Pascal, levou-a acesa até a criança e disse: “Receba a luz de Cristo.” Ao recebermos a luz de Cristo, na Igreja, recebemos a FÉ por meio de nossos pais, padrinhos e familiares. Pelo batismo, nós nos tornamos filhos e filhas da Luz. Fomos iluminados por Cristo. O cristão ou o batizado é um “Iluminado”. Todos nós, batizados, somos pessoas iluminadas! O cego de nascença, no evangelho de hoje, foi curado. Ele se tornou uma pessoa “iluminada”. Tornou-se filho da Luz!
Na cura, para dar a “Luz” ao cego, Jesus usou um método estranho: com saliva fez “barro” na terra, ungiu com esse barro os olhos do cego e mandou-o lavar-se na piscina de Siloé (que quer dizer enviado). Isso faz parte da crença da época, de que na saliva ou no hálito havia força. No caso, é a força de Jesus, é o espírito de Jesus. Mas, a cura não é imediata: requer a cooperação do enfermo. A disponibilidade do cego sublinha a sua adesão à proposta de Jesus. O banho na piscina do “enviado” é uma alusão à “Água de Jesus”. Por isso, lembra também a água do BATISMO para quem quiser sair das trevas para viver na luz, como Filhos de Deus.
O cego de nascença, já curado, ao voltar à sua comunidade foi interrogado pelas autoridades sobre o acontecido. Nas suas respostas perante as autoridades, ele se apresentou como uma pessoa iluminada. E, como “pessoa iluminada”, mostra-se: livre (diz o que pensa…); corajoso (não se intimida); sincero (não renuncia à verdade); mantém-se sempre na posição de busca (quer conhecer a verdade: o homem que o curou); e suporta a violência (é expulso da sinagoga). No dia do nosso batismo, durante o rito da Luz, o sacerdote rezou dizendo: “Querida criança, você foi iluminada por Cristo para se tornar luz do mundo. Com a ajuda de seus pais e padrinhos, caminhe como filho(a) da Luz”. Caminhar como filhos e filhas da Luz é a vida de todos os batizados. É ser livre, corajoso, sincero, estar sempre na posição de busca e suportar os sofrimentos por causa do evangelho e de seus valores.
A pessoa “não iluminada”, diz a primeira leitura de hoje, julga as coisas e o mundo com os olhos humanos. Vejam o exemplo de Jessé de Belém. Ele queria que o seu filho primogênito, o mais forte, inteligente e bonito, fosse escolhido para ser rei. Mas Deus, por meio de Samuel, escolhe Davi, o filho mais novo e mais fraco. As pessoas “não iluminadas” não têm a capacidade de enxergar os desígnios de Deus, tornam-se cegas. No final do evangelho de hoje, o cego de nascença professou a sua fé no homem que o curou e disse: “eu creio, Senhor”. Os fariseus se tornaram cegos. Perderam a capacidade de enxergar o Messias. Não podemos ser cristãos se vivermos de cegueiras que nos impedem de ser filhos e filhas da Luz. A segunda leitura nos ensina a sermos cristãos, produzindo o fruto da luz, que se chama bondade, justiça e verdade. Que a nossa celebração eucarística nos ajude a discernir o que agrada a Deus. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Primeiro Livro dos Reis 19, 16b.19-21; Salmo responsorial 15; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Gálatas 5, 1.13-18; Evangelho: Lucas 9, 51-62.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
A “liberdade” hoje é um dos valores fundamentais em nossa sociedade. Lutamos sempre pelos nossos direitos e às vezes até negando aos outros os seus direitos. É uma perspectiva egoísta deste valor fundamental. A liturgia da Palavra de hoje nos propõe a verdadeira liberdade. São Paulo na segunda leitura nos convida à verdadeira liberdade.
Ele avisa aos Gálatas que foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Em que consiste a liberdade para o cristão? O que é ser livre? Trata-se da faculdade de escolher entre duas coisas distintas e opostas? Não. Trata-se de uma espécie de independência ético-moral, em virtude da qual cada um pode fazer o que quiser? Também não. Para Paulo, a verdadeira liberdade consiste em viver no amor. O que nos escraviza é o egoísmo, o orgulho, o isolamento e a autossuficiência. A verdadeira liberdade é a capacidade de amar, de dar a vida. É livre quem se libertou de si próprio e vive para se dar aos outros.
De onde vem essa “liberdade” em nós? Ela nasce da vida que Cristo nos dá. Aderir a Jesus Cristo e à sua proposta de vida gera dentro de nós a capacidade de amar, de superar o egoísmo, o orgulho, a autossuficiência e de viver em liberdade. Viver na escravidão é continuar uma vida centrada em si próprio, ser escravo de si próprio. Segundo São Paulo, a escravidão é viver segundo a carne. Viver na liberdade é viver segundo o Espírito, sair de si e fazer da sua vida um dom, uma partilha.
Seguir Cristo é nascer para a vida nova da Liberdade. No Evangelho, Jesus chama todos para a liberdade. É um convite para amar. É um convite para se doar. Jesus ensina aos seus discípulos as três atitudes ou exigências do seguimento. A primeira é a atitude de renúncia. O primeiro seguidor disse a Jesus: “Eu te seguirei para onde quer que fores”. Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. O seguidor de Jesus deve renunciar totalmente às preocupações materiais e não esperar ter uma vida de conforto. Renunciar às seguranças humanas.
A segunda é a atitude de priorizar. Jesus disse a outro: “Segue-me”. Este respondeu: “Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai”. Jesus respondeu: “Deixe que os mortos enterrem os seus mortos; mas tu vai anunciar o Reino de Deus”. A prioridade do seguidor de Jesus é o Reino de Deus. Os deveres e as obrigações pessoais não devem ser obstáculos em nossa escolha de seguir Jesus.
A terceira é a atitude de perseverar. Um outro ainda lhe disse: “Eu te seguirei, Senhor, mas deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares”. Jesus, porém, respondeu-lhe: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus”. A decisão de seguir Jesus não pode ser parcial. O seguidor não pode voltar atrás!
Deus hoje também nos chama. Podemos rejeitar ou acolher Jesus e sua proposta de vida. O seguimento de Jesus é uma escolha livre. A rejeição não nos exclui do amor de Deus. O Deus revelado por Jesus não é um Deus vingativo. Ele é um Deus misericordioso. Os samaritanos que não acolheram Jesus não foram condenados! Como comunidade de fé, o SIM dado ao chamado de Jesus traz consequências, que são as exigências do seguimento. A nossa escolha de seguir Jesus exige de nós o desapego das coisas materiais, a priorização do reino de Deus e a perseverança perante as hostilidades e a rejeição. Busquemos viver as exigências do seguimento de Jesus. Tenhamos coragem de dizer SIM, como no exemplo de Elizeu, que, apesar dos seus apegos, teve a coragem e a generosidade de viver o seu SIM ao chamado de Deus. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Livro de Zacarias 12, 10-11;13,1; Salmo responsorial 62; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Gálatas 3, 26-29; Evangelho: Lucas 9, 18-24.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
A liturgia da Palavra de hoje nos leva a responder a três perguntas. Duas delas estão no Evangelho de hoje. A primeira pergunta é a de Jesus aos seus discípulos, “Quem diz o povo que eu sou?” ou “Quem sou eu no dizer do povo?” E os discípulos responderam, “Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que é algum dos antigos profetas que ressuscitou”. O povo que só ouvia falar de Jesus e de seus milagres reconhece em Jesus um homem extraordinário, um grande mestre, um operador de milagres, etc. Sabemos que, ainda hoje, há muitos que reconhecem em Jesus apenas um homem extraordinário, um grande líder, um revolucionário, etc.
A segunda pergunta também é de Jesus, e novamente, aos seus discípulos. “E vós, quem dizeis que eu sou?” Os discípulos, representados por Pedro, responderam: “O Cristo de Deus”. Os discípulos que conviviam com Jesus e o seguiam sempre reconhecem em Jesus o Messias, o Salvador. Aqui podemos fazer a nós a mesma pergunta. E como será a nossa resposta? Não deve ser somente aquela que aprendemos de forma decorada, mas, sim, dada com a coragem e a convicção da nossa experiência de fé vivida na comunidade e na igreja.
Não tenhamos medo de dizer aos outros que Jesus é o centro da nossa vida como Igreja e que estar com Jesus é essencial para nós.
Logo após a resposta de Pedro, diz o evangelista que Jesus proibiu-lhes que contassem isso a alguém. Daí surge a terceira pergunta, que eu gostaria de fazer-lhes: Por que Jesus proíbe os seus discípulos de contarem aos outros que Ele é o Messias? Qual é a razão desse sigilo que Jesus impõe aos seus discípulos?
O próprio Evangelho de hoje tem a resposta a essa pergunta. A resposta de Pedro de que Jesus era “O Cristo de Deus” era exata, mas não na sua concepção de quem era o Messias. Ele e os outros discípulos reconheciam em Jesus um Messias político, poderoso e vitorioso. Por causa dessa concepção mal compreendida, Jesus os proíbe de contar a alguém que Ele é o Messias. Na verdade, Jesus se lhes apresenta como o Messias sofredor, dizendo: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”, assim como na primeira leitura, em que o Messias será um homem justo e inocente “transpassado”, um servo sofredor, que desperta, na casa de Davi, uma atitude de conversão e de volta a Deus. Então, essa é a verdadeira identidade de Jesus, que, logo após a sua morte e ressurreição, será proclamada a todos.
Irmãos e irmãs, o caminho do Messias é o caminho da Cruz, o caminho da humildade e o caminho da doação, totalmente contrário ao que os discípulos e o povo esperavam. Os discípulos também terão de seguir o mesmo caminho: terão de passar pela cruz, de ser humildes e se doarem pelo Reino de Deus. Ele disse: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz de cada dia, e siga-me”. Renunciar a si mesmo significa desfazer-se das seguranças e dos prazeres do mundo para estar disponível a seguir Jesus. Tomar a cruz de cada dia é não só aceitar os sofrimentos, as doenças e os desafios da vida, mas também todas as consequências de ser seguidor de Jesus. Saibamos que só quem se libertou do egoísmo e do apego à vida pode seguir Jesus no caminho do amor, da verdade e da Justiça.
Perseverar até o fim no seguimento de Jesus é ser discípulo do Messias sofredor. Somos cristãos e cremos no Jesus Cristo, Crucificado e Ressuscitado. É este Jesus Cristo que somos convidados a reconhecer no irmão necessitado e sofredor, de modo especial no migrante. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Primeiro Livro dos Reis 2, 1-118, 41-43; Salmo responsorial 116; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Gálatas 1, 1-2.6- 10; Evangelho: Lucas 7, 1-10.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
No domingo passado, nós meditamos, na liturgia da Palavra, na Santíssima Trindade, no Deus que nós cremos, Deus uno e trino. Pergunto-lhes: Onde mora este Deus? Ele mora no céu, na terra, nas nossas casas, na nossa Igreja e, principalmente, nos nossos corações. No antigo Testamento, para o povo de Israel, Ele morava na Arca da Aliança que caminhava com eles. Mais tarde, o rei Salomão construiu o templo de Jerusalém como morada de Deus. Na inauguração do templo, o rei Salomão faz uma bela oração, que é a primeira leitura de hoje. Ele pede que Deus escute e a tenda todos os pedidos dos estrangeiros. O Deus Javé é o Senhor de todos os povos!
No Evangelho de hoje, em Cristo, o novo Templo de Deus, a bela oração do rei Salomão é plenamente ouvida. Jesus atende ao pedido de um estrangeiro. O oficial romano, segundo o Evangelho, era um homem bom e humilde. Cuidava bem dos seus escravos e empregados. Era amigo dos judeus e até construiu uma sinagoga para eles. Sempre respeitou os costumes dos judeus. Por isso não quis que Jesus entrasse na sua casa e nem foi encontrar com Jesus pessoalmente. “Senhor, não te incomodes, pois não sou digno de que entres em minha casa. Nem mesmo me achei digno de ir pessoalmente ao teu encontro. Mas ordena com a tua palavra, e o meu empregado ficará curado”. Jesus elogia a fé do estrangeiro, dizendo: “Eu vos declaro que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé”. Jesus é o Salvador de todos os povos. Ele não é exclusividade só de nós, cristãos! A sua Palavra e seu poder não tem fronteiras!
Por isso, nós, como Igreja, somos chamados a não excluir as pessoas do nosso meio por causa da religião, cultura, cor ou raça. Como Igreja, não devemos ter medo de reconhecer o bem que outras religiões fazem à humanidade. É preciso buscar dialogar em vez de condenar e criticar os outros. Diálogo inter-religioso seja um dos caminhos para construirmos um mundo de justiça, paz e amor. Respeitando as diferenças, sim, possamos proclamar o Evangelho a todos. Aprendamos a respeitar os que não têm a mesma fé que a nossa no lugar do nosso trabalho e, às vezes, nas nossas próprias famílias. Ao sofrer intolerância e violência por causa da nossa religião, não percamos a fé, mas, sim, amemo-nos uns aos outros como Ele nos amou. Rezemos sempre pela unidade entre os cristãos e pela paz entre as nações, para que todas as nações possam glorificar o Senhor. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Livro dos Provérbios 8, 22-31; Salmo responsorial 8; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Romanos 5, 1-5; Evangelho: João 16, 12-15.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Todos nós aqui cremos em Deus. No mundo, há muitos que creem em Deus e também há alguns que não creem. Os que creem em Deus são divididos em diferentes religiões, tais como; a cristã, a judia, a muçulmana, a hindu, etc.
Nós somos cristãos e católicos. Pergunto-lhes: O que nos distingue dos outros? Qual é a nossa identidade? Em que Deus nós cremos? Cremos em Deus uno e trino. É o mistério de um só Deus em três pessoas, cuja festa hoje celebramos.
Na natureza, existem muitos mistérios que hoje não conhecemos, mas um dia poderão ser desvendados. Em Deus, o mistério nunca poderá ser totalmente compreendido pela grandeza. Deus se revela na criação, pelos profetas e, mais claramente, na pessoa de Jesus. Podemos e devemos crescer no conhecimento desse mistério, com o auxílio da Bíblia e dos ensinamentos da Igreja.
A Santíssima Trindade e a Boa Nova
O novo Testamento nos ajuda a compreender melhor o mistério da Santíssima Trindade. Lembremo-nos do batismo de Jesus no rio Jordão. Aí a presença da Trindade é evidente (Lc 3,15-16.21- 22). Lembremo-nos, também da passagem de Jesus enviando os discípulos à missão: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mc 28,19-20).
Em outra passagem, Jesus ensinou os seus discípulos a chamar Deus de Pai e lhes prometeu o defensor, o Paráclito. A unidade, principalmente, no Evangelho de João, entre Pai e Filho e Espírito Santo fica mais clara. Deus, como nos ensina São João, é Amor. E o amor é, ao mesmo tempo, três em um: aquele que ama, aquele que é amado e o amor entre os dois. Ao “Amor amante”, nós chamamos de Pai; ao “Amor amado”, de Filho; ao “Amor que circula entre os dois e os abre para o mundo e a humanidade”, Espírito Santo. É uma comunidade de amor vivida pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo.
Em três leituras, as três faces da Trindade
A três leituras de hoje nos ajudam a compreender melhor esse mistério profundo da nossa fé. A Primeira Leitura nos fala do Deus Pai criador. Deus cria o universo com sabedoria e amor. A Segunda Leitura nos fala do Filho redentor. Por meio de Jesus recebemos a paz, a esperança, o seu amor infinito e a vida em plenitude. E o Evangelho nos fala do Espírito Santo. Jesus esclarece aos seus discípulos a missão do Espírito Santo: de nos recordar os seus ensinamentos e nos conduzir à plena verdade.
A festa da Santíssima Trindade é a festa da comunidade, é a festa da família e é a festa do nosso batismo. Somos chamados a contemplar Deus uno e trino no contexto da nossa vivência do amor na família, na comunidade e na Igreja. Por isso, um gesto nosso de amor, comunhão, partilha e serviço, por meio das nossas pastorais, ministérios, movimentos e serviços, é o sinal da nossa fé no Deus uno e trino. As obras de misericórdia que empenhamos em realizar neste ano Santo da Misericórdia são sinais da nossa fé na Santíssima Trindade.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre, Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Atos dos Apóstolos 2, 1-11; Salmo responsorial 103; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Romanos 8, 8-17; Evangelho: João 14, 15-16,23b- 26.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje a festa de Pentecostes. É a festa da descida do Espírito Santo, defensor que Jesus havia prometido, sobre os discípulos. No antigo testamento, o povo de Israel celebrava o Pentecostes. Inicialmente, era uma festa de colheitas. Mais tarde, tornou-se a festa da lei, recebida por Moises cinquenta dias depois da páscoa. São Lucas ao apresentar a descida do Espírito Santo, 50 dias após a Páscoa, quer ensinar a comunidade cristã que a nova lei dos cristãos é o Espírito Santo. Ele que movimenta e renova a Igreja de Cristo.
Os símbolos presentes na primeira leitura de hoje são o vento e as chamas de fogo. O vento é o sinal do movimento. Como a Igreja, guiada pelo Espírito Santo, é chamada a se movimentar. Estar sempre na ativa. Agir em prol do reino de Deus e seus valores. É a missão da Igreja. Por isso, é preciso dizer não a atitudes de indiferença, comodismo e passividade. O fogo transforma e renova. O Espírito Santo transforma os medrosos apóstolos em ardorosos anunciadores das maravilhas de Deus. A nova lei, o Espírito Santo, renova a Igreja transformando os corações dos fiéis para uma vida em Cristo. É necessário que abramos os nossos corações a ação do Espírito Santo, que nos ensina e recorda tudo o que Jesus nos ensinou.
Se o nosso Batismo é a nossa Páscoa, a Crisma é o nosso Pentecostes. Pelo Batismo somos filhos e filhas de Deus e nos tornamos membros da Igreja. E pela Crisma nos tornamos membros atuantes e responsáveis pela Igreja. Ser membros atuantes significa produzir o fruto do Espírito Santo. “O fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” (Gl 5, 22). É sermos testemunhas de Cristo. É sermos pedras vivas da Igreja. Os sete dons que recebemos do Espírito Santo no Pentecostes são para nos auxiliar nesta missão de ser cristãos atuantes e jamais para competir ou nos desunir. Que o Espírito Santo ilumine a nossa vida no caminho da Unidade, do Bem e da Verdade. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Atos dos Apóstolos 1, 1-11; Salmo responsorial 46; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Efésios 1,17-23; Evangelho: Lucas 24,46-53.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Celebramos hoje a festa da Ascensão do Senhor. Estamos no tempo pascal e a Ascenção faz parte do mistério pascal. Contemplemos a Ascensão de Jesus no contexto do tempo pascal. Não esqueçamos a paixão, morte e ressureição de Jesus. Lembremo-nos que daqui a uma semana celebraremos o Pentecostes.
O que é a Ascensão de Jesus? É a subida de Jesus ao céu. A volta Dele ao Pai. A liturgia da palavra de hoje nos apresenta este fato. Com certeza não é uma viagem de um astronauta ao universo. O céu não é um lugar acima das nossas cabeças, mas é estar com Deus. Jesus veio do Pai e volta ao Pai. Jesus é o enviado do Pai com a missão de nos redimir e, ao terminar a sua missão, retornar ao Pai. Por isso, a Ascensão de Jesus é o término da sua missão terrena e o início da missão da Igreja.
Vestir os nus e suportar os sofrimentos
Com a missão entregue a Igreja, não podemos ficar parados olhando para o céu. A Missão é de ser testemunhas de Cristo “até os confins do mundo”. A igreja tem a missão de continuar o que Jesus começou. Sua missão é a nossa missão. Teremos sempre o auxílio do Espírito Santo, o Defensor.
No ano Santo da Misericórdia, o Papa Fanscisco nos convida à prática de obras da misericórdia corporais e espirituais. Escolhemos, neste mês de maio, uma obra corporal: vestir os nus e outra espiritual: suportar com paciência os sofrimentos do próximo. Ser testemunhas de Cristo é também praticar as obras da misericórdia. Ouçamos um testemunho do gesto concreto da equipe de costura da nossa comunidade. Amém.
Testemunho da Pastoral da Costura – Regina
“Boa noite a todos; Sou Regina aqui representando a Pastoral da Costura desta Paróquia. Dedicamo-nos a costurar para pessoas carentes desde 1998 (18 anos). Mães Marista, ainda com filhos na Pré-escola, – hoje todos formados e trabalhando – decidiram reunir-se uma vez por semana na casa de uma de nós, para fazermos roupas para crianças necessitadas.
Aquelas de nós, que não tinham habilidade com a máquina de costura, faziam os serviços de passar elásticos, pregar botões ou desmanchar alguma costura que saiu fora do prumo… A costura tornou-se itinerante e, de tempos em tempos, tínhamos uma das casas à disposição para realizarmos o que nos dava tanto prazer, tanta satisfação. Aos poucos, mais amigas foram chegando e hoje somos um grupo de Treze “Coroinhas da Costura” – forma a qual nos tratamos depois de iniciarmos os trabalhos nesta paróquia, no outono de 2011 (5 anos).
Reunimo-nos todas as quartas-feiras, no período da tarde ou a qualquer momento que se faça necessário para atender demandas ou alavancar a produção das peças. A dinâmica do grupo obedece de forma natural ao movimento de um Ateliê de Costura, apesar da simplicidade, pois todas se empenham em costurar, dar o melhor de si, mas nenhuma de nós é costureira profissional. Priorizamos, por opção, o vestuário infantil, tanto para meninos quanto para meninas.
Costuramos roupas de algodão, flanela e tactel, confeccionando pijamas; bermudas; vestidinhos; calças compridas; camisolas; blusinhas; entre outros. O destino da produção sempre é uma comunidade carente. Já há alguns anos assistimos o Asilo Santa Mônica, em Formosa, que ampara mulheres portadoras de distúrbios mentais.
Para estas, confeccionamos camisolas e casacos de flanela. Disponibilizamos também as roupinhas para os Vicentinos desta Paróquia e também da Paróquia Pai Nosso, que, respectivamente, auxiliam as comunidades carentes do Paranoá e Trecho 7, do Lago Norte. Atendemos, ainda, entidades necessitadas que chegam até nós com seus pedidos.
Agradecemos à Paróquia do Verbo Divino, aos Padres Denzil e Waldir, a disponibilização da Sala para que possamos realizar essa obra, que pouco a pouco, vai atendendo comunidades carentes e mais do que a nossa oferta é a satisfação de ver as peças prontas, resultado do trabalho voluntário do grupo. São momentos especiais que nos enchem de Graça e quem sabe, podemos, humildemente, pensar que estamos atendendo ao chamado de Jesus Cristo: Eu estava nu e me vestistes … (Mateus 25;36). Obrigada!!!!”
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Primeiro Livro dos Reis 19, 16b.19-21; Salmo responsorial 15; 2ª Leitura – Carta de São Paulo aos Gálatas 5, 1.13-18; Evangelho: Lucas 9, 51-62.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
A “liberdade” hoje é um dos valores fundamentais em nossa sociedade. Lutamos sempre pelos nossos direitos e às vezes até negando aos outros os seus direitos. É uma perspectiva egoísta deste valor fundamental. A liturgia da Palavra de hoje nos propõe a verdadeira liberdade. São Paulo na segunda leitura nos convida à verdadeira liberdade.
Ele avisa aos Gálatas que foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Em que consiste a liberdade para o cristão? O que é ser livre? Trata-se da faculdade de escolher entre duas coisas distintas e opostas? Não. Trata-se de uma espécie de independência ético-moral, em virtude da qual cada um pode fazer o que quiser? Também não. Para Paulo, a verdadeira liberdade consiste em viver no amor. O que nos escraviza é o egoísmo, o orgulho, o isolamento e a autossuficiência. A verdadeira liberdade é a capacidade de amar, de dar a vida. É livre quem se libertou de si próprio e vive para se dar aos outros.
De onde vem essa “liberdade” em nós? Ela nasce da vida que Cristo nos dá. Aderir a Jesus Cristo e à sua proposta de vida gera dentro de nós a capacidade de amar, de superar o egoísmo, o orgulho, a autossuficiência e de viver em liberdade. Viver na escravidão é continuar uma vida centrada em si próprio, ser escravo de si próprio. Segundo São Paulo, a escravidão é viver segundo a carne. Viver na liberdade é viver segundo o Espírito, sair de si e fazer da sua vida um dom, uma partilha.
Seguir Cristo é nascer para a vida nova da Liberdade. No Evangelho, Jesus chama todos para a liberdade. É um convite para amar. É um convite para se doar. Jesus ensina aos seus discípulos as três atitudes ou exigências do seguimento. A primeira é a atitude de renúncia. O primeiro seguidor disse a Jesus: “Eu te seguirei para onde quer que fores”. Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. O seguidor de Jesus deve renunciar totalmente às preocupações materiais e não esperar ter uma vida de conforto. Renunciar às seguranças humanas.
A segunda é a atitude de priorizar. Jesus disse a outro: “Segue-me”. Este respondeu: “Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai”. Jesus respondeu: “Deixe que os mortos enterrem os seus mortos; mas tu vai anunciar o Reino de Deus”. A prioridade do seguidor de Jesus é o Reino de Deus. Os deveres e as obrigações pessoais não devem ser obstáculos em nossa escolha de seguir Jesus.
A terceira é a atitude de perseverar. Um outro ainda lhe disse: “Eu te seguirei, Senhor, mas deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares”. Jesus, porém, respondeu-lhe: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus”. A decisão de seguir Jesus não pode ser parcial. O seguidor não pode voltar atrás!
Deus hoje também nos chama. Podemos rejeitar ou acolher Jesus e sua proposta de vida. O seguimento de Jesus é uma escolha livre. A rejeição não nos exclui do amor de Deus. O Deus revelado por Jesus não é um Deus vingativo. Ele é um Deus misericordioso. Os samaritanos que não acolheram Jesus não foram condenados! Como comunidade de fé, o SIM dado ao chamado de Jesus traz consequências, que são as exigências do seguimento. A nossa escolha de seguir Jesus exige de nós o desapego das coisas materiais, a priorização do reino de Deus e a perseverança perante as hostilidades e a rejeição. Busquemos viver as exigências do seguimento de Jesus. Tenhamos coragem de dizer SIM, como no exemplo de Elizeu, que, apesar dos seus apegos, teve a coragem e a generosidade de viver o seu SIM ao chamado de Deus. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Atos dos Apóstolos 15,1-2.22-29; Salmo responsorial 66; 2ª Leitura – Apocalipse de São João 21,10-14.22-23; Evangelho: João 14,23-29.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
As despedidas sempre nos deixam tristes, por isso nenhum de nós as gostamos. Imaginem a despedida de alguém que é o caminho, a verdade e a vida! Os discípulos, no evangelho de hoje, ao saber que Cristo voltará ao Pai, não somente ficam tristes, mas também ficam desanimados. No seu discurso de despedida, Cristo lhes garante que não os deixará sós, pelo contrário, CONTINUARÁ PRESENTE, embora de outra forma.
Em primeiro lugar, Ele disse que os discípulos serão a MORADA de Deus. Jesus disse: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa MORADA.” Guardar a palavra de Jesus é amá-lo. O essencial, como discípulo de Jesus, é guardar a sua palavra. A vivência da palavra de Jesus é o requisito para que os corações dos discípulos sejam a morada de Deus. Vivamos a Palavra de Deus e façamos os nossos corações, nossas famílias e nossa comunidade a morada de Deus. A segunda leitura de hoje nos lembra de que somos peregrinos nesta terra. Guardemos a palavra de Deus e vivamos o amor fraterno para caminharmos à nova Jerusalém, à cidade santa.
A vinda do Defensor
Em segundo lugar, Ele disse que os discípulos receberão o DEFENSOR. “Mas o Defensor, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito.” O Espírito Santo que receberão como dom de Deus, além de ser o defensor terá a função de ensinar e de recordar tudo o que Jesus ensinou. Rezemos sempre ao Espírito Santo que ilumine as nossas mentes para compreendermos a sagrada escritura e lembrarmos sempre dos ensinamentos de Jesus.
Vejam o exemplo na primeira leitura de hoje. A presença do Espírito Santo conduz a Igreja no primeiro grande conflito entre cristãos vindos do judaísmo e cristãos vindos do paganismo. As primeiras comunidades cristãs, animadas e guiadas pelo Espírito Santo, superaram as diferenças culturais. Como comunidade e igreja, somos chamados a abrir o coração à ação do Espírito Santo nas dificuldades e conflitos, buscando sempre o discernimento. Deixemo-nos ser conduzidos pelo Espírito de Deus, nosso defensor.
A paz de Cristo
Em terceiro lugar, Ele disse que os discípulos receberão a PAZ. “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como a dá o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração.” A paz do mundo é a ausência de violência ou guerra. É baseada na opressão, na violência e na injustiça. A vontade do homem de competir e de dominar prevalece, mas a paz de Cristo é o bem-estar total de todos. É a serenidade do coração de cada cristão, ela estabelece relações novas entre as pessoas, baseadas no serviço e no amor. A paz de Cristo é a alegria da sua presença permanente por meio do Espírito Santo.
Que Deus nos dê um coração aberto para recebermos os dons do Espírito Santo. Que a paz de Cristo reine nas nossas famílias. Que a nossa comunidade seja a morada de Deus. Amém.
Pe. Denzil Crasta, svd
Leituras: 1ª Leitura – Atos dos Apóstolos 14,21b-27; Salmo responsorial 144,8-9.10-11.12-13ab (R.cf.1); 2ª Leitura – Apocalipse de São João 21,1-5a; João 13,31-33a.34-35.
Meus irmãos e minhas irmãs em Jesus Cristo,
Herança é algo que os pais deixam aos seus filhos. Às vezes, por um testamento. E muitas vezes, os filhos solicitam na justiça depois da morte dos seus pais. No Evangelho de hoje, Jesus, ao se despedir dos discípulos, deixa um testamento à comunidade, uma herança aos seus discípulos. Qual é a herança que Jesus deixa à comunidade? É o MANDAMENTO NOVO: “Amai-vos uns aos outros, COMO eu vos amei”. É uma síntese da vida de Jesus e um Estatuto da Comunidade cristã para concretizar o projeto de Deus. Não é uma obrigação para cumprir. Mas, sim, um caminho para a vida eterna! Portanto, uma herança!
Somos chamados a viver o amor fraterno. Amar os irmãos e as irmãs como Jesus nos amou. O amor fraterno é SINAL da presença de Jesus na comunidade cristã. O amor fraterno é o DISTINTIVO do verdadeiro cristão: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns para com os outros”. O que deve nos distinguir dos outros é a vivência do Mandamento Novo, ou seja, a vivência do amor fraterno e não nosso modo de vestir, nossas liturgias e nossas obras da caridade. Por isso, amemo-nos uns aos outros como Jesus nos amou. É um MANDAMENTO NOVO!
Amor maior não há
Onde está a novidade deste mandamento? “Amar o próximo como a si mesmo” já existia no Antigo Testamento (Lev. 19,18). A novidade está na medida desse amor: “Como EU vos tenho amado…”. O amor de que Jesus fala é o amor que acolhe que se faz serviço, que respeita a dignidade e a liberdade do outro, que não discrimina nem marginaliza, que se doa para que o outro tenha mais vida. “Prova de amor maior na há, que doar a vida pelo irmão.” Este é o Mandamento Novo. A herança que recebemos de Jesus e que nos leva para a vida eterna.
Somos chamados a ser uma nova comunidade numa sociedade que vive valores baseados na competição, no poder e no dinheiro. Uma comunidade que vive o amor fraterno. Na segunda leitura de hoje, do livro do apocalipse, o autor vê na sua visão uma nova comunidade. Novo céu e nova terra! Cabe a nossa comunidade, a nossa igreja, transformar a babilônia em que vivemos em uma nova Jerusalém. A comunidade cristã é chamada a ser um anúncio dessa “noiva” bela, que caminha com amor ao encontro do Amado, que é Deus.
Comunidades anunciadoras do amor
A primeira leitura nos traz o exemplo das primeiras comunidades cristãs fundadas e organizadas por Paulo e Barnabé nas suas viagens missionárias. Comunidades que anunciam a palavra. Ser comunidades que buscam viver o amor fraterno, superando os conflitos. Ser comunidades organizadas: pastorais, movimentos, ministérios e serviços. Sigamos os passos do Paulo e de Barnabé.
A proposta cristã resume-se no amor. O amor é o distintivo que nos identifica; quem não vive o amor, não integra a comunidade de Jesus. O amor fraterno é a síntese de toda a Lei da Nova Aliança, é o estatuto que fundamenta a Comunidade cristã. Que Deus nos ajude a ser uma comunidade fraterna. Que pela nossa vida de amor as pessoas descubram o amor de Deus no mundo. Amém.
Dom Valdir Mamede, Bispo da Arquidiocese de Brasília
Leituras: Joel 2,12-18; Salmo responsorial 50 (51), 3-4. 5-6a. 12-13. 14.17; Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios 5,20 – 6,2; Mateus 6,1-6.16-18.