“Para o mundo, a família é uma instituição falida: casa-se sem querer ter filhos e sem consciência da indissolubilidade do matrimônio. O mundo vê a família com egoísmo. Cada um a quer a seu modo, gerando dor, divisão e tristeza”. Com esse choque de realidade Dom Marcony marcou cada ponto de fragilidade nas famílias de hoje e ensinou como é possível mudar isso.
O bispo explicou que Deus pensou a família como unidade de amor. Ela é uma entrega pelo outro, sem sentimentalismos vagos e carências de atenção. E o amor, segundo ele, começa na fonte, que é Deus. O amor de Deus é dar e não sugar, é dar o primeiro passo e não apenas cobrar. A vocação da família é o amor e ele deve ser vivido na doação da vida pelo outro, no sacrifício que faço por ele: “Família deve ser imagem de Deus. É Ele quem abençoa e torna fecunda a família”.
Algumas ameaças rondam as famílias, como o espírito da discórdia e da infidelidade. Tentações sempre vão aparecer, mas é preciso ter paciência e saber perdoar. “O casamento se faz primeiramente com Deus. Quando não sou fiel à minha esposa ou a meu marido, não estou sendo fiel a Deus há muito tempo”, esclareceu Dom Marcony.
Também são ameaças o pensamento dos jovens de que a família é apenas uma possibilidade e não uma certeza, a falta de conhecimento sobre o ser do outro com quem se namora (perdemos ao não sermos verdadeiros, abrindo nosso coração àquele/àquela que queremos como esposo/esposa) e a incapacidade da entrega (sendo capaz de manter uma relação sexual, mas incapaz de mostrar minha alma).
Para modificar nossa realidade, o bispo explicou que é preciso assumir nossos limites e pedir a força de Deus para que nós possamos mudar. Afinal, ninguém é obrigado a aguentar ninguém! Muitas vezes podemos mudar, mas não queremos porque achamos que estaremos perdendo algo de nossas vidas. Lembremos, então, do que Jesus ensinou: “quem perde a sua vida por causa de mim vai salvá-la” (Mc 8,35). Por exemplo, ter ciúme não é amar, mas querer possuir o outro. “Quem vigia não tem confiança. É preciso confiar muito vendo e muito mais não vendo. Quando existe confiança não existe mentira”, afirmou o bispo.
As famílias perderam a noção do sagrado. Antigamente, os pais ensinavam que se devia tirar o chapéu para rezar, que não se devia discutir à mesa, que era necessário fazer silêncio na Igreja porque era a casa de Deus. A roupa de missa era a mais nova e bonita. Hoje em dia, as pessoas vão à missa ‘sem roupa’!
“Desfez-se o sagrado, a casa ficou dividida, cada um em seu canto. Homem e mulher trazem em si o egoísmo, a busca pelo prazer próprio e o fechamento ao outro. Dessa forma não se ama, mas usa-se o outro”, disse ele. E enfatizou ainda que ter liberdade não é fazer o que queremos, matrimônio não é festa, é cruz, parte da cruz de Cristo, como afirma Paulo na carta aos Efésios (5,25) “Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela”. Portanto, “amar é dar a vida”.
Homem e mulher se complementam. Por isso, Paulo diz que o amor não passará. Ele é eterno, infinito. Não se deve usar o outro da mesma forma que se consome um bagaço de laranja e depois joga fora. O casal e a família devem crescer no amor a Deus e no amor de um para com o outro. “Uma só carne não é só no leito nupcial, mas uma só alma, um só pensamento, um só agir, sempre com o outro, numa consciência de unidade, carinho, atenção, escuta, sofrimento e dor. A experiência do amor faz os dois crescerem juntos”, disse Dom Marcony.
Casamento é perda, é cruz, é abrir mão da vida de solteiro para tornar o outro feliz. A mentalidade de hoje é a de se evitar o sofrimento, passamos a educar os filhos para uma vida de acomodação. Esquece-se de ensinar o sofrimento. Por isso tem tanta gente se suicidando ao se confrontar com o primeiro obstáculo que encontra na vida. “Crescemos e amadurecemos exatamente nos momentos de dor e sofrimento”, frisou o bispo.
Dom Marcony também explicou que os pais devem ensinar o respeito à sua autoridade, porque eles têm a graça, o dom de abençoar, já que receberam o sacramento do matrimônio. Ao mesmo tempo, os pais precisam ajudar os filhos nas escolhas entre o que é descartável e passageiro e o que é necessário para a vida e a vocação profissional deles.
Em suma, é preciso ouvir Deus na relação familiar, falar com Ele e ver como Deus vê, abrindo mão de tudo pela família, sendo sincero e abrindo o coração ao esposo, à esposa e aos filhos. “A família deve ter Deus por princípio, deve ser a habitação de Deus. Não troquem a família de vocês por nada nesse mundo. Não vale a pena. É ali que você é amado como é. Amém e deem a vida pela família de vocês!”, encerrou o bispo.
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